O FC Porto condenou esta segunda-feira os incidentes ocorridos durante o jogo com o Benfica no Estádio do Dragão, que envolveram os adeptos portistas e as forças de segurança, responsabilizando os adeptos 'encarnados' pelo sucedido.

"Os incidentes foram provocados pelo lançamento de artefactos pirotécnicos por adeptos da equipa visitante para a zona da bancada ocupada por sócios e adeptos portistas. Tal ocorrência desencadeou uma situação de pânico e apreensão junto das pessoas que assistiam ao jogo, algumas das quais crianças, e o arremesso desses objetos incandescentes originou ferimentos em duas delas", pode ler-se no comunicado dos 'dragões'.

O clube 'azul e branco' revelou também que se reuniu esta segunda-feira com o Comando Metropolitano da PSP do Porto para "apurar as causas deste incidente e identificar os seus autores, bem como os motivos da intervenção protagonizada pela PSP".

O que se passou no Dragão?

Nos minutos finais da primeira parte, a força de intervenção foi chamada à bancada norte do Estádio do Dragão. Aos confrontos com elementos da claque Coletivo 95, a polícia respondeu com o disparo de balas de borracha.

A ação da polícia já foi criticada pela Associação Portuguesa de Defesa do Adepto, que pediu a intervenção da Inspeção-Geral da Administração Interna, por considerar que os disparos à queima-roupa foram desproporcionais e perigosos, colocando em causa a integridade física dos adeptos.

A ira da claque portista terá sido motivada pelo que aconteceu minutos antes, na zona reservada à equipa visitante.

Os adeptos do Benfica entoaram insultos ao antigo presidente Pinto da Costa, rebentaram petardos e acenderam várias tochas, com as quais incendiaram uma tarja do FC Porto.

Pelo menos uma tocha ultrapassou a rede de proteção e caiu na bancada inferior, onde estavam adeptos da casa, incluindo famílias com crianças.

O comunicado do FC Porto:

"O FC Porto lamenta e condena veementemente os incidentes ocorridos este domingo no Estádio do Dragão, envolvendo as forças de segurança e adeptos do Clube.

Os incidentes foram provocados pelo lançamento de artefactos pirotécnicos por adeptos da equipa visitante para a zona da bancada ocupada por sócios e adeptos portistas.

Tal ocorrência desencadeou uma situação de pânico e apreensão junto das pessoas que assistiam ao jogo, algumas das quais crianças, e o arremesso desses objetos incandescentes originou ferimentos em duas delas.

Ao contrário do esperado, a intervenção dos elementos das forças de segurança ali presentes mostrou-se inadequada e desproporcionada, culminando numa carga policial e no disparo de munições não-letais por um dos agentes da Polícia de Segurança Pública (PSP) - ferindo dois adeptos do FC Porto, que receberam assistência no local.

O Clube reuniu esta segunda-feira com o Comando Metropolitano da PSP do Porto para apurar as causas deste incidente e identificar os seus autores, bem como os motivos da intervenção protagonizada pela PSP, e imputar as devidas responsabilidades a quem terá exacerbado os poderes de atuação em vez de repor a segurança pública.

Além da exposição sobre as ocorrências deste domingo, o Clube relembrou a PSP de que este tipo de comportamentos por parte dos adeptos do SL Benfica é recorrente (não só no Estádio do Dragão) e que os diversos episódios ocorridos na madrugada anterior em vários pontos da cidade, sempre com o recurso a artefactos pirotécnicos, indiciavam a intenção de os utilizar durante o clássico - o que veio a suceder, colocando em perigo quem se deslocou ao Estádio do Dragão.

Sendo este um tema que requer especial cuidado e que está no topo das preocupações do FC Porto, o Clube demonstrou muita consternação perante o sucedido, lamentou que a ação preventiva não tenha produzido quaisquer resultados e que a resposta das autoridades tenha falhado, colocando, mais uma vez, a segurança dos portistas em risco.

Na sequência desta reunião, o Comando Metropolitano da PSP irá iniciar um processo de averiguações no sentido de apurar todos os factos e responsabilidades decorrentes dos diversos episódios que atentaram contra a segurança dos adeptos do FC Porto.

Qualquer ação que coloque em perigo a segurança dos espetadores num recinto desportivo deve ser alvo de uma atuação célere e consequente por parte das autoridades, dos clubes e de todas as entidades com responsabilidades neste campo, no sentido de banir do desporto em geral, e do futebol em particular, todos os fenómenos promotores de insegurança e de violência.

Recorde-se que esta temporada o FC Porto foi sancionado com um jogo de interdição do Estádio do Dragão por uma situação idêntica, provocada por um adepto que lançou um objeto semelhante para uma bancada repleta de público.

O Clube fica a aguardar o resultado da investigação do Comando Metropolitano da PSP, na expectativa de que os factos apurados motivem uma firme atuação de todos e de que os indivíduos responsáveis por estes atos enfrentem as consequências dos mesmos."