
O encontro entre Dinamarca e Portugal, agendado para a noite desta quinta-feira, foi o pretexto perfeito para navegarmos pelos dossiês da memória e respondermos à questão: como foi o último encontro entre as duas seleções?
Por incrível que pareça, sobretudo tendo em conta o passado recente de sucesso das duas seleções - ainda que em diferentes escalas, com Portugal a conquistar títulos e a Dinamarca a ir recorrentemente às grandes provas -, é preciso recuar sensivelmente dez anos para encontrar o último embate entre ambas as formações.
Ainda assim, vale a pena fazer o esforço e recordar o duelo que foi feliz para a seleção das quinas e que deu início a um dos capítulos mais bonitos - talvez, o mais - do futebol português.
Moutinho aos 66'
Apesar de ter começado a classificação para o Euro 2016 com o pé esquerdo - derrota caseira contra a mais que modesta Albânia, que ditou o despedimento de Paulo Bento -, Portugal dispôs da oportunidade de selar o apuramento para a grande prova na penúltima jornada. Pela frente, como já deve ter percebido, caro leitor, estava a Dinamarca.
A cidade de Braga vestiu-se de gala para a ocasião e os quase 30 mil adeptos na bancada, ainda que cientes da exigência do desafio, queriam festejar a classificação, sem adiar as decisões para a última jornada.

Nani ainda cabeceou ao ferro, no primeiro tempo, mas o encontro pautou-se sobretudo pelo equilíbrio: estava mais do que visto que o golo, a existir, seria num lance de inspiração, um rasgo de génio.
Aí, apareceu Moutinho - e, quem diria, na sequência de um canto. Com a bola a sobrar na meia-lua, o pequeno médio tirou dois gigantes dinamarqueses da frente, enquadrou-se e colou a bola no fundo das redes, apesar dos esforços dos dois defesas e guarda-redes, que se tentaram intrometer no caminho da bola. Quatro toques e um país à procura de alojamento para passar um mês do verão de 2016 em França.
Assim, João Moutinho fez o primeiro golo da conta pessoal no Estádio Municipal de Braga. Curiosamente, dez anos depois, o médio leva 73 jogos pelo emblema da casa - a nível de golos, só marcou mais um em Braga- ainda vai a tempo de aumentar a contagem!
E nunca nada muda
As frases feitas obrigam-nos a recordar que o futebol é um jogo de centímetros e de segundos. Lesões, variações de forma, de táticas, trocas de clubes, treinadores... No futebol, por todos os motivos e mais alguns, tudo muda.
Ora, Portugal e Dinamarca parecem fugir à regra, seleções com intervenientes aparentemente inabaláveis perante este conceito popularmente garantido.
Dos convocados da última década para os do presente, existem sete que se mantêm intactos, que não arredam pé do lote de felizes chamados para representar o respetivo país.
Do lado português: Cristiano Ronaldo - claro -, Bernardo Silva - que fazia furor ao serviço do Monaco - e Nélson Semedo - ficou no banco e estreou-se no duelo seguinte, na Sérvia - são os homens imunes ao passar do tempo.

Já a Dinamarca contou e conta com Kasper Schmeichel, Pierre Hojbjerg, Christian Eriksen e Jannik Vestergaard - fizeram parte da entusiasmante e promissora geração dinamarquesa e, agora, são os que incutem experiência no grupo.
As curiosidades estão notadas e os dados estão lançados. Dez anos depois, há espaço para a vingança dinamarquesa ou para uma nova demonstração de superioridade lusa?