Gerard Garriga, 31 anos, médio-centro do Auckland City, fala a A BOLA do seu percurso de vida. Arrancou para a Nova Zelândia para aprender inglês e, dentro de alguns meses, estará a jogar no Mundial de Clubes, contra Benfica, Bayern e Boca Juniors. Um torneio que, diz, ao contrário do que afirmam muitas das figuras do futebol internacional, é «uma competição em que todos os jogadores gostariam de participar».
— Como é que foi parar a Auckland?
— Fui para a Nova Zelândia porque queria viajar. Terminei o meu mestrado e decidi ir para a Nova Zelândia, de mochila às costas, para aprender inglês. Quando cheguei, tive a oportunidade de experimentar algumas equipas. Seis meses depois, pude jogar por um clube. Fiz algumas boas temporadas, cheguei a uma equipa de primeira divisão e, depois de quatro anos no país, consegui chegar ao Auckland City. Já cá estou há três anos, tive bastante sorte com todo o nosso sucesso. Estou muito feliz por isso.
Para o Auckland City, esses jogos não são apenas uma experiência, são uma exposição ao Mundo.
— O Auckland City é muito dominante na Nova Zelândia. Como é o futebol no país? Como é que uma equipa domina tanto?
— É preciso muito trabalho, seja qual for o nível do futebol. Não importa se jogamos na primeira divisão, na quinta divisão, é sempre difícil ser consistente e ganhar no futebol. Há muito sacrifício, muito trabalho do clube, que tenta recrutar os melhores jogadores, e dos jogadores também. Não somos profissionais, mas treinamos e tentamos viver como se fôssemos. Treinamos muito, arduamente, mesmo tendo empregos fora do futebol. Mas a mentalidade do clube e dos jogadores, e especialmente da equipa técnica, é realmente profissional. Levamos isto muito sério e é assim que o sucesso acontece. Quando investimos várias horas, o sucesso está mais perto de acontecer.
— Daqui a uns meses, vão jogar contra Benfica, Bayern e Boca Juniors. Como foi a reação da equipa ao sorteio?
— Estávamos felizes por fazermos parte do Mundial de Clubes, com os melhores jogadores do Mundo, numa competição em que qualquer jogador, desde criança, gostaria de participar. Sabemos, por outro lado, que vai ser muito difícil. Jogaremos contra o Bayern, equipa que marca seis golos em jogos da Liga dos Campeões, sete golos em jogos da Bundesliga. É uma equipa incrível. Não é que tenhamos medo deles, mas temos muito respeito. Somos competitivos, mas somos o que somos, e sabemos todas as limitações que temos. Estamos ansiosos por esse jogo, mas sabemos que será muito difícil.
— Qual a sua opinião sobre o Mundial de Clubes?
— Estamos muito felizes e entusiasmados. Ter clubes de África, América do Sul, América do Norte, América Central e agora Oceânia a competir com os melhores é maravilhoso. Antes, tínhamos um de cada país e foi uma boa competição, mas não a melhor. Vai ser ótimo. Vamos ver quem é o melhor clube no torneio. Vai ser muito difícil para qualquer equipa. Vamos divertir-nos muito.
— Também é da opinião de que são demasiados jogos?
— Estamos felizes com isso. Para o Auckland City, esses jogos não são apenas uma experiência, são uma exposição ao Mundo. A Nova Zelândia — ou até mesmo a Oceânia — não tem essa exposição. Para os jogadores da nossa equipa, é a melhor oportunidade da nossa vida, especialmente para os jovens, que têm a oportunidade de jogar num torneio assim e podem ser vistos por muitas pessoas. Nunca se sabe o que pode acontecer depois disso. Para os clubes que jogam mais jogos, que estão no topo, diria que no futebol europeu, é uma visão diferente. Para nós, é apenas um torneio. Queremos disputar todos. É uma das melhores oportunidades da nossa vida, uma das melhores experiências. Estamos muito felizes com este torneio e esperamos que continue.