Após vários anos de formação no Benfica, Ricardo Horta concluiu esse processo no Vitória de Setúbal. Nos sadinos estreou-se enquanto sénior (2012/2013) e apenas duas épocas depois rumou a Espanha para viver a primeira (e única) experiência fora do futebol português. Esteve dois anos no Málaga e regressou a solo lusitano na época 2016/2017, para vestir a camisola do SC Braga. A partir daí… é apenas a história que fala.

O avançado escreveu um livro que parece nunca mais acabar e cujas páginas são bordadas a ouro. Para a eternidade está já o facto de ser o jogador com mais partidas realizadas pelos guerreiros (vai em 416 e continua a contar…), sendo também o melhor marcador da história dos bracarenses (135 tentos apontados até à data).

Já muito foi dito e escrito sobre Ricardo Horta, o próprio SC Braga homenageou recentemente o seu capitão quando foi confirmada a ultrapassagem ao não menos mítico José Maria Azevedo na lista de lendas que mais vezes vestiram a camisola dos minhotos, mas há sempre mais e mais para explorar.

E depois de mais um golo de Horta, que valeu a vitória do SC Braga sobre o FC Porto, na 25.ª jornada da Liga, A BOLA foi ao encontro do treinador que sofreu o primeiro golo de Ricardo Horta pelos arsenalistas. Ou, no caso, os primeiros golos. Falamos de um SC Braga-Belenenses (2-1), realizado a 30 de outubro de 2016, em que no banco dos azuis estava Quim Machado. A ideia não era propriamente recordar esse jogo (bis de... Ricardo Horta), até porque já lá vão quase oito anos de meio – «confesso que já não me recordo [risos], diz o treinador -, mas ter como ponto de partida a veia goleadora que o internacional português começou nessa altura a demonstrar e que tem vindo a confirmar época após época.

«Quando ele apareceu no Vitória de Setúbal deu logo para perceber que estava ali um talento. Curiosamente, eu treinei o irmão, André, precisamente no Vitória, antes de ele ir para o Benfica. Estamos a falar de dois grandes jogadores. Relativamente ao Ricardo, estamos a falar de alguém que tem feito uma carreira absolutamente fantástica e que, com todo o respeito que o SC Braga me merece, tinha muito valor para jogar nos três grandes. Às vezes há jogadores com muito menos qualidade que acabam por chegar lá…», começou por salientar Quim Machado.

O antigo defesa, que, entre outros, também representou o SC Braga (de 1989 a 1991), não poupa nos elogios ao camisola 21: «É um imprescindível. E isso nota-se em campo e nos registos incríveis que alcançou. Mas, além disso, também é importante referir que é um jogador que tem o respeito de toda a gente, não só de todos os colegas, treinadores e estrutura do SC Braga, mas também dos próprios adversários. Eu nunca o treinei, mas respeito-o imenso pela sua personalidade. Acho que vai jogar até à idade que quiser, é um profissional na verdadeira aceção da palavra.»

Estando do outro lado, Quim Machado sabe que é necessário ter cuidados especiais com um jogador que tem tanto talento. «Alinha em várias posições, tem golo e assistências. É extremamente inteligente e define quase sempre bem no último terço. Claro que todos os treinadores que o vão defrontar têm sempre de ter uma atenção especial relativamente às movimentações do Ricardo. É um grandíssimo jogador», concluiu o técnico.

Recordando uma expressão recente de Bruno Lage, treinador do Benfica, Ricardo Horta tem mentalidade assassina. Que ao fim de tantos anos (e golos) já tem.. barbas brancas.