Continua traumático o início da era Ruben Amorim em Old Trafford. O Manchester United vai em quatro derrotas consecutivas, três delas para a Premier League, depois de sair derrotado do encontro com o Newcastle (2-0), o último do ano. A equipa do treinador português vai terminar 2024 em 14.º, a sete pontos da linha de água.

E por isso já não há pejo em se falar de descida de divisão em Old Trafford, algo que seria impensável nos anos de ouro do final da década de 90 e inícios dos 2000. A última vez que o Manchester United baixou ao Championship foi em 1973/74, um fantasma que volta a pairar numa das catedrais do futebol mundial. Em onze jogos em todas as competições, Amorim conseguiu apenas quatro vitórias e em oito encontros da Premier League já leva cinco derrotas.

Na conferência de imprensa que se seguiu a novo desaire, o técnico português admitiu que a “equipa não está a melhorar” e que está mesmo “um pouco perdida”.

“É algo embaraçoso ser treinador do Manchester United e perder tantos jogos. Mas temos de lidar com isso. São momentos difíceis para todos”, sublinhou, quando questionado o quão melindroso é falar-se de descida de divisão quando se treina um clube como o United.

O treinador assumiu a responsabilidade e diz não querer dar desculpas. “As pessoas estão cansadas disso neste clube”, apontou. “Às vezes falo da descida de divisão por causa disso, acho que o Manchester United precisa de um choque. Temos de lutar no próximo jogo para implementar esta ideia. E para fazer boas exibições”.

Amorim reconheceu ainda que a equipa está “a perder algumas coisas devido à falta de treino e à falta de crença”, depois de ter visto melhorias “nos primeiros jogos, especialmente contra o Manchester City, Tottenham e até Arsenal”. O treinador frisou ainda que não há “tempo para construir uma base”, que ajude a equipa a sofrer nos momentos mais complicados.

Carl Recine

Mesmo com a equipa a não render, Ruben Amorim não tem abdicado do seu sistema preferencial, com três centrais, insistência que começa também a ser questionada. O ex-treinador do Sporting diz “perceber as dificuldades dos jogadores”, que “passaram dois anos a jogar de uma maneira” e, “de um momento para o outro”, tiveram de se habituar a uma nova ideia. “Com muitas derrotas, fica difícil para eles, mas tenho de vender a minha ideia, não tenho outra. Se mudar o sistema completamente, não sei se vou estar aqui para ganhar”, reforçou, lembrando que com o sistema de Ten Hag a equipa também não tinha resultados.

Ruben Amorim baixou também as expectativas em relação ao mercado de inverno, lembrando que o Manchester United só pode comprar se vender jogadores. “Não posso chegar aqui e gastar muito dinheiro, vocês sabem o que se passa, não vale a pena falar disso”, apontou.

Logo nas duas primeiras semanas de 2025, Ruben Amorim terá dois importantes encontros. No dia 5 de janeiro face ao líder Liverpool, na Premier League, e uma semana depois joga com o Arsenal na 3.ª ronda da Taça de Inglaterra, um dos objetivos da época que ainda restam ao Manchester United, que já caiu na Taça da Liga e está longe de qualquer luta no campeonato.