Gonçalo Nunes e Carolina Correia, treinador e capitã do Torreense, sentaram-se ao lado de Filipa Patão, treinadora do Benfica, e Carole Costa, capitã das águias, para a antevisão à Taça de Portugal Feminina, que se disputa este sábado pelas 15 horas, no Estádio do Jamor. Desde o favoritismo à época histórica, passando pelo calendário e o caráter, técnicos e capitãs anteciparam o jogo derradeiro da prova-rainha.

«Há que respeitar a história e temos consciência dela. Uma equipa que se sagrou pentacampeã terá o favoritismo do seu lado. Mas não queremos só marcar presença. Estamos orgulhosos de todo o trajeto, mas também queremos ter uma palavra a dizer», começou por dizer o técnico dos torreenses, com Carolina Correia a destacar a não inédita presença das adversárias.

«Cada jogo é um jogo. As coisas que poderão ser diferentes são nuances do próprio jogo, mais do que grande surpresas. Acho que vai ser um bom espetáculo», afirmou Filipa Patão, que tem no Torreense um dos dois adversários que tirou pontos esta época ao Benfica. Por seu turno, Gonçalo Nunes não tira o favoritismo ao adversário, que diz viver numa «realidade diferente». Apesar disso, o treinador do Torreense não tem dúvidas: «Independentemente do que aconteça na final, não deixará de ser uma época de excelência. De acordo com o que nos propusemos, de ter uma forma clara de jogar e de passar nos diferentes campos muito própria, que nos permitisse sermos cada vez competitivos.»

Apesar de ter estado em desvantagem frente ao Sporting nos quartos de final da Taça e de ter recorrido às grandes penalidades para eliminar o Valadares Gaia nas meias-finais, Filipa Patão recusa que a equipa tenha sentido qualquer nervosismo. «Em primeiro lugar, jogos de Taça são diferentes, têm um caráter diferente. As equipas têm uma estratégia diferente para esses jogos, perdem um pouco a vergonha e isso é bom para o futebol. Confrontámos quase todos os primeiros classificados da Liga, à exceção do SC Braga. Com o Racing, demos a volta. Não é nervosismo, é caráter. Com o Sporting, estivemos a perder, demos a volta, não é nervosismo, é caráter. Com o Valadares, estivemos a perder por dois golos, ganhámos fora nos penáltis. Não é nervosismo, é caráter. Faz parte, podemos não ter estado no nosso melhor, mas do outro lado também há mérito», assumiu.

A questão do calendário também foi levantada, uma vez que, horas depois do início do jogo, Benfica e Sporting jogam contra SC Braga e Vitória Guimarães, respetivamente, na decisão do campeonato masculino. «O único lamento que podemos ter é esta final da Taça de Portugal estar metida no meio de uma série de outras coisas. A meu ver, faz zero sentido. Era um jogo para estar o Jamor cheio, com famílias, não tenho dúvida de que vai ser bons momentos, de espetáculo», lamentou Gonçalo Nunes. Já Filipa Patão destacou outros culpados: «Concordo em parte com o que diz o meu colega. Agora, é difícil encontrar culpados. A realidade é que o futebol está a começar a ser massacrante em termos de calendário. É um problema do masculino, do feminino, da nossa Liga, da UEFA , da FIFA. O risco de lesão destas duas meninas que estão ao meu lado é enorme. Não estamos a proteger os maiores protagonistas deste jogo, os jogadores e as jogadoras. É normal que com estes calendários, com a liga masculina a chegar ao fim e com eleições seja muito difícil arranjar calendário vantajoso. É um problema cultural, mas também do futebol mundial.»

Para Carole Costa, capitã do Benfica, não é preciso motivação extra, mesmo depois de já ter conquistado tantos títulos. «O Benfica está habituado a vencer e queremos ganhar mais títulos. Estou há 5 épocas no Benfica e a exigência tem sido cada vez maior», afirma a defesa-central encarnada. Já Carolina Correia destaca a união. «Estamos bastante ansiosas, acho que é normal, mas sabemos que, se estivermos no nosso melhor, vamos sair com a Taça», diz a capitã do Torreense, que passou toda a formação nas águias e não esconde: «Será um jogo especial, mas só penso no Torreense, que é o clube que estou a representar.»