Esteve perto de se montar uma inquietação em cima do intervalo. Dudu bateu o penálti e Samuel Soares, como se lhe tivessem contado antes para onde ia a bola, defendeu. O marcador (2-0) era escasso para as oportunidades que o Benfica criou. Durante o tempo de compensação da primeira parte, um toque de António Silva na perna de Paulinho Bóia foi o motivo pelo qual o guarda-redes dos encarnados teve que agir.

O protagonista do erro criou um déjà vu face ao que se passou contra o Barcelona a meio da semana. Também aí António Silva entregou a Raphinha a decisão do jogo. Neste caso, frente aos insulares, o Benfica estava em vantagem no momento do descuido, mas não tanto quanto podia. Caso a defesa de Samuel Soares não tivesse acontecido, a equipa de Bruno Lage podia ter ficado exposta a um desconforto desnecessário. A ideia é que o Benfica faz pior a si próprio do que os adversários.

Mesmo havendo um certo temor sempre que Bruno Lage enfrenta um jogo do campeonato fazendo mudanças como se estivesse a abordar um jogo da fase de grupos da Taça da Liga, o Benfica acabou por vencer de maneira confortável, mas relativamente curta (3-0). Além disso, foi na Luz que se começou a jogar a segunda mão dos oitavos de final da Liga dos Campeões, gerindo fisicamente os jogadores para a viagem à Catalunha.

FILIPE AMORIM

Cedo o Benfica ganhou vantagem. Momentos sucessivos de deslumbramento de Zé Vitor e Lucas França levaram Dahl a recuperar a bola. Impedido de seguir em frente, deu ao lado, em Zeki Amdouni finalizador do momento alto da tarde.

O Nacional, treinado por Tiago Margarido, ousava tentar construir com os centrais quase colados à própria linha de fundo. O Benfica não teve dificuldades em acertar a pressão e recuperar várias vezes a posse em zonas adiantadas. Quando conseguiam progredir, a fonte de inspiração dos madeirenses para gerir a posse era Luís Esteves.

Muito do engodo que o Benfica tentou provocar ao 5-4-1 do adversário passou por Bruma. O reforço de inverno partia de uma área próxima de Belotti, no centro, estando bem posicionado para ser incisivo em ataques rápidos. Assim o fez na segunda parte no momento em que atirou ao beijo entre o poste e a trave. Quando as definições eram alteradas para o modo ir com calma, Bruma abria à esquerda para que Dahl se infiltrasse no meio. Álvaro Carreras mantinha-se sossegado junto dos centrais para uma saída a três.

FILIPE AMORIM

Dos jogadores titulares nas águias, poucos são aqueles que podem dizer que não tiveram oportunidade de rematar em locais propícios ao golo. Lucas França defendeu quase tudo. Andrea Belotti foi o cúmulo do desperdício. Acabou então por ser difícil compreender que só da marca de grande penalidade Kökçü e Pavlidis tenham conseguido dar outro volume ao resultado. Já o Nacional, na segunda parte sonolenta do Benfica, com pouco ia fazendo muito. Dudu esteve perto de ser feliz.

Indicam os conceitos gerais do pragmatismo que não deve ser questionada a elegância dos métodos quando o resultado é o que se pretende. Nesse caso, o Benfica verá com agrado a maneira como atingiu os 56 pontos. Olhando para o resultado com uma lente que valorize mais a gula, nem tanto.