Foi ao ataque e acreditando que o jogo "está viciado" que Frederico Varandas atirou direto ao Caso dos Emails, que levou o Ministério Público a pedir acusações várias - entre as quais de corrupção - às SAD's de Benfica, V. Setúbal, mas também a Luís Filipe Vieira e Paulo Gonçalves, ex-presidente e antigo assessor da sociedade encarnada, respetivamente, como pode recordar aqui. Em entrevista exclusiva à RTP3, o presidente do Sporting, de 45 anos, compara mesmo este processo ao que continua a criticar amplamente pela falta de consequências, o Apito Dourado. E coloca dois rostos nessas operações...

"Se acredito que o Benfica pode ser suspenso? [Pausa longa] Hoje acredito pouco", avançou o dirigente, que argumenta: "Digo-o pelo que vi do futebol português, como adepto, como diretor clínico e hoje como presidente. Mas penso que independentemente da decisão judicial que venha a acontecer, é inegável que a mancha está lá. É inegável. E isto é mais um sinal, mais uma confirmação, do que vem a ser, podemos chamar, o segundo período negro do futebol português. Houve um período negro chamado Apito Dourado; hoje não sei se vai ser recordado como o Caso dos Emails, ou não, mas a verdade é que são duas fases negras do futebol português e onde não há que ter medo de dizer que esses dois períodos têm dois rostos: Pinto da Costa e Luís Filipe Vieira."

Consequência das "más práticas", "falta de ética" que perduraram no futebol português durante anos, vinca, o dirigente não desculpa a escassez de títulos no futebol com citada conjuntura, mas ressalva: "Enquanto presidente do Sporting, reconheço que há muita culpa própria do nosso insucesso nestes 40 anos, mas isto é a prova - porque o Sporting acredita nisso - que o jogo estava viciado à partida, que era muito difícil. Era muito difícil..."

Reforça pedido de Justiça e retira Sporting de cenários idênticos

Sem querer "acicatar guerras" entre clubes, que entretanto mudaram de líderes, mas sim, sublinha, por ser o seu dever enquando responsável máximo dos verdes e brancos, Varandas também afirma não se querer meter no julgamento de Rui Costa - fora da acusação do Caso dos Emails - por partes dos adeptos encarnados: "Esse julgamento será feito pelos sócios do Benfica, pelos adeptos do Benfica. Essa parte não me diz respeito; diz-me respeito, sim, enquanto presidente do Sporting, garantir que se faça Justiça. E nós, Sporting, acreditamos que durante estas décadas não houve verdade desportiva..."

Concluiu como começou, sem a crença de que haverá consequências desportivas para o Benfica, tal como pedido pelo MP: "Como respondi, tenho muitas dúvidas. Tenho muito dúvidas, embora haja sempre a esperança quando vejo países lá fora como Itália, onde vejo uma Juventus que desceu de divisão; vi ainda agora a Premier League, com clubes a perderem pontos...
Mas também entendo a dificuldade do Ministério Público em conseguir provar. Agora, uma coisa é o que é provado, outra coisa é o que é… Um português com dois dedos de testa sabe bem o que se passou."

E se fosse o Sporting? "Se isso acontecesse eu seria uma fraude para o nós. Mas mais do que para o Sporting eu seria uma fraude para mim enquanto pessoa e para os meus. Por isso…", rematou.