
Foi suado, foi sofrido e talvez nem tenha sido totalmente justo. Foi também animado, cansativo e por mais do que uma vez deu para o susto. A janela de jogos de seleções a meio da época não costuma albergar emoções fortes, mas esta semana fez-nos sentir coisas e certamente abriu o apetite para a final four da UEFA Nations League, onde Portugal voltará a estar.
A Dinamarca, adversária digna, deu luta a um adversário teoricamente favorito e esteve muito perto de confirmar a vantagem conquistada na primeira mão, mas a equipa lusa conseguiu manter a disputa viva e chegar ao empate (pela terceira vez) nos minutos finais da eliminatória. No prolongamento, Francisco Trincão vestiu a pele de herói e motivou a festa em Alvalade.
Com sorte eles marcam por nós...
Ciente da necessidade de reagir à penosa exibição de quinta-feira, Portugal entrou em campo com uma postura confiante e isso quase pagou dividendos no primeiro lance do jogo. Corria o terceiro minuto quando Nuno Mendes colocou na área uma bola muito bem medida para Cristiano Ronaldo, que foi prontamente derrubado por Patrick Dorgu.

Esse abalo emocional não se sentiu logo e a equipa da casa ainda continuou em cima por alguns minutos, voltando a ameaçar o golo em novo cruzamento milimétrico de Nuno Mendes (belíssima primeira parte) para CR7, mas a Dinamarca acordou e começou a somar as suas primeiras progressões no campo, aproveitando algumas perdas de bola de um Portugal cada vez mais nervoso.
O ímpeto estava perdido e a vantagem nórdica na eliminatória parecia mais sólida, mas foi nessa altura que o golo chegou, com muita sorte para os da casa. Prenda dos dinamarqueses, que viram Joachim Andersen colocar a bola dentro da própria baliza com um mau corte na sequência de um canto cobrado por Bruno Fernandes.
A bipolaridade habitual
A primeira metade do jogo acabou da mesma forma que começou: com os adeptos a celebrar de forma prematura. Nesse segundo caso, aos 45+2, Cristiano Ronaldo conseguiu mesmo colocar a bola dentro da baliza, depois de uma boa assistência de Bernardo Silva (chegou às 100 internacionalizações). Houve, no entanto, fora de jogo.
Os mais otimistas esperavam que Portugal trouxesse esse mesmo calor para a segunda parte, mas foram os gélidos ares nórdicos que se fizeram sentir em Alvalade. Morten Hjulmand começou a mostrar-se numa casa que bem conhece e fez dois avisos de fora da área, antes de Rasmus Kristensen aproveitar um lance de bola parada - canto cobrado por Eriksen - para voltar a colocar a Dinamarca em vantagem no agregado.

«Aceita os termos e condições?», perguntam-nos, em relação à bipolaridade inerente ao apoio desta seleção. «SIUUU!», respondemos, enfeitiçados com mais uma dose de esperança. O problema é que essa dose já não dura tanto... No caso durou apenas quatro minutos, até Christian Eriksen aparecer à boca da baliza pronto para encostar o golo que fez o 2-2 na noite e o 2-3 na eliminatória. Duro.
Trincão, herói em Alvalade
A boa notícia, do ponto de vista luso, é que esse novo castigo também não foi permanente. Roberto Martínez lançou Francisco Trincão aos 81´ e viu-se recompensado apenas cinco minutos depois, com o atleta do Sporting a aparecer no sítio certo para fazer um grande golo, logo no seu primeiro toque na bola.

Ao seu décimo jogo pela seleção, o extremo fez os seus primeiros dois golos por Portugal. Festejou o segundo como quem vive um momento de consagração pessoal, pois foi o que de facto aconteceu. Conrad Harder também foi lançado para fazer a sua estreia internacional em Alvalade, mas a seleção portuguesa vivia uma boa fase no jogo e ampliou a vantagem por intermédio de Gonçalo Ramos, selando a passagem.
Depois de alguns «olés» nas bancadas, talvez difíceis de digerir para um grupo de dinamarqueses que ficou pertíssimo da passagem, Portugal assegurou o lugar na meia-final desta Liga das Nações da UEFA. O adversário será a Alemanha, que eliminou a Itália com um agregado de 5-4.