
O campeonato aproxima-se do fim, com os rivais Sporting e Benfica a discutir o título taco a taco. O antigo médio Manuel Fernandes, formado nas águias, mostra-se convicto de que o emblema onde se fez jogador acabará por festejar no Marquês no final da temporada. "O meu 'feeling' é o Benfica. Isto não tem nada a ver com a questão clubística. Apesar de o Sporting ter entrado agora numa dinâmica de vitória, acho que o Benfica contratou bem no mercado de inverno, reforçando-se com Dahl e Bruma. Além disso, o Pavlidis deu um salto qualitativo e ainda há o Di María que vai voltar de lesão", explicou em entrevista à 'Betano'.
O calendário também dá uma ajuda às águias, segundo a leitura do antigo internacional português, de 39 anos, que terminou a carreira em 2023 nos iranianos do Sepahan. "Há um dérbi na penúltima jornada e, nesse aspeto, o Benfica está em vantagem porque joga em casa", referiu Manuel Fernandes, que ajudou os encarnados a conquistarem um campeonato (2004/05), uma Taça de Portugal (2003/04) e uma Supertaça (2005/06).
O título de 2004/05 foi especial uma vez que quebrou uma longa seca. "O Benfica estava pouco habituado a ficar tantos anos sem ganhar e havia um bocado de ansiedade. Vinha já de muitos anos com dificuldade em competir", recorda, destacando o papel do técnico José Antonio Camacho. "Foi bastante importante num contexto difícil pois apanhou o FC Porto de José Mourinho. Ganhámos uma Taça de Portugal a esse FC Porto que, passados uns dias, ganhou a Liga dos Campeões. Eram muito regulares e consistentes, mas o míster Camacho conseguiu trazer competitividade e reduzir o receio de querer competir", frisa.
Em jeito de balanço de uma carreira que o levou a Inglaterra, Espanha, Turquia, Rússia e Grécia, Manuel Fernandes dá a entender que não deixou a Luz com o sentimento de missão cumprida. "Para isso acontecer deveria ter jogado mais tempo no Benfica. É dessa forma que olho para essa situação. Tenho noção que se tivesse continuado teria feito imensos jogos com a camisola do Benfica. Por várias circunstâncias isso acabou por não acontecer, mas o sentimento manteve-se sempre. Não teria sido jogador profissional sem a ajuda do Benfica", destaca.
Durante a entrevista, o antigo médio recordou os tempos em que se cruzou com Ruben Amorim nas camadas jovens dos encarnados. "Se achava que ele ia dar treinador? Não consigo responder a isso. Como profissional não o apanhei muitas vezes, apanhei mais nos sub-21 mas pelo estilo de jogo até poderia dizer que sim porque era um pensador", explica, justificando: "Ele tentava sempre tomar a melhor decisão no momento certo. Há jogadores mais instintivos e outros que pensam 20 vezes antes. Faz sentido que se tenha tornado treinador e que tenha o sucesso que está a ter agora."
Tema de conversa foi também Cristiano Ronaldo e a meta dos mil golos. "Se ele vai chegar aos 1000 golos? Não tenho dúvidas, é uma questão se quer ou não quer. Se ele quiser chegar... chega, se não quiser chegar, não chega. É uma opção dele", afirma Manuel Fernandes, elogiando o antigo colega de Seleção. "A nível de competitividade e mentalidade... é importante perceber o motivo pelo qual ele conjuga esse talento todo de forma tão produtiva. O talento diferencia, mas a capacidade mental...", aponta.