
O Chaves está a seis pontos dos lugares de subida automática à 1ª Liga, mas o técnico Marco Alves, assim como a equipa, continua focado em vencer essa luta e conseguir o regresso ao escalão máximo do futebol português o quanto antes.
Em entrevista à Liga Portugal, o treinador, antigo adjunto de Vítor Campelos, revelou já ter uma promessa em caso de subida dos flavienses à Liga Portugal Betclic. "Tenho uma caminhada com algumas pessoas do staff se cumprir isto. Onde? É aqui a um santo de Chaves, já o fizemos quando subimos de escalão [2021/22] e vamos fazê-la novamente, com toda a certeza", atirou Marco Alves, ciente de que é possível continuar um percurso já impressionante na 2ª Liga.
Contudo, esta não foi a única revelação de uma entrevista longa e detalhada das caraterísticas técnicas de Marco Alves. Questionado se prefere analisar os jogos acompanhado ou sozinho, o técnico afirmou que a primeira análise tem de ser sempre individual. "Não gosto de ser influenciado e, muitas das vezes, se estivermos a ver os jogos juntos, há sempre influências e eu gosto de, na primeira vez, ver sozinho. Depois, discutir a ideia, o nosso analista faz os cortes e as análises e, depois, vamos dando as nossas ideias", explicou, salientando que "antes de apresentar aos jogadores tudo é discutido pela equipa técnica", e, muitas vezes, até dá o braço a torcer: "Se há ideias que não são comuns, são expostas e eles têm razão. Felizmente tenho a capacidade de perceber e muitas vezes vou por aí."
Outros assuntos da entrevista a Marco Alves:
O que faz na noite anterior aos jogos? "Durmo, felizmente ainda consigo dormir. Há momentos em que estamos a acertar algumas coisas na nossa cabeça, mas, na maior parte dos jogos, sei que muitos colegas meus têm dificuldade em dormir. Não preciso de tomar medicamentos."
Costuma falar com os seus colegas de profissão após os jogos? "Depende. Alguns treinadores sim, com quem tenho uma relação muito boa, mesmo de amizade. Falo muitas vezes com eles, no dia seguinte posso mesmo falar do jogo. Mas outros treinadores com quem não tenho grande confiança, não falo assim tanto. Mas há casos, este ano, de treinadores com quem eu privei a primeira vez e, depois, no final do jogo, conversámos um bocadinho. No jogo com a Oliveirense (António Torres Campos). Recordo-me também com o Luís Pinto, do Tondela. Falámos um bom bocado. Mas, mais habitual, é com quem me dou melhor: o Ricardo Silva, conheço há muitos anos, chegámos a fazer quase parte da mesma equipa técnica; o Nélson Veríssimo [Benfica B], o Marco Pimenta, que é adjunto dele, ou o Vítor Martins [Feirense]... vou correr o risco de falhar algum e darem-me na cabeça [risos]. O Paulo Alves, mais ou menos, mas tenho boa relação com os adjuntos dele. Mesmo amigos que tenho, foram pessoas que partilharam comigo muito tempo no curso UEFA A ou UEFA Pro várias semanas em Quiaios."
Se falo com outros treinadores da 2ª Liga? O Ricardo Silva, que conheço há muitos anos, chegámos a fazer quase parte da mesma equipa técnica; o Nélson Veríssimo [Benfica B], o Marco Pimenta, que é adjunto dele, ou o Vítor Martins
Marco Alves
Treinador do Chaves
Quantas horas do dia passa a ver jogos da 2ª Liga? "Vejo muito. Já estive nesta Liga, com o Chaves, depois subimos de escalão. Mas acho que nos focamos muito no campeonato onde estamos inseridos. Agora vejo muitos mais jogos com atenção, da Liga Portugal Meu Super. Confesso que no ano passado não via muito jogos da 2ª Liga. Há alguns jogos que davam ao mesmo tempo em que voltávamos para casa e aí sim. Se forem dos adversários seguintes, os últimos três quatro jogos vejo na íntegra de todos os adversários que vou defrontar. Depois, os jogos da 1ª Liga, que são importantes, vejo por gostar de futebol e também para me questionar e retirar ideias para o nosso jogo."
A quantos dias do jogo é que começa a prepará-lo? "Se houver especificidade no adversário, podemos começar a pensar, pela maneira de pressionar ou construir, mais cedo. Mas normalmente nos últimos dois treinos da semana é que pensamos um bocadinho. Os restantes, são mais direcionados para a nossa própria equipa."
Continua a participar das brincadeiras com os jogadores? "Menos. Quando era adjunto fazia mais, agora aqueles túneis e essas coisas não me importo. Ainda não fiz anos, mas quando fizer passo com todo o prazer. Mas tenho uma boa relação com todos eles e sou aberto a essas brincadeiras, não fico chateado. Normalmente quando ganho, o que mais ouço é 'folga, folga, folga'. É o que mais ouço deles, é a música que mais gostam de cantar [risos]."
Desliga-se do futebol mal o jogo acaba? "Depende para onde eu vou. Se o jogo for fora, dificilmente desligo. Se for em casa, fico aqui no estádio ainda um pedaço, bastante tempo. Depois, ou fico com os adjuntos ou com a direção, muita gente relacionada ao clube. Depois, tenho que viajar de Chaves para Guimarães e aproveito e vou respondendo às chamadas. Depois, chegando a casa, já não vejo o jogo, já dedico mais tempo à família. No dia seguinte, acordo cedo e vejo o jogo quando toda a gente está a dormir. Quando o resto da família acordar, já tenho o trabalho feito."