No Fórum de treinadores promovido pela ANTF esta segunda-feira, Carlos Queiroz abordou a aventura de Ruben Amorim no Manchester United, emblema pelo qual o próprio ex-selecionador esteve na qualidade de treinador-adjunto, entre 2002 e 2008, com um interregno pelo meio para orientar o Real Madrid. 

"Ruben Amorim? Ele saberá os caminhos que tem de traçar. Mas este momento do Ruben lembra-me o período do declínio que nós passámos, na época de 2003/04 também. O Manchester United é um clube com caraterísticas muito especiais. E é um clube que tem uma cultura muito própria, com adeptos da classe trabalhadora e um ambiente desse tipo. Se eu pudesse transmitir isto para o Ruben, se calhar, teria algumas conclusões a fazer", começou por dizer Carlos Queiroz, que tem um papel importante na carreira do antigo médio, agora técnico dos red devils: "Daquilo que eu conheci como jogador, porque tive o privilégio de dar-lhe a primeira internacionalização ao serviço do futebol português, acredito que ele vai conseguir, mas não vai ser fácil, porque o clube caiu muito. O United, em determinados aspetos, por exemplo, no critério de seleção dos jogadores, tem sido uma prova de erros constante. O clube confundiu trazer os melhores jogadores com fazer as escolhas certas."

E prosseguiu, detalhando a sua experiência sob o comando de Sir Alex Ferguson, mítico treinador escocês que ainda deixa uma marca no emblema de Manchester. "Penso que uma das coisas que aconteceu no clube foi que vários grandes treinadores que chegaram depois de Ferguson não perceberam a génese do clube e o legado do passado técnico. Quando Ferguson sai não é uma ameaça, ele reforma-se. Nenhum treinador tem de sentir esse peso ou sentir-se ameaçado", vaticinou Carlos Queiroz, salientando que "ao longo dos anos o clube deixou de estar acima de tudo e todos": " Começou a ser uma espécie de 'mini kingdoms'. Ali, pequenos reinados de figuras, que começaram a estar e a apresentar-se um pouco acima do clube. O Ruben aparece num momento em que reverter isto demora tempo. Vai ter de ganhar e depois perder e depois ganhar mais e depois perder novamente. Restabelecer, no fundo, a ordem natural."