Sendo certo que há uma dose de imprevisibilidade e sorte num desempate por grandes penalidades, a verdade é que as edições de 2017/18 e 2018/19 da Taça da Liga mostraram que a preparação e o saber têm também um peso muito grande neste momento em específico de um jogo de futebol.
Recuando até às épocas supramencionadas, o Sporting venceu nada mais nada menos do que quatro (!) jogos desta forma e conquistou as duas primeiras Taças da Liga do seu palmarés. Na antecâmara da edição de 2024/25 da final four da competição, é inevitável recordarmos o trajeto dos leões nas conquistas em questão.
Patrício diz 'presente'... e os ferros também
Depois de ter sido superado por Vitória FC, Benfica, SC Braga e Moreirense nas dez primeiras edições da competição, o Sporting conheceu o sucesso na Taça da Liga pela primeira vez em 2017/18. Após uma primeira fase em que não foi propriamente brilhante- 1º lugar com cinco pontos somados, fruto da vitória frente ao União da Madeira e dos empates com Belenenses e Marítimo-, o conjunto então comandado por Jorge Jesus defrontou o FC Porto na meia final em Braga.
Num jogo que esteve longe de ser espetacular, o nulo prevaleceu até ao apito final de Nuno Almeida e vencedor só foi conhecido através da marcação de grandes penalidades.
Ainda que Coates e William Carvalho tenham falhado para o lado do Sporting, as defesas de Rui Patrício aos remates de Herrera e Aboubakar e o tiro ao poste de Brahimi permitiram que os leões festejassem.
Na final, a formação de Alvalade encontrou o Vitória FC, que havia deixado para trás a UD Oliveirense na outra meia final.
Gonçalo Paciência adiantou os sadinos no marcador, mas Bas Dost, de penálti (poderia ser de outra forma?) deixou tudo empatado à passagem do minuto 80. Assim sendo, o campeão de inverno de 2017/18 só ficou conhecido após a lotaria dos penáltis.
Os cinco jogadores do Sporting que foram chamados a bater conseguiram converter, ao passo que, do lado vitoriano, Tomás Podstawski atirou à barra. Assim, o Sporting levantou a primeira Taça da Liga da sua história.
Um herói improvável chamado Renan Ribeiro
Um ano depois, o desfecho foi o mesmo, ainda que com várias nuances no desenrolar dos acontecimentos.
Para começar, a final four da edição 2018/2019 da Taça da Liga aconteceu meses depois do ataque à Academia de Alcochete, pelo que o plantel do Sporting sofreu várias mudanças no verão de 2018.
Rui Patrício foi um dos jogadores que deixou o clube, sendo que para o seu lugar foi contratado Renan Ribeiro. Ainda que não tenha sido utilizado na fase de grupos, onde o Sporting terminou em primeiro com os mesmos seis pontos que o Estoril, o guardião brasileiro foi chamado à ação para a meia final com o SC Braga e correspondeu em pleno.
Após o empate a um golo no tempo regulamentar, Renan vestiu a capa de herói e defendeu três penáltis (houve ainda mais um à barra) do adversário, que jogava em casa. Assim, o Sporting, então orientado por Marcel Keizer, chegou à final pelo segundo ano consecutivo.
Na partida decisiva com o FC Porto, o filme da final do ano transato repetiu-se: os dragões, à imagem do Vitória FC em 2017/18, adiantaram-se no marcador, mas Bas Dost, da marca dos 11 metros, voltou a deixar tudo igualado.
Nos penáltis, Éder Militão atirou ao lado, Felipe rematou à barra e Hernâni permitiu a defesa de Renan Ribeiro, naquela que viria a ser a primeira vitória nos penáltis do Sporting sobre o FC Porto na temporada (o mesmo aconteceu na final da Taça de Portugal). Desta forma, a festa em Braga pintou-se em tons de verde pelo segundo ano consecutivo.
O desfecho da presente edição da Taça da Liga ainda é uma incógnita, mas, pelo menos no plano teórico, o Sporting parece levar uma ligeira vantagem caso os encontros tenham de ser decididos através de grandes penalidades.