
Quando Rui Borges chegou a Alvalade no dia 26 de dezembro de 2024, o Sporting era 2.º mas três dias depois recuperou a liderança que perdera por uma jornada. «Cheguei dias antes de um Sporting-Benfica, já estava pressionado desde a nascença», lembrou o treinador que, na verdade, não estava tão pressionado desde aquele final de 2024… porque na segunda-feira perdera a liderança da Liga a seis jornadas do fim do campeonato. Foi por isso entre ventos e tempestades que o leão navegou durante toda a semana e foi com forte ventania que jogou esta sábado em Ponta Delgada. Na primeira parte não conseguiu aproveitar o empurrão, na segunda soube navegar à bolina e com uma rajada de Geny Catamo amealhou os três pontos que o deixam a dormir na liderança e a pressionar o Benfica que joga hoje.
O empate com o SC Braga na passada jornada convenceu Rui Borges a mexer nas alas, de forma natural na esquerda, onde Maxi Araújo surgiu no lugar de Matheus Reis, mas surpreendentemente na direita, não por mover Geovany Quenda no terreno mas por tirar o menino do onze, promovendo o regresso à titularidade de Fresneda, que na segunda-feira não tinha saído do banco depois de sete jogos como titular.
Na bancada, porque a cumprir castigo, Vasco Matos alterou não apenas o que era obrigado (a entrada de Daniel Borges para o lugar do castigado Adriano Firmino) mas também deu robustez à linha defensiva, que contou com Sidney Lima em vez de Frederico Venâncio e que foi reforçada com a entrada de Calila para a esquerda, formando uma linha de cinco, protegida por um bloco de quatro no meio-campo que impediu o leão de entrar no último terço açoriano.
E o leão caiu no engodo. A primeira parte foi de luta imensa, muitos duelos e choque, com o Santa Clara de trancas na porta mas também a pressionar na saída dos verdes e brancos que, atrapalhados e sem encontrar soluções para ferir o adversário – nem mesmo colocando em Gyokeres, tantas vezes bateu o sueco em Luís Rocha –, só aos 38’ se deram conta de que sem conseguirem penetrar em terreno de finalização e com vento tão forte a favor podiam recorrer à bomba da meia-distância: Debast, Trincão (43’, ao lado) e Geny Catamo (45+2’) dispararam com perigo, com duas boas defesas de Gabriel Batista.
Antes, mesmo com as linhas compactas e recuadas, o (pouco) perigo que existiu tinha sido da equipa da casa, por Daniel Borges (7’ e 11’). Aos 42’ foi Vinícius Lopes a ter na cabeça a mais clara oportunidade dos primeiros 45’, que Rui Silva defendeu com arrojo.
Na segunda parte o vento não mudou mas mudou o Sporting, mais compacto, menos trapalhão e sobretudo mais rápido a sair. Contra as rajadas foi à bolina que construiu a vitória, a começar numa jogada que foi ela mesmo rajada de vento no encontro: recuperação de Fresneda, grande passe em profundidade de Trincão que assistiu Geny Catamo que andava a deambular na esquerda. Ficava escrito o resultado aos 50’.
Feito estava o mais difícil. Sem grande nota artística mas com coragem e determinação em campo, o Sporting foi sempre mais forte a partir de então. Gyokeres só por duas vezes apareceu no jogo mas quando o fez atirou ao poste (66’) e aos 84’ conseguiu fugir à lapa Luís Rocha e só foi travado em falta. Do livre resultou a terceira jogada de perigo da segunda parte, Debast a obrigar Gabriel Batista a defesa apertada para canto.
Nos últimos minutos foi preciso resistir ao sopro final do Santa Clara, mas que nunca despenteou sequer um leão que dos Açores não levou apenas os três pontos: levou brisa de esperança para a reta final da Liga que será de luta acesa e recuperou Pedro Gonçalves que ainda entrou aos 87’ e foi a jogo cinco meses depois da lesão.