
Os treinadores esperavam um jogo 50/50 e até devem ter passado os últimos dias focados num plano coletivo, mas é impossível sair de Roma sem a impressão de que Paulo Dybala pratica uma modalidade muito específica, à parte dos comuns mortais que correm, suam as camisolas, dão o seu melhor, mas claramente não nasceram com este talento. O FC Porto não fica isento de erros, mas sobretudo deixa a sensação de que não tinha armas (individuais ou não...) para ir mais longe nesta competição.
O LUXO DE TER DYBALA
Curiosamente, a Roma começou por apostar mais no jogo aéreo (cabeceamentos de Pellegrini aos 5’ e Shomurodov aos 14’ e 24’), sobretudo enquanto Otávio conseguiu desarmar Dybala pelo chão (por vezes fora das regras, e daí o cartão amarelo para o central portista logo aos 26’). O FC Porto tentava responder com a ajuda do pé esquerdo de Fábio Vieira e a rapidez de desmarcação de Pepê, mas atrás voltou a ser notória a dificuldade dos centrais na primeira fase de construção.
Até aqui, Martín Anselmi não tinha explicação para os dragões não marcarem nas primeiras partes desde que chegou, mas Samu fez questão de arrumar o assunto: aos 27’, recebeu e marcou de pontapé de bicicleta! Estava desde dezembro à espera deste momento e celebrou-o tanto que os adeptos italianos ficaram a assobiá-lo durante o resto da partida.
Só que o entusiasmo dos azuis e brancos durou pouco tempo, e muito por culpa de Paulo Dybala, que bisou em apenas quatro minutos (35’ e 39’). Quem tem jogadores assim, pode dar-se a estes luxos...
FC PORTO COM MENOS UM
Se o cenário já estava difícil para o FC Porto, pior ficou logo aos 51’, com a expulsão de Eustáquio, pouco depois de os dragões terem pedido a de Dybala. Não mexeu logo Anselmi e ficou à espera de ver como a equipa se conseguia equilibrar sem um médio, mas o que viu foi o compatriota argentino da Roma insistir nos estragos na defesa portista: assistiu Shomurodov (55’) e Angeliño (56’) e só por muito pouco não sofreram os visitantes de novo (houve até um golo anulado aos da casa, por fora de jogo. E sim, seria assistência de Dybala).
Entrou então Gonçalo Borges para o lugar de Pepê, e mais tarde Anselmi arriscou mesmo, tirando Otávio e fazendo entrar Rodrigo Mora. Ainda a equipa estava a assimilar as mudanças e Samu teve oportunidade de ouro: em frente a Svilar, atirou ao poste da baliza! Havia alguma esperança no FC Porto e a tripla substituição aos 82' era prova disso mesmo, mas um minuto depois Pisilli marcou e os corações azuis e brancos sentiram o adeus aos oitavos de final da Liga Europa. E não pense que por momentos me esqueci: Dybala esteve na jogada, pois claro. Saiu debaixo de ovação do Olímpico, tamanha foi a evidência da diferença que fez, e nem o 3-2 para os dragões (marcou Rensch, na própria baliza) estragou a noite em que o argentino carimbou o passaporte da Roma para os oitavos de final da Liga Europa. Ao FC Porto, só resta agora o campeonato...