Longe vão os tempos em que os números eram distribuídos por sorteio aos pilotos ou que eram distribuídos em função da classificação do ano anterior. Hoje, um número é muitas vezes uma marca e cada piloto tem o seu, mantendo, normalmente uma relação de fidelidade que é inabalável.

Ao ponto de, por exemplo, Marc Márquez e Valentino Rossi terem abdicado de usar o número 1 nas épocas em que foram campeões do Mundo, resistindo ao 93 e ao 46, respetivamente.

O português Miguel Oliveira teve de deixar cair o 44 que usava em Moto3 e Moto2 e abraçar o 88 – escolhido por ser o dobro – porque era usado pelo espanhol Pol Espargaró.

E se o Falcão pôde escolher o 88, a verdade é que nem todos os números estão disponíveis.

Há seis números que estão proibidos no paddock, por razões diferentes, mas todos como homenagem a antigos pilotos.

O 34 que Kevin Schwantz  usou antes de Il Dottore chegar ao MotoGP já não anda nos circuitos.  O estilo vida ou morte do Texano valeu-lhe uma legião de fãs que ainda hoje jura que era o melhor de todos, apesar de só ter conquistado um título mundial em 1993.

Inevitável, foi pois retirar o 46 de Valentino Rossi, o italiano que conquistou sete títulos de MotoGP (2001, 2002, 2003, 2004, 2005, 2008, 2009) e levou a modalidade para outra patamar arrastando milhões até então desligados do MotoGP para um desporto que tinha no irreverente italiano um novo herói.

Tal como Rossi e Schwantz, também o italiano Loris Capirossi, três títulos e uma carreira de 21 anos no Mundial, recebeu a honra de mais ninguém voltar a colar o 65 numa moto.

Além destes, foram retirados do paddock os números 74, 58 e 69 usados por pilotos que desapareceram precocemente.

O japonês Daijiro Kato usava o número 74 quando morreu, após um acidente no Grande Prémio do Japão, prova inaugural do Mundial de velocidade de 2003. O piloto, então com 27 anos, entrou em coma e não resistiu a um grave traumatismo cranioencefálico com edema cerebral aos ferimentos tórax, após chocar contra um muro de proteção quando rodava a mais de 200 km/h.

As imagens da violenta queda de Marco Simoncelli quando seguia na sua Honda com o número 58, na segunda volta do Grande Prémio da Malásia, em Sepang, em 2011 emocionaram o mundo do motociclismo e do desporto em geral. O jovem italiano de 24 anos acabou por morrer ao ser abalroado pelo norte-americano Colin Edwards (Yahama) e ainda foi tocado pela mota do italiano Valentino Rossi (Ducati). Os médicos do circuito tentaram reanimar Marco Simoncelli durante 45 minutos, mas não tiveram sucesso.

O último número a desaparecer da grelha foi o 69 do irreverente Nicky Hayden. O norte americano morreu aos 35 anos após ser atropelado quando treinava de bicicleta. Os danos cerebrais que o campeão do Mundo de 2006 sofreu deixaram-no em estado «extremamente critico» e Hayden não resistiu, acabando por morrer em 2017, época em que competia no Mundial de Superbike com a Red Bull Honda.