
A Control Space, empresa portuguesa de soluções de self-storage, acabou de anunciar a aquisição de um novo espaço no Taguspark, em Oeiras, com 10.000 m² de área disponível e mais de 1.000 novas unidades de armazenamento. Com este mais recente investimento, a Control Space conta agora com nove ativos e uma oferta global de 40.000 m² de armazéns para particulares e empresas.
À Forbes, Albano Costa Lobo, cofundador da Control Space, explica que a pandemia acelerou o fenómeno do self-storage e que apesar da base de clientes desta empresa portuguesa ser predominantemente residencial, “com particulares a otimizarem os seus espaços domésticos”, está a notar-se um “crescimento acelerado no segmento empresarial”.
O self-storage em Portugal tem crescido mais desde o fim da pandemia, impulsionado por tendências como o teletrabalho e o aumento da mobilidade urbana? Como caracteriza este setor?
O self-storage tem evoluído como reflexo direto das transformações sociais recentes. A pandemia acelerou esta tendência, com o teletrabalho a transformar os nossos espaços em casa e a criar necessidade imediata de espaço adicional. Simultaneamente, a mobilidade urbana crescente gera procura por soluções flexíveis de armazenamento.
Outros fatores impulsionadores incluem famílias em crescimento, a crise habitacional a levar à escolha de habitações mais pequenas, e o crescimento do comércio eletrónico a necessitar de espaços para stocks.
O mercado português apresenta grandes operadores internacionais e empresas familiares locais. Na Control Space, diferenciamo-nos pela inovação tecnológica aliada ao compromisso com a sustentabilidade. Os clientes podem facilmente reservar online e aceder aos seus espaços através de uma app. Implementámos iluminação LED inteligente, painéis solares para energia limpa e postos de carregamento para veículos elétricos – iniciativas que transcendem o conceito tradicional de armazenamento.
No vosso caso concreto, como tem sido a evolução da empresa nos últimos anos e quais foram os maiores desafios enfrentados, comparando o período da pandemia e depois da pandemia?
A Control Space foi fundada em 2021, em pleno cenário pandémico. Nasceu a enfrentar desafios únicos, mas também a identificar oportunidades estratégicas. Priorizámos desde o início o crescimento sustentável baseado em inovação e profissionalização do setor.
A nossa capacidade de compreender as necessidades emergentes permitiu-nos desenvolver um plano de expansão estruturado, resultando em crescimento consistente. O último exercício superou as nossas projeções, com cumprimento integral do plano de negócios – conquista significativa considerando o contexto desafiador.
Enfrentámos obstáculos consideráveis: pressões inflacionárias, aumento nos custos de construção e instabilidade económica. Porém, a nossa agilidade adaptativa permitiu-nos não apenas superar estas dificuldades, mas prosperar, transformando os desafios da pandemia em catalisadores para novas oportunidades de negócio.
Quantos espaços têm no país e onde se situam?
Atualmente, temos nove localizações nas zonas de Lisboa e Porto, das quais quatro estão já em funcionamento – Campo de Ourique, Alcântara, Alfragide e Zona Industrial do Porto. Recentemente, com o investimento em novos espaços, atingimos os 40.000 m2 de área bruta de armazenamento. Este ano vamos abrir no centro do Porto, em Gaia, no Montijo e em Sintra-Cascais. É, para nós, muito importante oferecer um serviço acessível e conveniente, e por isso queremos estar onde estão as pessoas e as empresas. Queremos ser uma extensão da casa e do negócio de cada cliente ou, como dizemos nas janelas das nossas lojas, “damos espaço aos nossos clientes”.
Existe alguma tendência recente no tipo de utilização do self-storage em Portugal?
Não existe uma tendência única, mas sim várias forças que impulsionam a procura. A crise na habitação, por exemplo, levou muitas pessoas a optar por casas mais pequenas, o que aumenta a necessidade de armazenamento externo. O teletrabalho também continua a ser um fator importante.
Do lado das empresas, o e-commerce, e a necessidade de logística de proximidade tem sido fatores de crescimento da indústria. Ambos precisam de espaço para stocks, ou até mesmo os negócios tradicionais, que necessitam de espaço extra. Em mercados como os EUA ou o Reino Unido, o self-storage já é uma solução muito consolidada, com uma oferta diversificada. Em Portugal, ainda estamos a crescer, mas acredito que temos um caminho muito interessante pela frente.
O que diferencia a Control Space da concorrência?
Somos uma empresa portuguesa, mas trouxemos para cá o que de melhor vimos lá fora.
O nosso diferencial começa pela digitalização completa: unidades 100% automatizadas disponíveis em múltiplas configurações e reservas totalmente online – somos pioneiros nesta funcionalidade em Portugal.
A sustentabilidade é pilar estratégico: implementámos iluminação LED inteligente, painéis solares e postos de carregamento para veículos elétricos. Futuramente, iremos plantar uma árvore por cada unidade desenvolvida.
O nosso compromisso transcende métricas financeiras, integrando critérios ESG e os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da ONU no nosso modelo de negócio, transformando desafios socioambientais em oportunidades de inovação.
Quem são os principais clientes da Control Space, ou seja, quem são os principais utilizadores que recorrem aos vossos serviços de self-storage?
A nossa base de clientes é predominantemente residencial, com particulares a otimizarem os seus espaços domésticos. Contudo, identificamos crescimento acelerado no segmento empresarial.
Este movimento é especialmente notável entre negócios de comércio eletrónico, que necessitam de infraestrutura logística flexível para armazenamento de stock. Paralelamente, empresas tradicionais adotam modelos operacionais que exigem maior flexibilidade espacial.
Esta diversificação representa evolução natural do setor e constitui tendência que monitorizamos atentamente, adaptando as nossas soluções às necessidades específicas de cada segmento.
O vosso novo espaço na região Sintra-Cascais representou o marco de 30 milhões de investimento. O que levou à escolha desta localização e que expectativas têm para este espaço em concreto?
A nossa unidade em Sintra-Cascais, com 5.000 m², está estrategicamente posicionada junto ao IC19, em frente ao Alegro Sintra. A localização foi selecionada após identificarmos crescimento significativo na procura residencial e empresarial nesta região.
Esta expansão integra a nossa estratégia de desenvolvimento nos principais centros urbanos portugueses. Para a comunidade local, representamos não apenas um serviço de armazenamento, mas infraestrutura que potencia qualidade de vida e viabiliza novos modelos habitacionais e empresariais.
Procuramos democratizar o acesso a soluções de armazenamento caracterizadas por segurança, flexibilidade e excelência tecnológica, materializando o nosso compromisso de atender necessidades emergentes em localizações estratégicas.
Planeiam investir cerca de 50 milhões de euros. Quais serão as zonas do país que terão estes espaços na vossa próxima fase de expansão?
O investimento de 50 milhões integra a nossa estratégia estruturada via joint venture entre Incus Capital e Colares Capital. Deste montante, já aplicámos mais de 30 milhões, mas esperamos continuar a investir de forma estratégica pelo país.
A nossa expansão continuará a priorizar as principais regiões metropolitanas portuguesas, de norte a sul, guiados pelo princípio de proximidade a concentrações populacionais e empresariais. Este crescimento é meticulosamente planeado, fundamentado em análises de procura que identificam oportunidades específicas.
Procuramos consolidar um ecossistema nacional de soluções de armazenamento que transforme positivamente a relação das pessoas e empresas com os seus espaços, potenciando simultaneamente a qualidade de vida e eficiência operacional.
Um dos pilares da Control Space é a automatização e digitalização dos seus serviços. Como funcionam na prática as unidades 100% automatizadas?
As nossas unidades representam a vanguarda tecnológica do setor, a funcionar sem necessidade de chaves ou cadeados físicos. A experiência é integralmente digital: desde a reserva até ao acesso, tudo gerido via telemóvel.
Um diferencial é a partilha de chaves digitais, permitindo que múltiplos utilizadores autorizados acedam às unidades. Oferecemos dimensões flexíveis, desde 1m², com período mínimo de contratação de apenas quatro semanas.
Este modelo foi desenvolvido após pesquisa em mais de 50 instalações internacionais, resultando numa experiência intuitiva e perfeitamente alinhada às necessidades contemporâneas de agilidade e simplicidade.
Há planos para integrar novas soluções tecnológicas na Control Space?
A inovação tecnológica é elemento fundamental do nosso ADN desde a fundação. Recentemente lançámos uma aplicação móvel proprietária que transcende o acesso às unidades, integrando gestão de conta, pagamentos e documentação fiscal automatizada.
A nossa abordagem opera em duas dimensões: aperfeiçoamento contínuo das soluções existentes, otimizando processos e interfaces para experiências mais intuitivas; e desenvolvimento de tecnologias disruptivas que redefinem o conceito de self-storage.
Este compromisso com excelência tecnológica é indissociável da nossa missão de proporcionar experiências extraordinárias, operações eficientes e práticas ambientalmente responsáveis.
Olhando para o futuro, qual é a grande ambição da Control Space? Há planos para levar o conceito para fora de Portugal?
No horizonte imediato, priorizamos a consolidação no mercado português, alinhados com os objetivos estabelecidos na parceria Incus Capital/Colares Capital, executando esta fase com disciplina financeira e compromisso com a sustentabilidade.
Atualmente, a nossa visão é tornarmo-nos referência absoluta em self-storage em Portugal, estabelecendo novos paradigmas de qualidade, inovação e sustentabilidade que redefinam positivamente a experiência para pessoas e empresas.