
Ricardo Pereira deu uma entrevista em exclusivo ao Bola na Rede e falou sobre os guarda-redes do FC Porto, Diogo Costa e Cláudio Ramos.
Ricardo Pereira deu uma entrevista ao Bola na Rede, onde abordou vários temas. O atual treinador de guarda-redes do Al Ain deixou elogios a Diogo Costa, admitindo que o português ainda tem alguma margem de crescimento:
«Aqui tenho que ir buscar um exemplo, voltando a ser crítico de nós próprios, os treinadores de guarda-redes e que nos possam fazer refletir um bocadinho. Vítor Frade uma vez contou uma história que eu guardei com muito carinho. Ele diz que o jovem guarda-redes só cresce se estiver numa situação sensível. Se estiver entregue aos treinos de um guarda-redes normais, está ‘lixado’ e vai regredir. O treino não é nada anticipativo e sobretudo com contestação. Isto faz-nos ver determinados contextos, com guarda-redes jovens e com muito conhecimento do jogo e porque é que nos aparecem guarda-redes igualmente muito jovens, mas com tantas lacunas na tomada de decisão e ao nível do conhecimento do jogo. Tudo isto passa por desde muito cedo jogar e treinar a jogar. Treinar a poder cometer erros. Treinar e jogar na tentativa-erro. É disto que vive a nossa aprendizagem. Se voltar a compartimentar o treino, com a idade da técnica, a idade do desenvolvimento físico, eu não vou conseguir expor este guarda-redes a tudo aquilo que ele precisa para chegar ao patamar sénior com conhecimento do jogo. Dou aqui um grande exemplo, o nosso Diogo Costa. Ainda tem uma margem tremenda para evoluir, na minha humilde opinião. Porém, se há coisa que eu considero que não falta ao Diogo, é conhecimento do jogo. Ele lê muito bem todas as situações do jogo. Faltam outras coisas ainda, se calhar uma delas é a de estar exposto continuamente a sair de zonas de conforto, nomeadamente no próprio treino, mas não sou eu que o treino, por isso tenho pouco a ver com isso. O Diogo Costa é um excelente exemplo de um guarda-redes em Portugal que andou continuamente em patamares à frente da sua própria idade. Foi testado muito cedo na Segunda Liga, que o preparou para assumir a baliza do FC Porto tão cedo. É um exemplo de deixar cometer erros. Podem-lhe faltar algumas coisas, mas conhecimento de jogo é algo que não lhe falta».
O luso falou sobre a situação de Cláudio Ramos, habitual suplente de Diogo Costa no FC Porto:
«Uma excelente pergunta, muito interessante. Gere-se em primeiro lugar com uma atenção muito individualizada também a quem não joga. Todos fazem parte de uma ideia coletiva, mas têm as suas necessidades individuais. As necessidades individuais do Diogo Costa não são seguramente as do Cláudio Ramos. O Cláudio Ramos necessitará de ir todos os dias para casa com a sensação que o treino pelo menos lhe substitui parcialmente o que foi o jogo. Que tem exatamente a mesma dedicação naquilo que é o detalhe de finalizar o treino e ter dois minutos de vídeo do essencial do seu treino no Whatsapp, tal como o Diogo Costa. O Cláudio Ramos tem que ter um plano individualizado de melhoria, tal como o Diogo Costa, ao qual, eu como treinador de guarda-redes, lhe dedico exatamente a mesma atenção e a mesma dedicação. Mesmo faltando-lhe o jogo, que é o mais importante para o desenvolvimento de um jogador, o treino pelo menos parcialmente suprime estas lacunas. Esta atenção individualizada faz com que o Cláudio não sinta aquilo que não pode sentir, que é o ‘estou só e apenas a cumprir um número’. Cada um tem o seu papel e a sua ambição de jogar. Cada um tem que ter o seu plano de desenvolvimento individual. Eu sou perito, já que dedico muitas horas aos meus guarda-redes. Sou especialista em trabalhar com o segundo, com o terceiro, quarto e o quinto, com toda a humildade. Dedico tanta ou mais atenção aos da equipa B, em relação ao que está a jogar».
Podes ler AQUI a entrevista completa a Ricardo Pereira.