
Diana Gomes já apresentou a renúncia à presidência da Comissão de Atletas Olímpicos (CAO) e agora vai focar-se no cargo de secretária-geral do Comité Olímpico de Portugal (COP), mostrando-se contente por estar a "desbravar" caminho.
Nova secretária-geral do organismo olímpico a partir de terça-feira, data em que Fernando Gomes assume a presidência do COP, a antiga nadadora despediu-se na noite de quinta-feira da presidência da CAO, por não ser "possível manter os dois cargos".
"Dá-me sempre alguma pena, apesar de saber que será só por um ou dois meses, porque depois vai haver eleições e eu já nunca poderia recandidatar-me à posição ou sequer a um posto dentro da direção. Mas obviamente que me dá... talvez não seja pena, mas alguma nostalgia, porque foram três anos de um crescimento muito intenso, de uma aprendizagem muito grande, porque estive com uma equipa muito boa", elogiou
Com a renúncia de Diana Gomes, a direção da CAO vai reunir para deliberar quem assume a presidência até às eleições, que terão de acontecer até 60 dias após o sufrágio vencido por Fernando Gomes, na passada quarta-feira.
"Tive a oportunidade de aprender muito com José Manuel Constantino, com toda a sua calma, com toda a ponderação, todo o seu feitio aguçado também. Mas, lá está, quem conhecia mais do desporto do que ele para poder aprender diretamente? Portanto, acho que fui uma sortuda. Tive o privilégio de poder estar quase três anos a aprender com ele, com a sua equipa e foi maravilhoso", resumiu, em declarações à agência Lusa.
Aos 35 anos, a mais jovem atleta portuguesa a qualificar-se para uns Jogos Olímpicos -- tinha 14 anos quando conseguiu mínimos para Atenas2004 -- abraça agora um novo desafio, o de ser a primeira mulher a ocupar o cargo de secretária-geral do COP.
"Obviamente que fico contente por estar a desbravar de alguma maneira esse caminho e que a seguir seja normal, que entre mesmo na norma", salientou, assumindo que a experiência na CAO foi preponderante "para poder ter dado este salto neste momento".
No entanto, a nadadora olímpica em Atenas2004 e Pequim2008 ressalvou que o facto de ser mulher não deve priorizado em relação ao cargo que ocupa, comparando o seu caso com o de Kirsty Coventry, eleita na quinta-feira presidente do Comité Olímpico Internacional (COI)
"Quando vi a Kirsty a ser anunciada como a primeira mulher a ser presidente [pensei] antes de ser Kirsty é a nova presidente e só depois vem a questão de ser mulher. Obviamente que ainda existe esse estigma de que, antes de sermos presidentes, somos as mulheres que somos presidentes ou que subimos a algum cargo, mas o caminho que tem que se fazer, tem que se começar por algum lado", sustentou.
Ainda assim, Diana Gomes concordou que é "uma mensagem poderosa" a também antiga nadadora ter sido a primeira mulher e a primeira africana a ser eleita presidente nos 131 anos de história do organismo olímpico.
"Estava perfeitamente convencida de que ela iria conseguir. Já desde 2016 que eu a vou vendo dentro dos papéis da Comissão de Atletas Olímpicos do COI, ligada a todas as causas do antidoping. Sempre foi muito presente e sempre defendeu as suas ideias e os seus princípios", destacou.
A três dias de assumir funções, a antiga nadadora diz que só vai "entender um pouquinho melhor para a semana" o que significa ser secretária-geral do COP, "porque é quando toda a direção se vai sentar" para definir os próximos passos.
"Vamos ainda ter a transição de pastas, vamos ainda perceber exatamente as limitações de cada departamento. O presidente [Fernando Gomes] vai também reorganizar, eventualmente, se vir que faz sentido, determinadas coisas, e com isso cada um de nós terá os seus pelouros, as suas valências. A partir da semana que vem é que realmente vou perceber diretamente quais são os desafios", perspetivou.
Diana Gomes quer agora "ir dando um passo de cada vez", porque ser secretária-geral do COP é "um passo grande" no seu percurso.