Após a rescisão unilateral com Vítor Campelos, o AVS apostou em Daniel Ramos como novo treinador, quando o campeonato ainda ia na 11.ª jornada. Apesar da experiência, o vila-condense estava fora do ativo há um ano, desde a saída do Arouca. A sua estreia não foi feliz, com uma eliminação na Taça de Portugal frente ao Lusitânia de Évora, do Campeonato de Portugal.
O jogo seguinte, foi já de grande exigência, frente ao SC Braga na Vila das Aves. Nesse encontro, Daniel Ramos desconstruiu o esquema tático instruído por Vítor Campelos ao longo da temporada: o 4-2-3-1 deu lugar ao 3-5-2, e noutros confrontos, ao 3-4-3, com uma linha defensiva de três elementos, procurando equilibrar a maior segurança defensiva com a liberdade para explorar os corredores laterais.
A verdade é que o AVS apresentou bons momentos ao longo dos primeiros jogos ao comando do novo técnico, mais concretamente, frente ao Braga e no duelo com o SL Benfica. Particularmente, na segunda parte frente às águias, criaram sérias dificuldades ao adversário, revelando uma agressividade e pressão notáveis sobre os encarnados.
Para além disso, já demonstraram alguma coesão defensiva (o embate frente ao Boavista é um bom exemplo), dificultando o acesso dos avançados oponentes às zonas mais recuadas. Quanto este setor falhava, Simão Bertelli emergia. O guarda-redes brasileiro tornou-se um dos principais responsáveis, se não o principal, por evitar golos e permitir que a equipa de Daniel Ramos somasse pontos nas últimas jornadas.
Apesar de não conseguirem ganhar, começava a notar-se alguma evolução no trabalho de Daniel Ramos, com a equipa a demonstrar mais organização e momentos de qualidade, deixando a sensação de que faltava “aquela pontinha de sorte”. No entanto, neste último confronto frente ao Estrela da Amadora, as dificuldades do AVS voltaram a evidenciar-se.
O início foi animado, com ambas as equipas a demonstrarem muita vontade de atacar a baliza adversária. A equipa da casa abordou os primeiros minutos com um estilo de jogo vertical, explorando sobretudo o corredor direito, onde o lateral Fernando Fonseca, se destacou como peça-chave nas transições ofensivas.
Foram mesmo os avenses a criar a primeira oportunidade da partida, mas após uma grande defesa do guarda-redes do Estrela, Bruno Brígido, os forasteiros lançaram-se no contra-ataque e encontraram muito espaço no meio-campo adversário. A bola chegou até André Luiz, que desenhou uma bela jogada dentro de área, passou pela defensiva oponente com facilidade e serviu Léo Cordeiro para o primeiro golo da partida.
Dado o golo sofrido, Daniel Ramos procurou subir as linhas, no objetivo de alcançar o golo do empate, contudo surgiram adversidades que dificultaram a reação da equipa. A defesa permitiu diversos remates, ainda que nem todos perigosos, dos tricolores. Cristian Devenish, protagonizou um grande erro, oferecendo a bola a um adversário e deixando-o isolado na cara do golo. No meio-campo, Luís Silva e Jaume Grau revelaram dificuldades em criar ligações eficazes, com uma desconexão evidente que acabava por prejudicar a ligação ao último terço. A construção de jogo ficava muitas vezes dependente das alas, que tinham a responsabilidade de transportar a bola até às zonas mais avançadas.
Os comandados de José Faria, que começaram o confronto com um esquema tático semelhante ao do adversário, iam aproveitando bem os espaços deixados pelo AVS, explorando as entrelinhas com inteligência. Não só Bruno Brígido se destacou, pelas suas defesas, como também Igor Jesus. O médio proveniente do Flamengo, mostrou a sua versatilidade e capacidade de estar presente em vários momentos do jogo.
O conjunto da Amadora criou diversas oportunidades e, mesmo depois de sofrer o golo do empate, a equipa não baixou os braços. A entrada de Jovane Cabral trouxe ainda mais dinamismo ao ataque e boas combinações lá na frente, surgindo logo duas oportunidades, após o cabo-verdiano entrar em campo, mas os estrelistas pecaram muito na finalização. Ora Bertelli defendia, ora a bola acertava na barra, e com isso, o Estrela foi empurrando o AVS para junto da sua área.
A chegada de Daniel Ramos trouxe mudanças táticas e novas abordagens ao jogo do AVS, visíveis em alguns momentos das partidas. Apesar disso, o empate frente ao Estrela da Amadora mostrou que o caminho para a estabilidade ainda é longo. Embora já se tenham notado algumas melhorias na organização defensiva em certos aspetos do jogo coletivo, erros individuais continuam a penalizar a equipa.
É impossível ignorar Simão Bertelli, que tem sido crucial em manter a sua equipa a lutar por resultados até ao apito final. Este empate marca o quarto consecutivo desde a chegada de Daniel Ramos, que ainda procura a primeira vitória como treinador do conjunto de Santo Tirso. O técnico tem ainda muito a fazer no que toca à consolidação do seu modelo de jogo e na correção de detalhes que põem em causa os resultados. Só assim o AVS poderá converter os sinais de evolução em resultados concretos, sobretudo numa luta pela manutenção.