Foram quase 30 minutos de conferência de imprensa, onde o técnico do Marítimo, Rui Duarte, assumiu que a equipa não está num bom momento, havendo coisas a corrigir, mas falando de muita pressão e pouco apoio da comunicação social madeirense, na forma como aborda o atual momento da sua equipa. O técnico continua a acreditar que é possível melhorar e chegar ao terceiro lugar da classificação que dá acesso ao playoff, sendo um objetivo mínimo face à atual realidade da classificação. O próximo adversário é a Oliveirense que não é tão fraco como querem passar a mensagem e o líder verde-rubro pede o apoio dos adeptos para os seus jogadores e no final se as coisas correrem mal e  lhe quiserem mostrar lenços brancos, aceita essas críticas com naturalidade.

"Nós queremos muito inverter o registo em nossa casa e aproveitamos cada sessão de treino para melhorar, visando aspetos que não têm corrido tão bem. Esse tem sido o nosso foco, melhorar a equipa. Temos de ver como as coisas têm acontecido. Obviamente com uma derrota por 3-0 em casa, dá a ideia que foi muito mau e que foi difícil para nós, mas na realidade até ao primeiro golo sofrido, a equipa teve sempre um comportamento proactivo, procurando sempre o golo, recuperar a bola no meio campo defensivo, chegando muitas vezes às zonas de finalização. Há situações a melhorar e ser mais eficazes, colocando o jogo do nosso lado, a nível do marcador, a nível de ambiente, pois notamos que não estamos todos na mesma ideia. Vou explicar melhor: não estamos num bom momento e isto tem tudo a ver com confiança, pois é determinante para um jogador de futebol. O mesmo jogador com falta de confiança que nós pensamos que com este jogador é muito difícil de jogar a este nível. No entanto, muito confiante, é um jogador completamente diferente e que nos dá coisas muito boas à equipa. Precisamos desse carinho, desse afeto, sendo claro que muitas vezes temos de ser nós a dar esse primeiro passo e puxar os adeptos para o nosso lado, tendo essa confiança, esse calor, pois traz-nos bons momentos e boas sensações. Quando sofremos um golo, isso, quando o ambiente não é bom, os jogadores sentem muito, tornando-se contra nós. Queremos precisamente o contrário e estamos a lutar muito para que as coisas funcionem e exista essa sinergia entre os nossos adeptos e a equipa, de forma que as coisas possam fluir. Mas isto tem muito a ver com o momento, com o que escrevem sobre nós", começou por dizer.

"Vocês, não é uma crítica, mas têm muito a tendência para olhar para o copo meio vazio. Nunca olham para o copo meio cheio. Quem está deste lado quer o melhor para a equipa, para o clube, quer retribuir aos adeptos esse carinho no estádio, pois sentimos que é um clube especial e tem adeptos fervorosos, que quer muito ganhar e estamos a tentar muito que isso aconteça, retribuindo com boas exibições, com bons resultados, com três pontos, e isso, tudo o que se passa à volta da equipa, muito do que lemos acerca da equipa, embora isso não nos afeta, mas quando sofremos um golo, como foi o caso do jogo frente ao Torreense, isso joga contra nós, pois começa a insegurança a incerteza, o adversário cresce e não estamos jogar contra um adversário qualquer, independentemente do que as pessoas pensam, os adversários têm qualidade e são organizados, pois trabalha-se bem na 2ª liga portuguesa. Este tempo serviu para reforçar alguns processos que a equipa mantenha, melhorar outros que não correram bem, pois sofremos, principalmente, os dois primeiros golos, são erros individuais que não deviam ter acontecido e temos falado muito sobre isso, mostramos imagens, para não voltar a acontecer e sobretudo esta confiança que nós queremos para que as coisas fluam. Eu, mais do que ninguém, acredito muito, mas muito na equipa, que podemos ter boas prestações, bons resultados. Vejo que a equipa fora, tem um registo bom, sendo a terceira melhor equipa nessas condições e vocês falam muito que não ganhamos em casa, sim é verdade e queremos muito ganhar, mas fora ganhamos", continuou Rui Duarte.

"Estamos muito longe das expectativas iniciais que foram criadas. Naturalmente, pois o Marítimo é um clube grande, estamos muito longe do queremos, é verdade, mas queremos vir a corresponder a essas expectativas, mas precisamos de todos, de carinho e a equipa precisa de confiança. Os jogadores não são máquinas e espero que o jogo de amanhã seja um passo em frente e acredito que vai ser, na consistência que estou a falar, mesmo passando por momentos maus, pois isso é normal. Essa paciência também tem de vir de fora para nos dar por vezes essa confiança pois queremos muito andar na frente e fazer mais três pontos, retribuindo com vitórias aos nossos adeptos e não nos podemos enervar. Tem de haver uma envolvência de todos, pois queremos muito ganhar, tanto como os nossos adeptos, acreditem nisto", disse o líder do onze maritimista. Quanto ao apoio sentido no Caldeirão: "Nós não nos queixamos de falta de apoio. Temos assistências de cinco mil adeptos, o que é sinal que nos querem apoiar e estar envolvidos na caminhada da equipa e acreditam que vamos ganhar. Há situações que nos puxem o tapete e nos deixam com falta de confiança que é um dos aspetos mais importante no futebol. Há exemplos em Portugal de outras equipes grandes, onde os adeptos também já estavam a assobiar, não foi só por perder o treinador, mas perdeu-se a confiança e as coisas não correram tão bem", vincou

Depois, destacou um facto que é real e possível de alcançar: "Que eu saiba, o terceiro lugar ainda dá o playoff e estamos apenas a seis pontos desse lugar. O que se escreve de ser uma ilusão, obviamente que nós sabemos que cada jogo que passa e não ganhamos, sabemos que é cada vez mais difícil. Ilusão é criada no dia a dia, para podermos acreditar que podemos ganhar o próximo jogo e nós vamos aproximar cada vez mais do terceiro lugar. Neste momento, é um objetivo mínimo face às expectativas iniciais, mas que nos pode dar esse acesso. Há muitas equipas que não conseguem o objetivo inicial e o nosso neste momento é andar o mais à frente. O primeiro passo é ganhar o próximo jogo, respeitando a Oliveirense, pois vai ser uma partida extremamente difícil e queremos aproximar-nos do terceiro lugar, que não é uma miragem como já se escreveu. Olham sempre para o copo meio vazio, pois há a tendência natural de 'bater no ceguinho'. Estamos a trabalhar muito e queremos muitos e que ninguém tenha a mínima dúvida disso, agora, as coisas não têm corrido bem, é verdade. Queremos muito ganhar e jogar bem, sair do estádio com a sensação do dever cumprido e de dar alegrias aos nossos adeptos".

E prosseguiu: "As coisas por uma ou outra razão não têm acontecido, umas vezes por um erro individual, outras vezes por falta de eficácia, pois sofremos golos e ficamos enervados. Neste tipo de tempestades, há sempre uma oportunidade de sair dela. Estamos no meio de uma tempestade e não esperávamos e não estamos contentes, querendo inverter este ciclo. Nestas tempestades conhecemos as pessoas e surgem oportunidades para estarmos melhores mais à frente. Há alguns anos atrás, o clube era muito unido a nível da comunicação, passava muita coisa para fora, recordando que muitas vezes quando vinha jogar aos Barreiros, por vezes éramos melhores que o Marítimo, mas depois no dia a seguir na imprensa saia sempre que o Marítimo foi muito superior, não havia tanto as estatísticas, mas no resumo televisivo, o que se passava era cinco ou seis oportunidades para o Marítimo e depois surgia uma do adversário, aquilo estava montado de uma forma, onde as pessoas estavam unidas e nós precisamos disso. Não precisamos de gente contra nós à volta da equipa. Tentamos abstrair os jogadores, mas isso não nos ajuda, estou a ser sincero, pois pode-se influenciar a mente das pessoas muito facilmente com uma notícia, com situações que muitas delas não são verdadeiras, pois esta equipa não é pior nos últimos 50 anos, há equipas que sofreram mais golos que esta, é a forma como conseguimos influenciar a mente das outras pessoas. Se disser que podemos fazer mais? Claro que sim e estamos a trabalhar para isso e sair desta situação. Depois, os adeptos vêm nervosos e compreendo. Peço que nos apoiem até ao fim, mesmo em momentos difíceis onde a equipa tenha de sofrer, pois não há jogos onde se consiga controlar os 90 minutos e ter o discernimento de apoiar a equipa até ao fim. No final, se as coisas não acontecerem, quês e virem mais para mim, estou cá para dar a cara, mostrem os lenços brancos, o que quiserem, mas durante o jogo apoiem a equipa do início até ao fim. Não pensem que há um estalar de dedos e as coisas acontecem".

«Jogadores abdicaram do Natal»

Em relação ao adversário de amanhã, Rui Duarte foi claro: "Apanhamos agora o último classificado, temos visto os seus jogos e é competente, tem perdido por um golo e foi a Viseu e fez a vida negra e não ganhou por acaso. São competentes e as pessoas não podem pensar que são favas contadas, pois não vai ser e os jogadores estão avisados para isso. Vai ser uma partida muito extremamente difícil, trabalhámos muito nestas duas semanas, abdicando de ter o Natal em família, pois houveram muitos jogadores que vocês não sabem e ficaram na Madeira. Isto é sinal que querem e querem muito, abdicando de muita coisa para dar o seu contributo e equipa sair desta situação. Mas vocês só falam que tiveram duas folgas seguidas… ninguém fala que treinaram 14 dias seguidos e ninguém treina dessa forma, não há nenhuma equipa, pois vai chegar amanhã está cansada e não anda. As coisas não são assim, são pausadas dentro do timing certo e tem de haver o período de recuperação, para amanhã, os jogadores estarem na máxima força. Um jogador confiante faz coisas incríveis e se não tem confiança fica enervado e pensa duas vezes e perde o timing e as coisas não acontecem, sendo quase uma bola de neve. Entendo que o público também se enerve e isto não é nenhuma crítica, mas um pedido que faço é que nos apoiem até ao fim e depois conseguirmos ter o resultado que queremos para sair desta situação onde estamos".

"Sem plagiar Ruben Amorim"

Com o mercado de inverno à porta, o técnico dos madeirenses nãos e quis alongar na matéria, dando até um exemplo da autoria de Rúben Amorim. "Já falei de forma aberta sobre os reforços e o que pretendo para a minha forma de jogar. Não quero plagiar o Rúben Amorim, pois ele também tem dito isto, mas já o tinha dito antes. Acredito que no futuro com jogadores com um perfil diferente, possamos ser mais fortes. Isso não tenho dúvidas e vai acontecer naturalmente, as coisas estão a ser trabalhadas como em qualquer clube e nunca o escondi. Mas o foco é a Oliveirense e estamos muito focados. Internamente, no nosso dia a dia, falamos pontualmente, por ser necessário. Queremos caminhar para uma zona diferente e sermos uma melhor equipa", afirmou.

Por último, relembrou a derrota caseira frente ao Torreense. "No último jogo com o Torreense sofremos dois golos de lançamento, de bolas paradas e não foi de contra-ataque. O último golo, sim, é de contra-ataque, já estávamos em desespero e arriscamos tudo para tentar chegar ao golo, que não foi validado. São problemas trabalhados na nossa rotina semanal. Estava a ouvir um treinador que dizia que se a bola bate no poste e entra, somos uns grandes treinadores, mas se bate no poste e sai, somos maus treinadores, tudo tem a ver com o momento. Se jogamos mal e ganhamos, está tudo bem. Vocês sabem que tem de haver um equilíbrio entre o resultado e as boas prestações. Temos de ser mais eficazes e não sofrer tantos golos. Estamos a trabalhar muito para melhorar", concluiu.

Para a partida contra a equipa de Oliveira de Azeméis, agendada para amanhã, às 15h30, no Estádio do Marítimo, o treinador verde-rubro não poderá contar com Francisco França e João Tavares, ambos por lesão.