
Depois da Marina de Cascais ter recebido pela primeira vez um evento da Ocean Race, na edição inaugural europeia de 2021, as embarcações da categoria IMOCA farão uma breve paragem na região Norte, durante a segunda etapa, que liga a cidade britânica de Portsmouth à espanhola Cartagena.
Na equipa francesa da Paprec Arkéa, liderada pelo 'skipper' Yoann Richomme, estará Mariana Lobato, olímpica em Londres2012, que procurará repetir o triunfo conseguido há quatro anos, na altura ao serviço dos portugueses da Fundação Mirpuri, em VO65.
"É sempre bom sinal poder voltar numa equipa de excelência. As expectativas são sempre ganhar, mas não podemos só estar focados nisso. Temos de estar bem coordenados como equipa para conquistar um lugar no pódio", explicou à agência Lusa, à margem da conferência de apresentação da passagem da competição por Portugal.
A inclusão de Matosinhos fecha assim o lote de destinos do circuito que se inicia em Kiel, na Alemanha, em 10 de agosto, e atravessa o Atlântico e o Mediterrâneo até à região montenegrina da Baía de Kotor, em setembro.
"Somos sempre bem recebidos e acolhidos por este nosso povo português, é sempre muito especial poder parar em Matosinhos e sentir esse amor dos portugueses. Não sinto por isso mais pressão, é fazer as coisas bem e esperar que os resultados apareçam, mas vai ser muito emotiva a chegada", expressou a velejadora.
A preparação de uma regata 'offshore' amplamente conhecida pela sua exigência física foi feita de forma mais cirúrgica, numa altura em que Mariana Lobato tenta conciliar a maternidade e o lado familiar com a vida de uma atleta de alta competição.
"É uma prova muito dura, de uma grande exigência. A nossa preparação, normalmente, faz-se sobretudo no mar, mas eu tenho-a feito um pouco à parte, porque sou mãe de três filhos. O mais novo agora tem nove meses, a parte do treino relativa à privação de sono tem acontecido", gracejou.
Em declarações à Lusa, Richard Brisius, presidente da Ocean Race, destacou o valor das equipas já anunciadas, prometendo mais uma competição com "nível de topo mundial".
"As embarcações são as mais rápidas e os velejadores são os melhores que se podem encontrar no mundo. Há dois dias, anunciámos que o Franck Kammas irá juntar-se a nós, nomeado velejador da década em França e que já venceu a Ocean Race mundial. Também temos o Yoann Richomme e a Mariana Lobato, a melhor em Portugal", sublinhou.
Porém, não deixou de destacar a importância do evento, para além do desporto, no alerta para os desafios que os mares atravessam, "desde as alterações climáticas e poluição à sobrepesca industrial".
"Queremos que os portugueses venham desfrutar das magníficas praias e do oceano, mas isto não é só pelo desporto. É uma corrida pelo oceano, que é a nossa vida. Então queremos que as pessoas se juntem a nós, passem um bom bocado, bebam talvez uma cerveja, mas também se reconectem com o oceano, porque é algo que faz parte de nós", convidou.
Nesse sentido, foi também confirmada em Portugal a edição de 2026 da Ocean Race Summit, um evento de "alto nível" que junta cientistas, políticos, velejadores e académicos de todo o mundo, entre outros, para a discussão destas problemáticas.
O secretário de Estado do Turismo, Pedro Machado, expressou também a sua satisfação pelo regresso da regata a território nacional.
"Faz jus à nossa história, nós que temos uma fortíssima tradição marítima. No fundo, isto permite manifestar a nossa predisposição competitiva na captação destes grandes eventos. Além disso, abre-nos o foco para outras unidades de crescimento que Portugal não pode desprezar. Refiro-me à indústria e construção naval, sendo também um ganho para o turismo e a economia", concluiu, à Lusa.
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