Quando viu Portugal jogar no último Mundial, quais foram as impressões com que ficou?
Fiquei muito impressionado com a forma como jogavam râguebi. A atitude que tinham, a vontade em trocar a bola e de jogar no espaço, o que é certamente o râguebi que prefiro ver e treinar; e, enquanto jogador, aquele que eu gostava de jogar. Por isso, foi algo agradável de assistir durante o Campeonato do Mundo que, em termos gerais, teve um bom nível de râguebi a ser exibido por todas as equipas.

Como é que compara essas sensações com as que ficou nos primeiros treinos e contactos com os jogadores, quando assumiu o cargo de selecionador nacional?
Bom, acho que agora há muito para o qual eu posso olhar em retrospetiva porque sou o treinador da seleção nacional. O que vimos no Mundial está muito longe daquilo que é a realidade do râguebi de Portugal. Aquela equipa foi preparada com um só objetivo em mente, que era competir no torneio e fizeram isso muito bem, não há dúvida em relação a isso. Mas, depois disso, acho que 10 ou 12 jogadores praticamente pararam de jogar ou de estar disponíveis, jogadores que não vi - e isto foi no espaço de seis ou oito meses. Portanto, é como se começássemos do zero praticamente. E essa é a realidade, que não me apercebi quando cheguei. Começar do zero também foi simplesmente não ter um plano de sucessão em prática. Tem sido difícil, mas muito bom, porque permitiu-me ver muito dos jogadores jovens e pô-los a treinarem de forma séria, para tentar desenvolvê-los e que consigam fisicamente jogar a um nível superior. Estão ainda muito longe do que esperaria, mas, agora, temos trabalhado arduamente ao longo dos últimos seis meses para desenvolver esses standards, colocá-los bem mais elevados, de modo a permitir à equipa ter um melhor desempenho e preencher os buracos que foram deixados por jogadores muito experientes.

Diria que a maior diferença dos jogadores e da seleção portuguesa para as equipas do Tier 1 é o lado mais físico?
É a velocidade do jogo e a capacidade para repetir a alta intensidade se os esforços tiverem que ser feitos uma e outra vez. Isso é o mais difícil para os nossos rapazes porque não estão expostos a isso. O campeonato português tem os seus méritos, já fui a bastantes jogos, conseguem ser muito duros fisicamente, mas, quanto à velocidade do jogo, a qualidade e a vontade das equipas em quererem jogar râguebi, não há muitas, é uma espécie de râguebi de risco reduzido, porque tem tudo a ver com os resultados. Já falei com alguns presidentes [de clubes] e, para eles, a questão não é desenvolver jogadores, é conseguir resultados, o que eu compreendo. O desafio aqui é, quando treinamos, empurrar os jogadores para lá dos níveis que atingem nos seus clubes, puxar ainda mais por eles nos treinos e tentar que o nosso nível aí seja muito mais alto - e aproximado do que é exigido a um jogador de râguebi internacional.

Existem poucos recursos no râguebi português, tanto na Federação como nos clubes. Portanto, como é que se consegue incentivar as equipas e os treinadores a puxarem pelo nível e intensidade dos treinos e dos jogos?
Acho que os meios estão lá para os treinadores tentarem chegar aos resultados que pretendem. Mas, quando os objetivos não são os mesmos, é aí que encontro problemas. Obviamente que o objetivo de um clube é ter a melhor prestação possível nas competições, eu entendo isso, eles não estão ali para preparar os jogadores para os jogos internacionais de fevereiro, a digressão de verão ou para o Rugby Europe Championship. Será que conseguimos então alcançar um ponto comum? Estamos a tentar. Temos tido boas conversas, os clubes estão recetivos a ouvir, o que tem sido bom em termos do desenvolvimento físico dos jogadores. Mas há, claro, uma limitação financeira no râguebi português e esse foi sempre o caso. Aquilo em que tenho esperança que consigamos fazer a diferença quando vêm treinar com a seleção nacional é que a experiência seja tão boa que eles queiram mesmo estar cá. Que sintam que estão a progredir e que estão a ter a atenção, individual e coletiva, que precisam para evoluírem enquanto jogadores. E vejo a geração mais nova realmente motivada com o que o grupo de 2023 fez e a exposição que lhes deu. Esse grupo fez muito pelos jogadores vindouros, mas agora temos de identificar a próxima geração.

Portugal foi campeão europeu sub-20 em 2024 e vai jogar no World Rugby Trophy este ano, uma espécie de Mundial B.
Como disse, temos conseguido expor muitos dos jogadores mais novos aos nossos treinos e espero que possamos ver os benefícios disso no próximo par de anos.

O Simon passou a parte mais recente da sua carreira em França, onde o râguebi é 100% profissional e está provavelmente o melhor campeonato europeu. Como foi vir desse contexto para o português quando há um abismo entre essas realidades?
Sim, mas há o ser profissional e o ser 'pro'. O profissionalismo é uma atitude, prefiro falar sobre isso. Se recuar ao início da minha carreira enquanto jogador, éramos profissionais em termos da nossa atitude quando estávamos na Nova Zelândia. Eu fui exposto aos All Blacks desde muito novo, tinha uma atitude muito profissional, mas ainda ainda era um estudante universitário. Nenhum de nós recebia qualquer dinheiro. Quando íamos em digressão com os All Blacks só nos pagavam 20 euros por dia. Não havia contratos e treinávamos duas vezes por semana, à noite, pelas nossas respetivas equipas. E qualquer outro trabalho - e na altura não levantámos pesos no ginásio como os jogadores fazem hoje em dia, o râguebi era diferente, não era tão físico -, tínhamos de fazer no nosso tempo. Mas a nossa atitude era profissional. Éramos 'pros'? Não, não recebíamos dinheiro [a era do profissionalismo no râguebi apenas começou a partir de 1995]. Mas tínhamos uma atitude profissional e éramos totalmente amadores.

TIAGO MIRANDA

É o que pretende para os jogadores portugueses que jogam em Portugal?
Vejo muito disso. E vejo que muitas das atitudes são muito melhores do que eu tive no Top14 [primeira divisão francesa] ou na ProD2. Eu treino no râguebi profissional há quase 20 anos e muitos destes jogadores amadores de Portugal mostram, certamente, traços muito mais profissionais do que jogadores que estão em organizações 100% em França.

No seu tempo viveu coisas semelhantes. A Nova Zelândia, porém, vive e sangra râguebi, há um campo em qualquer vila ou cidade pequena, a realidade é outra.
Sim, culturalmente, mas acho que isso é demasiado fácil. Se fores hoje à Nova Zelândia, se calhar há um quarto das pessoas a jogarem râguebi por comparação com o meu tempo. Eu estudava numa escola católica, só para rapazes, éramos 600 e com idade entre os 13 e os 18. Tínhamos 26 equipas de râguebi, ou 28, mais uma de futebol. Agora, quando regresso à minha escola, onde hoje estão os meus sobrinhos e o meu irmão é diretor de râguebi, provavelmente têm, no máximo, sete equipas de râguebi e, talvez, outras sete de basquetebol. As coisas mudaram por completo. E a Nova Zelândia é como qualquer país, as gerações atuais foram expostas a muito mais coisas e as escolhas são vastas e variadas, o que é fantástico. Quando nós estávamos a crescer simplesmente não fomos expostos a essas coisas. Em 1982, quando a Nova Zelândia foi ao Mundial de futebol pela primeira vez, eu era maluco por futebol, tinha 11 anos e acompanhei os All Whites apaixonadamente quando foram a Espanha e perderam 5-2 com a Escócia e 4-0 com o Brasil. Estávamos todos aos pulos, como qualquer miúdo na altura, e às vezes jogávamos futebol na escola - provavelmente por não termos autorização para o râguebi nos recreios, caso contrários sujávamos os uniformes [ri-se]. Em Portugal, claro, os jovens querem é futebol, futebol e futebol, mas o râguebi é jogado por crianças, já fui aos clubes e vi os programas que têm para o râguebi infantil, portanto ele existe, está lá. Nunca vai derrubar o futebol, mas está a encontrar o seu lugar. E nós somos parte disso, de construir a partir do sucesso da seleção do Mundial de 2023, temos de o fazer e o nosso desafio é sermos consistentes no que estamos a fazer para isto não ser um ato único a cada quatro anos.

Mas, do que já conhece do contexto português com o tempo que tem cá, como é que se aproveita esse efeito que o Campeonato do Mundo teve?

É extremamente difícil, porque essa capacidade para navegar nas costas de uma popularidade acabou há muito. Esse barco partiu, provavelmente, no início de 2024. Eu cheguei bem depois disso, esse ciclo terminou, agora estamos a começar um novo. Mas desde que cheguei já tivemos quatro jogos.

E logo todos bastante difíceis.
O que é ótimo! Tivemos uma grande exposição, foram experiências incríveis para os jogadores. A de Bloemfontein [onde Portugal jogou contra a África do Sul, bicampeã do mundo] foi incrível. Para mim, ver os adeptos portugueses lá... Tendo em conta o que viajei durante os anos, vi que Portugal está espalhada por toda a parte. Vi tanta gente no aeroporto à nossa chegada da Namíbia, onde o apoio foi igual. Foi especial constatar esse orgulho nacional. Acho que os rapazes não se apercebem realmente o que isso é até viajarem e experienciarem a vida noutras culturas. Eu estou na Europa desde 1996, portanto estou bastante bem posicionado para julgar isso e acho que é bastante especial aquilo do qual os jogadores da seleção fazem parte. Temos essa popularidade, esse orgulho nacional, temos de construir sobre isso e acho que liga com aquilo que já falámos: ter uma experiência desfrutável na seleção nacional, num ambiente em que todos queiram cá estar. Se tivermos isso, aqueles jogadores que são elegíveis para jogar por França e Portugal, talvez aí Portugal se possa tornar algo muito sério para eles. Mas, para o fazermos, temos de mostrar que estamos bem organizados, temos uma direção clara em relação ao que estamos a fazer e que isto não é só um ato único a cada Mundial, para nos tentarmos qualificar e pronto, boa. Não, isto tem de ser performances consistentes todos os anos - e ainda não estamos nesse nível.

Num mundo ideal, o perfeito seria Portugal poder ter a cada ano vários jogos contra seleções do Tier 1 para os jogadores terem contacto regular com esse patamar?
Claro que sim. Mas com a forma como o calendário do râguebi está organizado isso está a ficar crescentemente mais difícil de conseguir, isso é certo. Mas termos jogado, em duas das quatro partidas [em termos de test matches, que são jogos particulares entre seleções] em 2024, contra a seleção líder do ranking e a que estava no 6.º lugar, foi especial. Só temos jogos em julho, ainda falta muito, temos coisas mais importantes em que nos focar agora. Mas este tipo de jogos têm de ser merecidos, não podem ser só partidas do tipo solidariedade, em que os países pensem 'vamos lá fazer algo simpático pelo pobre Portugal'. Não, tem de ser porque mostramos desempenhos consistentes. Falando economicamente, é viável vir jogar um jogo a Portugal, o público existe e é uma nova experiência para as equipas que cá venham. E muito isso depende de nós também.

Jane Barlow - PA Images

O que mais aprendeu dos jogadores e da equipa dos encontros contra a África do Sul e a Escócia?
Certamente que não se sentiram intimidados por qualquer desafio. Tive receio pelo físico dos jogadores na partida contra a África do Sul, para ser honesto. Quando saíram para o aquecimento no campo e os vi, sabia que eram tipos grandes, mas nunca tinha estado no relvado a treinar contra os springboks, também foi uma experiência para mim - e shit, eles eram mesmo, mesmo grandes. Pensei que tinha rapazes novos ali a jogarem o primeiro ou o segundo test match à frente de 60 mil pessoas e, ainda assim, os nossos jogadores aguentaram-se, fomos incrivelmente generosos na forma como se sacrificaram uns pelos outros. Não acompanhámos o ritmo em termos da qualidade do nosso râguebi, mas criámos oportunidades, marcámos ensaios, falhámos ensaios. Se merecemos sofrer 64 pontos contra os 21 que marcámos? Não. Se tivesse sido 45, 50, 58, poderia ter vivido melhor com isso. O jogo com a Escócia foi muito mais disputado do que o resultado sugeriu [21-59], 'demos' ensaios com interceções, mas criámos muito jogo, jogámos muito râguebi. Senti que houve muito para aprender e, de novo, penso que tem muito a ver com a consistência no treino, no desempenho, na frequência com que treinamos juntos para eliminarmos erros. Houve muito a aprender e muitas coisas positivas a retirar.

Este fim de semana arranca o Rugby Europe Championship, que vai qualificar para o próximo Mundial, de 2027. Teoricamente, será mais fácil lá chegar: as primeiras duas equipas de um grupo de quatro têm acesso direto.
É exatamente aí que isso termina, na teoria. Cada semana tem de ser encarada como a mais importante, porque é, temo-nos focado em garantir que controlamos o que podemos, assegurar que todos compreendem o mesmo - os nossos jogadores que estão em Portugal e os que vêm de França. Temos dado mensagens positivas aos jogadores para garantir que estão prontos e no melhor estado mental para terem rendimento no sábado [contra a Bélgica, no Estádio do Restelo].

Nos últimos anos e até antes do último Mundial, por vezes os clubes franceses não libertaram os jogadores para se juntarem a estágios da seleção nacional, porque não estão obrigados a fazê-lo. Essa é uma das partes mais complicadas de treinar Portugal?
Sim, é difícil. Eu já estive do outro lado e treinei em clubes franceses durante 10/15 anos, estou bastante bem posicionado para saber com o que estou a lidar, para entender o porquê. Isso não faz com que seja mais fácil. Estes problemas com que lidamos, a Roménia já lidou com eles, a Bélgica enfrenta-os também, a Alemanha, a Geórgia também. É um problema que provavelmente só a World Rugby pode resolver. É difícil quando o jogador é apanhado no meio, fica com essa pressão extra e depois vê isso ser usado como um ponto em [discussão] de contratos. Tentei ser extremamente acomodativo nos jogos de novembro, sabendo que quando chegássemos a esta altura teríamos o apoio total da World Rugby para sermos capazes de convocar e usar os jogadores que quiséssemos. Mas, ainda assim, é muito desafiante.

Entre os convocados para o Rugby Europe Championship estão quase todos os jogadores mais importantes da seleção, inclusive os que competem em França.
De novo, mesmo que estejamos sem alguns, estou muito feliz com o equilíbrio e a mistura que temos no plantel. As lesões também vão acontecer, como está a ser o caso agora, temos um par de rapazes de fora. Não vamos dar desculpas, iremos sim é garantir que a equipa que colocarmos em campo está totalmente comprometida a jogar da forma que sentimos que o râguebi português deve ser jogado.

A lista de jogador é longa: chamou 56, o que é bastante.
Sim, é grande, mas sabendo, obviamente, quem está lesionado, provavelmente haverá oito jogadores riscados dessa lista para o primeiro jogo e alguns outro depois. E também quero usar isto como um período de desenvolvimento, há jogadores que não conheço de todo, para os expor a um nível mais elevado. Claro que isto tem a ver com ganhar, ter rendimento e sermos o melhor que conseguirmos neste torneio, mas não podemos pensar apenas em um ou dois jogos, mas sim em desenvolver todo o nosso talento à medida que avançamos.

O sorteio foi feliz para Portugal, dado que apenas defrontará a Roménia no último encontro? Se ganhar contra a Bélgica e Alemanha, é provável que já tenha garantido ficar num dos dois primeiros lugares do grupo.
Nem sequer olharia para o sorteio. Sei apenas que temos três jogos nos quais temos de render onde, como e de que maneira for. Temos de ter rendimento. O desafio é esse.

TIAGO MIRANDA

Nos seus tempos de jogador era médio de abertura. O que acha dos jogadores que convocou para essa posição?
Tenho um que está fora, o Domingos Cabral, de quem fiquei impressionado com o seu arranque de carreira no râguebi internacional, contra a Namíbia. Depois teve 40 minutos contra a África do Sul. Tem tido algumas lesões, não tem conseguido prosseguir como ele e eu gostaríamos, teria adorado ver muito mais dele. O Manuel Vareiro tem sido brilhante, a sua maturidade e a forma como guiou uma seleção sub-20 muito boa ao título europeu, na República Checa, foi formidável, mostrou que não era afetado por nada e o seu crescimento tem sido incrível. Está a mostrar o trabalho que tem feito. E depois temos o Jonis Moura que tem jogado muito esta época a defesa, com a sua equipa no ProD2, mas muito bom râguebi. E o Hugo Aubry também, que jogou muito [na seleção] o ano passado, mas não tem tido as oportunidades para jogar no seu clube, em França, portanto é mais desafiante e vimos isso no jogo contra os EUA, que foi o seu primeiro em algum tempo a este nível e notou-se que estava um pouco fora de ritmo. Mas trazê-los para cá cedo para treinarem connosco e serem expostos ao nosso ambiente espero que tenha ajudado. Mas, falando de forma mais geral sobre os 10s, têm-se desenvolvido muito bem.

Quanto aos médios de formação, convocou o Francisco Pinto de Magalhães, que tem 38 anos e em tempos foi o capitão da seleção, mas a sua última internacionalização foi há oito anos.
Tivemos uma potencial complicação com um dos nossos outros 9s devido a um processo disciplinar em França...

O Samuel Marques.
Portanto, poderíamos ficar com três médios com menos de 23 anos, isto numa posição onde sentimos que precisamos de experiência. Eu não estava preparado para tomar esse risco. Vendo a forma como tem jogado no CDUL, sabendo da sua relação com os jogadores não só do seu clube, mas do campeonato português; do quão em forma se apresenta, da sua capacidade para permanecer calmo, estes foram elementos-chave - em vez de expor os mais novos a circunstâncias difíceis. Toda a gente sabe o que está em jogo, não nos podemos esconder dos resultados, todos compreendem. Mesmo que não queiramos ir pela importância da ocasião e que eu não queira depositar pressão extra nos jogadores, certamente que ter a influência mais sábia dos mais velhos não é uma coisa má.

Ouvindo-o dizer isso, deduzo que esteja à espera que os jogadores mais velhos, entre os que estiveram no Mundial de 2023, se cheguem à frente?
Acho que os mais novos, da nova geração, também querem estar envolvidos, eles são muito confiantes nas suas capacidades de acrescentar algo à equipa. E mesmos os mais novos que foram ao Campeonato do Mundo, esperamos que continuem a progredir e a construir em cima dessa experiência. Estou a falar dos Stortis, dos Rodrigos Martas, dos Vincent Pintos, dos Simão Bentos, do António Cardoso Pinto também. Estou a olhar para eles, para que o Nicolas Martins dê outro passo em frente enquanto líder. Que todos não esperem apenas que alguém apareça, que não esperem que seja o Tomás Appleton a assumir ou o José Lima. É isso que espero e acho que os rapazes estão muito confortáveis com o seu nível de râguebi.

Por exemplo, o António Cardoso Pinto representa um dos outros desafios com os quais tem de lidar dentro da realidade do râguebi português: recentemente soube-se que vai jogar para o Uruguai, mas a reboque da sua profissão, porque vai trabalhar para lá.
E vamos aceitar isso, eles vão ser puxados de todos os lados por causa do trabalho e de oportunidades profissionais que surjam, é o que é. Não temos o Duarte Torgal envolvido, de todo, nesta fase, devido à sua profissão. A realidade é esta. Por isso temos de ter mais jogadores e daí ter falado na importância de ter um plano de sucessão, para que outros rapazes sejam expostos ao râguebi internacional, seja nos sevens ou nos Lusitanos [clube que é uma espécie de seleção para defrontar equipas de outros países]. Para que quando tenhamos um buraco haja gente para chamarmos. Não estamos a depender de um grupo de três 9s com 23 anos para preencherem um vazio. Claro que a lesão do Pedro Lucas foi uma desilusão para todos nós, porque ele estava a progredir muito bem, mas pronto, é o que é. A oportunidade do CP [alguma de António Cardoso Pinto] é uma ótima experiência para ele, vamos lidar com isso e ver o que acontece quando regressar. Esperemos que o faça em boa forma e pronto a atuar.

O estilo do râguebi português tem muito jogo à mão, as linhas atrasadas a envolverem-se bastante nos movimentos ofensivos e um ataque muito dinâmico, como vimos no Mundial. Como é que pretende trabalhar com esta base?
Queremos ter uma formação ordenada dominante, um alinhamento que trabalhe muito bem e uma defesa muito forte. Os nossos jogadores adoram ter a bola na mão, eu quero vê-los a adorarem defender, a adorarem placar e adorarem o contacto. Assim que consigamos isso e sejamos equilibrados nos dois lados da bola, aí podemos começar a ser consistentes nas nossas exibições. Temos de continuar a desenvolver o grupo dos mais novos, as suas aptidões, as de todos, para jogarmos o râguebi no qual acreditamos para o jogarmos sempre - e não apenas numa vez ou outra, ocasionalmente.