A ANTEVISÃO: PREVISÕES PARA O TORNEIO FEMININO DO OPEN DA AUSTRÁLIA
A época desportiva de ténis já teve o seu início e dentro de uns dias, começa mais uma edição do Open da Austrália em ténis.
No torneio feminino, o grande alvo a abater é a bielorrussa Aryna Sabalenka, bicampeã do Grand Slam australiano, que inclusive já começou a sua época desportiva com o título do torneio WTA 500 de Brisbane.
Vinda de uma série impressionante de 14 (!) vitórias consecutivas neste Grand Slam, a bielorrussa tem feito uso da potência das suas pancadas e da sua intensidade de jogo para levar de vencida as suas adversárias, fazendo de Sabalenka a grande candidata ao título.
Contudo, há várias tenistas com talento e capacidade de colocar em causa o seu domínio em solo australiano.
Caros leitores, deixo-vos aqui as minhas previsões para este primeiro Grand Slam do Ano.
Para além da já referida Aryna Sabalenka, devo destacar o atual estado de forma da norte-americana Coco Gauff.
Com apenas 20 anos mas com mais de cinco anos no circuito profissional, Gauff parece ter atingido finalmente a sua maturidade tenística e fruto da sua experiência e inteligência, entretanto já encontrou uma estratégia para poder vencer a sua besta negra Iga Swiatek, tendo conseguido uma vitória contundente na final da última edição da United Cup (torneio misto de seleções, ganho pelos Estados Unidos).
Não tem uma primeira ronda muito acessível, pois vai defrontar a sua compatriota Sofia Kenin (vencedora do Open da Austrália em 2020), que apesar de estar atualmente longe da ribalta, tem potencial para poder colocar em causa o favoritismo de Gauff.
Com uma possível 3ª ronda contra a talentosíssima tenista checa Karolina Muchova, o caminho não será nada simples para conseguir conquistar mais um Grand Slam. Vencedora da última edição das WTA Finals, Gauff é neste momento uma tenista cheia de confiança, e tem todas as condições para poder sair de Melbourne com o título.
A grande dominadora do torneio feminino nos últimos anos tem sido a polaca Iga Swiatek, mas uma clara baixa de rendimento desportivo, fez com que perdesse a liderança do ranking e tivesse um fim de época muito abaixo das suas expectativas.
Apesar do seu domínio (essencialmente em torneios de terra batida), a tetracampeã de Roland Garros nunca conseguiu jogar uma final no Open da Austrália, sendo que o seu melhor resultado foram umas meias-finais em 2022.
Soube-se recentemente que acusou positivo num controlo anti-doping, e tal como aconteceu com o italiano Jannik Sinner, foi algo que foi mantido em absoluto secretismo e a sua suspensão temporária foi cumprida por parte da polaca no seu período de férias, o que gerou muita polémica e controvérsia junto das suas adversárias.
Swiatek tem uma personalidade muito própria e um feitio muito peculiar e se já não era a tenista mais amada nos balneários, com esta situação as rivais ainda terão mais vontade de se transcender para a derrotar.
Com um novo treinador, a tenista polaca tem recursos tenísticos que a poderão levar ao título. Na primeira ronda, defronta a tenista checa Katerina Siniakova, que é fundamentalmente uma especialista de pares (sendo a atual número um de pares nessa variante). Está na segunda parte do quadro, mas é de longe o lado mais acessível, e a polaca quer voltar à liderança do ranking mundial. Tem igualmente a vantagem de ter poucos pontos a defender (foi eliminada na 3ª ronda em 2024).
Vai necessitar de adoptar um ténis mais ofensivo e não estar constantemente agarrada à linha de fundo a distribuir jogo. Se assim for, o seu ténis tornar-se-á permeável a um ténis ofensivo e de mais risco com jogadoras como Sabalenka, Rybakina, Zheng, etc…
Quanto à tenista chinesa Zheng Qinwen, a sua época de 2024 foi o ano de confirmação de todo o seu talento. Beneficiará de um grande apoio dos adeptos chineses (que se deslocam em massa a Melbourne dada a proximidade geográfica) e deverá igualmente usar esse combustível para se superiorizar às suas adversárias. Dotada de um ténis muito possante mas igualmente criativo, a atual campeã olímpica defronta na primeira ronda a tenista russa Erika Andreeva e tem um quadro bastante acessível até a uns possíveis quartos-de-final contra Sabalenka.
Se vencer tranquilamente as rondas iniciais, Zheng poderá mesmo ganhar uma grande confiança e tornar-se a maior adversária da bielorrussa na luta pelo título, vingando-se assim da derrota sofrida na final do ano passado.
A cazaque de ascendência russa Elena Rybakina é uma incógnita para este ano de 2025. Fustigada por várias lesões e por problemas de saúde mental (causados essencialmente por comportamentos inapropriados do seu anterior treinador), Rybakina tem o arsenal necessário de pancadas para poder ganhar o título.
Se se tornar mais consistente e menos precipitada na sua tomada de decisões, o seu serviço pode ajudá-la e beneficiá-la em muitas situações. Finalista em 2023 (derrotada numa final épica contra Sabalenka), é claramente um dos nomes a ter em conta nesta edição do torneio australiano.
Das restantes oito principais cabeças-de-série (Jessica Pegula, Jasmine Paolini e Emma Navarro), não considero que nenhuma delas tenha grande hipóteses de causar uma surpresa ou de fazer um torneio digno de registo no Open da Austrália.
Das três anteriormente mencionadas, Pegula (finalista do Open dos Estados Unidos) seria aquela que poderia ter mais chances de ir longe no torneio dada a sua superior experiência, mas vem de uma paragem prolongada por lesão e está a demorar a encontrar a sua habitual consistência.
MELHORES ENCONTROS DA 1ª RONDA
Aryna Sabalenka – Sloane Stephens – Apesar de ser a grande candidata ao título, o caminho para um possível tricampeonato da tenista bielorrussa não será nada simples. Na primeira ronda, defronta a tenista norte-americana Sloane Stephens.
É certo que a Stephens está longe dos seus melhores momentos, a campeã do Open dos Estados Unidos em 2017, tem um ténis muito completo e num dia inspirado, pode dificultar muito a tarefa de Sabalenka, que poderá acusar o habitual nervosismo inicial associado à defesa do seu título e o excesso de favoritismo que se lhe atribui.
Naomi Osaka – Carolina Garcia – Bicampeã deste torneio em 2019 e 2021, a tenista japonesa tem tido bastante dificuldade em voltar ao seu melhor nível desde que fez uma paragem na sua carreira para ser mãe. Osaka tem um ténis perfeito para as superfícies rápidas de Melbourne Park, mas começa o torneio defrontando uma tenista muito perigosa, como a francesa Caroline Garcia, que tem um ténis muito potente e ofensivo.
Ambas não vêm de épocas desportivas brilhantes, mas se jogarem ao seu melhor nível, teremos ténis de grande qualidade.
Osaka é claramente uma das tenistas mais queridas do público e terá um grande apoio por parte dos seus compatriotas nipónicos. Diria mesmo que a generalidade dos amantes do ténis anseia pelo regresso da melhor Naomi Osaka. Veremos se será capaz de competir sem complicações físicas, pois contraiu uma lesão recentemente e retirou-se depois de ganhar o primeiro set na final do WTA de Auckland, quando estava perto de conseguir voltar aos títulos.
Conseguirá Osaka a desforra de 2024? É uma reedição da primeira ronda do ano passado e será certamente um grande espectáculo.
Jelena Ostapenko – Belinda Bencic – De feitio irascível e uma das tenistas mais odiadas no mundo do ténis, a tenista letã é um caso de difícil explicação. A sua falta de consistência faz com que possa perder contra qualquer tenista num dia em que acumule erros não forçados. Contudo, num dia inspirado e com a devida dose de motivação e confiança, Ostapenko tem ténis mais do que suficiente para ganhar a qualquer adversária, onde faz uso da imprevisibilidade e potência das suas pancadas.
A tenista suíça Belinda Bencic (campeã olímpica em Tóquio em 2021), foi outra das tenistas que fez uma pausa na sua carreira para ser mãe. No ano de 2024 pouco competiu devido a esse facto e acabou o ano a jogar em torneios secundários para voltar a adquirir ritmo competitivo que lhe permita voltar a um ranking condizente com o seu potencial.
Para este jogo, não consigo antecipar qualquer prognóstico, mas devido ao fato de considerar que Bencic poderá ainda não ter o ritmo competitivo necessário, atribuo um ligeiro favoritismo a Ostapenko.
POTENCIAIS SURPRESAS
Paula Badosa – Marcada por várias lesões bastante graves nas costas (tendo inclusive considerado a possibilidade de encerrar a sua carreira), a tenista espanhola conseguiu recuperar a confiança e o seu jogo a meio de 2024, tendo gradualmente voltado ao seu melhor nível, subindo várias posições no ranking.
Vem de uma última metade da época passada bastante interessante, com títulos e presenças em finais de torneios de dimensão importante, tendo atingido os quartos-de-final do Open dos Estados Unidos, perdendo de forma inesperada contra a inexperiente Emma Navarro, onde o nervosismo de Badosa fez com que entrasse numa espiral negativa e de erros não forçados.
Se conseguir estabilizar emocionalmente, tem ténis para poder causar uma surpresa e chegar muito longe nesta edição do certame australiano. Uma boa participação pode garantir-lhe o seu desejado regresso ao Top 10 do ranking.
Karolina Muchova – É certamente a tenista que eu mais gosto de ver jogar atualmente. Para além de ser uma tenista extremamente simpática, dispõe de um jogo bastante versátil, pautado por constantes subidas à rede, onde faz uso do seu jogo maravilhoso de pés e de umas mãos absolutamente sublimes.
A sua carreira (apenas um título) e o seu atual ranking (número 21) não fazem de todo jus ao seu grande talento, e só são justificáveis pelas constantes lesões que a tenista checa tem sofrido.
Tem um ténis extremamente entusiasmante e bastante diferente das restantes tenistas do circuito. Se as lesões a respeitarem e se conseguir não passar muitas horas em court nas rondas iniciais, Muchova também tem potencial para sair de Melbourne com o título.
Na última edição do Open dos Estados Unidos, esteve a um set de atingir a final do torneio, sendo que só por um fator físico, não conseguiu voltar à final de um Grand Slam, depois de perder de forma agónica a final de Roland Garros em 2023. Não tem um quadro muito fácil, mas talento tem de sobra para avançar até às rondas finais em Melbourne Park.
Mirra Andreeva – Protagonista de um dos momentos mais impactantes e emocionantes do ano de 2024 (desabou em lágrimas depois de perder a final do WTA de Ningbo contra a sua compatriota Daria Kasatkina), Mirra Andreeva é indubitavelmente uma das tenistas de futuro mais promissor no mundo do ténis.
Tem apenas 17 anos mas já conseguiu vitórias muito importantes perante tenistas de topo (por exemplo, a Aryna Sabalenka nos quartos-de-final da última edição de Roland Garros).
Uma tenista destemida, bastante criativa e com grande força mental, 2025 pode mesmo ser o ano da sua afirmação e de consagração de uma tenista chamada a marcar uma época no ténis feminino.
Já jogou uma final olímpica na variante de pares. Tem uma primeira ronda complicada contra a checa Marie Bouzkova, mas caso consiga superar esta ronda, tem um quadro bastante acessível e muitas possibilidades de atingir as rondas finais do torneio australiano.
Donna Vekic – Atual vice-campeã olímpica, a tenista croata tem igualmente uma carreira marcada por várias lesões. Quando serve bem, consegue colocar em dificuldades as suas adversárias. Dispõe igualmente de um arsenal de pancadas muito potentes e tem um excelente jogo de rede.
No ano passado e vendo-se livre de lesões, conseguiu ser mais consistente e competitiva, sendo que para além de ter jogado a final olímpica, também esteve muito próxima de jogar a final de Wimbledon e de poder lutar pelo seu primeiro título de um Grand Slam.
Outro grande talento cujas lesões têm impedido de demonstrar todo o seu potencial. Tem um quadro bastante acessível, poucos pontos a defender (o que pode fazer com que jogue mais solta, uma vez que foi derrotada na 1ª ronda no ano passado) e pode claramente ser uma das grandes surpresas deste torneio.
PREVISÃO DA FINAL: Sabalenka – Rybakina
VENCEDORA: Aryna Sabalenka
Os dados estão lançados, o jogo vai começar. Haverá alguém capaz de colocar em causa a hegemonia de Sabalenka?