A realização da final four da Taça da Liga na cidade do Lis também dá o respetivo dinamismo à AF Leiria.
Exatamente. A realização de qualquer evento, seja ele desportivo, cultural, artístico, entre outros, tem sempre uma importância enorme para o Município e, neste caso concreto, também para a Associação de Futebol de Leiria. Estamos a falar da modalidade dominante do País, que arrasta milhares e milhares de pessoas, sendo que em Leiria estamos a falar de uma centralidade fantástica, algo que não tem preço. Leiria tem condições extraordinárias para desenvolver esta atividade e a Câmara Municipal, especialmente na pessoa do seu presidente, o dr. Gonçalo Lopes, tem aproveitado estrategicamente esta competição que aqui se realiza há cinco anos. Podemos até dizer, em jeito de brincadeira, que Leiria já é como que uma sede secundária da Liga Portugal. As pessoas já estão habituadas à cidade, já estão totalmente ambientadas, fruto de uma agilização fantástica da organização época após época. Em termos de impacto, claro que tem uma abrangência económica, social e desportivo. A nossa região é muito ligada ao desporto e ao futebol em particular e a realização destas competições em Leiria ainda aproxima mais as pessoas dos clubes da nossa região. Os leirienses, a AF Leiria e os seus clubes filiados ficamos todos muito satisfeitos com a realização da final four da Taça da Liga na nossa cidade, uma vez que é mais uma forma de desenvolver e estimular cada vez mais a prática desportiva.
Em termos de relações institucionais, seja com a Liga ou com o Município, trata-se de um evento que também é importante para a AF Leiria.
Naturalmente que sim. Tudo isto faz com que haja uma interação ainda maior entre as instituições e as pessoas. Esse conjunto de forças aumenta sobremaneira a agilização no que concerne à realização deste evento. E quando assim é, estaremos sempre mais perto de desenvolvermos atividades com melhor organização, com mais força e com mais impacto, que é tudo o que todos nós desejamos. Não nos podemos esquecer que o futebol é uma modalidade que é fundamental para o País. Do ponto de vista televisivo, por exemplo, o futebol é claramente o desporto que tem mais impacto televisivo. Seja a Taça da Liga, a Liga, a Taça de Portugal ou outras competições. Temos de ter um respeito muito grande por todo este movimento. Afinal, as audiências, neste caso, significam pessoas. Adeptos. E a Liga Portugal, tal como, de resto, a FPF, têm tido uma grande preocupação no que diz respeito à proximidade com as pessoas, com os adeptos, na forma como os acolhem e apoiam. Nos tempos da pandemia, com a infelicidade que esses momentos acarretaram, ficou provado que o futebol sem adeptos tem muito pouco significado.
A final deste sábado vai ser jogada entre Sporting e Benfica, o dérbi eterno do futebol português. É mais um ingrediente para aquilo que se prevê um grande espetáculo.
Estou em crer que vai ser uma festa excecional. Os bilhetes já esgotaram, tal como a Liga anunciou. Aliás, se tivéssemos três estádios aqui em Leiria, esgotariam na mesma. Ainda que estejamos na presença de um Estádio Dr. Magalhães Pessoa que tem todas as condições para a realização de eventos, tal como a Câmara Municipal de Leiria tem potenciado, de resto. Portanto, só temos de tirar partido desta grande sala de espetáculos. Claro que haverá um enorme retorno para a cidade e para o concelho.
Mas se em determinadas áreas haverá retorno direto, noutros casos, como no da autarquia ou da AF Leiria, o retorno é indireto.
Exatamente. Há mais entusiasmo por parte dos miúdos, das famílias, e aumenta a procura para a inscrição dos mais jovens nos clubes filiados na AF Leiria, o que significa o aumento do número de praticantes, não só do futebol, mas também de outras modalidades. Todos os anos temos cada vez mais praticantes, sendo que o ano passado batemos o recorde de jogadores de futebol inscrito, em números redondos, cerca de 12.500. E este ano, neste momento, já estamos praticamente nesse número, ou seja, em janeiro já temos esse valor atingido. O que revela bem o interesse das crianças e dos jovens pela prática do futebol, mas também pelo respeito e pela confiança que as famílias têm nas instituições, no caso, nos clubes e na própria AF Leiria. Porque os clubes têm dado corpo a vários projetos, entre os quais o da certificação, levado a cabo pela FPF, e que obriga os clubes a organizarem-se no cumprimento da Lei. E, por outro lado, as Câmaras Municipais têm também uma regulamentação bastante apertada no sentido de que os clubes façam tudo bem. Há, portanto, vários instrumentos de apoio para que os clubes trabalhem cada vez melhor e isso é benéfico para todos, uma vez que há melhores infraestruturas, melhores organizações, melhores condições de segurança e da prática desportiva, pelo que tudo isso potencia a prática do futebol nos mais jovens. No final desta época vamos atingir os 13 mil praticantes. Ora, se cada jogador tem, em média, 10 familiares diretos, isto dá cerca de 130 mil pessoas. Esses números refletem bem a envolvência diária, semanal, mensal e anual do futebol distrital em Leiria. Estamos a falar de um distrito com cerca de 450 mil habitantes, o que significa que cerca de 25 por cento da população do distrito de Leiria está, direta ou indiretamente, ligada ao futebol. E a isto ainda poderíamos somar as outras modalidades…
Orgulha-se do trabalho que tem vindo a ser feito na AF Leiria e do crescimento que está bem patente nesses números? O que é possível fazer ainda mais?
Claro que sim. Só temos de estar orgulhosos. Sentimos, ainda assim, que há uma lacuna e um défice por parte da estrutura governamental no apoio ao desporto. Tem de haver uma assunção por parte dos governos para que no Orçamento do Estado haja mais apoio direto ao desporto. O que está previsto no Orçamento do Estado são 55 milhões de euros, mas se olharmos, por exemplo, ao orçamento da Câmara de Leiria, que são 120 milhões de euros, bem como o da FPF, significa que o apoio dado ao desporto através do Orçamento do Estado não chega, sequer aos orçamentos das outras entidades que referi. Entendo que é também importante tratar do aumento e da melhoria das instalações desportivas, da melhoria do estatuto desportivo, bem como da questão do seguro desportivo, que tem vindo a aumentar de uma forma brutal e tem de encontrar-se uma solução federativa e associativa.
É presidente da AF Leiria há cerca de 9 anos, mas é dirigente há mais de duas décadas. Vêm aí eleições na Liga e na FPF, sendo que é conhecida a sua relação de proximidade com Pedro Proença, um dos candidatos à presidência da FPF. Caso seja eleito, o que é que Pedro Proença pode aportar à FPF?
Caso assuma o lugar de presidente da FPF, o dr. Pedro Proença vai ter uma herança difícil. O dr. Fernando Gomes fez um extraordinário trabalho, como é do conhecimento público. Deixa uma obra colossal a vários níveis, tanto nas infraestruturas desportivas, como nas seleções nacionais, nos programas de apoio às associações, entre muitos outros casos, com a última obra fantástica a ser a Cidade do Futebol. O dr. Fernando Gomes vai sair porque há limitação de mandatos, como se sabe, e apresentaram-se dois candidatos à sua sucessão, caso do dr. Nuno Lobo, meu colega da AF Lisboa que eu prezo muito e por quem tenho enorme consideração, e do dr. Pedro Proença, atual presidente da Liga. O que nós sentimos importante no sentido de apoiar a sua candidatura assentou na experiência, no conhecimento, na notoriedade, o facto de ter sido um excelente árbitro. Por outro lado, o dr. Pedro Proença fez um excelente trabalho enquanto presidente da Liga, com um rigor fantástico e um nível de gestão enorme, sempre em ligação com os clubes do futebol profissional. Esse trabalho levou-o, inclusivamente, à Direção das Ligas Europeias, o que é mais uma prova evidente do seu fantástico trabalho. O dr. Pedro Proença é muito exigente, tem uma perspetiva de trabalho em equipa e pensamos que é o melhor candidato à FPF. Por outro lado, tem também uma ligação muito grande com as associações distritais e regionais, com os clubes, com a arbitragem, como é evidente, até por ter essa sensibilidade como ninguém, e tem promovido o desenvolvimento e a inovação. Na sequência de tudo isto que identifiquei, julgo que Pedro Proença é a pessoa indicada para continuidade ao legado de Fernando Gomes na FPF.