
A história da Taça de Portugal é rica em exemplos de tomba-gigantes e a esperança do Tirsense é poder juntar-se à lista com uma vitória sobre o Benfica, nas meias-finais da edição 2024/25. Apesar das dificuldades que se avizinham e que todos no clube reconhecem, o treinador Emanuel Simões lembra que acreditar é meio caminho para fazer a surpresa.
"O balneário pensa a mesma coisa que o treinador, se não pensássemos isso, mais valia não aparecer. Aparecia uma virose e não podíamos jogar. Nós temos a possibilidade de jogar uma meia-final passados não sei quantos anos. O Tirsense vai jogar uma meia-final por mérito próprio, vai ser uma bandeira de uma centena de clubes do Campeonato de Portugal. Temos a responsabilidade de acreditar. Já disse várias vezes no balneário. Já vi o Gondomar ganhar o Estádio da Luz. O Gondomar estava numa divisão muito baixa. Ainda agora no estrangeiro aconteceu a mesma coisa. Temos que acreditar. Se vamos conseguir? É outra história. Mas vamos fazer por isso, dar bom espetáculo e só temos de estar com essa mentalidade. Se não acreditarmos, as probabilidades vêm para 0", disse o técnico do emblema de Santo Tirso.
Depois de semanas de alguma tensão por não ter a situação resolvida no Campeonato de Portugal, o Tirsense garantiu, por fim, a permanência, e pode agora respirar de alívio. Com efeito, o grupo vai encarar o jogo com o Benfica com total liberdade e na máxima força. "Vamos ter um Tirsense preocupado com o jogo de amanhã, agora que a manutenção está garantida. Preocupado em mostrar que no Campeonato de Portugal há boas equipas, que o Tirense está vivo e tentar fazer o melhor possível neste jogo. Disse numa conferência que, se não tivesse a manutenção garantida, ia deixar a melhor equipa fora. Há sempre uma primeira linha e neste momentos os melhores jogadores iam ficar guardados para o fim-de-semana. Por muito que as pessoas não gostassem, os jogadores com menos minutos iam jogar amanhã. Assim, posso meter a carne toda no assador ", apontou Emanuel Simões, revelando quais terão de ser as armas da equipa para este encontro.
"As armas é a humildade e é mostrar que no futebol não há impossíveis, sabendo que é complicado, mas que o futebol tem estas coisas. Nunca sabemos o resultado antes do jogo acabar. As chances são reduzidas, mas temos algumas", frisou.
Esta não será a primeira vez que Emanuel Simões vai defrontar um grande do futebol português. Há cerca de uma década, o treinador mediu forças com o Sporting quando estava ao serviço do Vizela, tendo vendido cara a derrota nesta mesma prova. O desejo é fazer melhor ou, pelo menos, igual. "Vai ser parecido. Passados 10 anos as coisas não mudaram muito. Durante o jogo não mudei muito. Vendemos cara a derrota ao Sporting na altura e espero um pouco isso amanhã também", confessou.
Ainda assim, o técnico está ciente de que esta será uma eliminatória muito complicado, até porque, diz, do outro lado está a melhor equipa em Portugal. "Vamos jogar contra apenas e só a melhor equipa em Portugal. Vamos tentar dignificar esta possibilidade de estar nas meias-finais por mérito próprio. A nossa responsabilidade é dar o nosso melhor", atirou.
Relativamente ao que espera da parte do Benfica, Emanuel Simões antecipa alguma rotação. "Ao nível dos jogadores, da forma de jogar, não. Não vão mudar a forma de jogar, mas tenho poucas dúvidas que vai utoilizar jogadores com menos minutos. O Benfica vai mudar alguns jogadores. Fruto dos jogos que tiveram há dois, acredito que é o mais natural. Vendo o que o Benfica foi fazendo nos últimos jogos, com rodagem, amanhã vão fazer mais. Mas a segunda, terceira linha do Benfica é suficientemente forte para o que estamos a falar", disse, ressalvando, ainda assim, que as águias também têm pontos fracos.
"Como se prepara a equipa? Prepara-se para perceberem que parar jogadores com o calibre da equipa do Benfica é não dar muito espaços. É não querer igualarmos jogadores nos movimentos e no jogo. Temos de ser humildes. Hoje dizia-lhes que se tivermos de defender com 7 em linha, defendemos. Não nos vamos subjugar e só defender, mas se quisermos divcidir no 1 par 1 não temos hipótese. Noutros jogos, uma cobertura chega, neste jogo se calhar precisamos de duas coberturas. Precisamos de trabalhar mais isso. Se conseguirmos dividir o jogo assim, temos hipóteses. O Benfica também tem pontos fracos", lembrou.
Jogar longe de casa não traz prejuízo
Esta eliminatória terá a particularidade de ser disputada a duas mãos, mas nenhuma delas ser realizada no Estádio Abel Alves de Figueiredo, em Santo Tirso. O Tirsense jogará na condição de visitado no Estádio Cidade de Barcelos, algo que Emanuel Simões não considera um prejuízo.
"Sobre ser longe do Abel Alves Figueiredo, desvirtua um bocadinho o espírito da Taça. Devia jogar-se na casa dos clubes mais pequenos. Mas também ia ser prejudicial para jogar aqui para nós também. Esta equipa gosta de jogar em bons terrenos e o nosso não está em boas condições. O exemplo disso é o que se passou em Elvas, num relvado de 1.ª Liga. Num relvado destes iamos ter mais problemas, o Benfica é fisicamente muito forte, iam tirar mais proveito. O físico ia fazer mais a diferença. Eu acho que não saímos prejudicados por isso. O jogo de amanhã vai mostrar que num relvado daqueles, num ambiente daqueles, vai ser benéfico para nós. Amanhã vai ser o Abel Alves Figueiredo e não o Cidade de Barcelos. As pessoas têm que se habituar a que se calhar merecem condições parecidas com aquelas. Vão fazer do Cidade de Barcelos a sua casa. Vão mostrar que, amanhã, Santo Tirso é em Barcelos", concluiu.