
A co-presidente do Volt Inês Bravo Figueiredo alertou hoje que o país começa a enfrentar uma "crise nas urgências" e defendeu "medidas de crise", propondo ir buscar profissionais ao estrangeiro para suprimirem necessidades pontuais.
"Esta situação está-se a tornar cada vez mais crítica e se falamos em crise de habitação, acho que podemos também começar a falar em crise nas urgências", disse a co-presidente do Volt, em declarações à Lusa, esta manhã durante uma ação de campanha no Hospital Beatriz Angêlo, em Loures, concelho de Lisboa.
Inês Bravo Figueiredo referia-se aos constrangimentos vividos nos serviços de urgência de várias unidades de saúde do país, devido, sobretudo, à falta de médicos para assegurarem escalas. Segundo a também cabeça de lista do partido por Lisboa, o país deve "avaliar o custo" que estes constrangimentos vão ter em termos de "vidas humanas" e na qualidade de saúde da população, alertando que as "pessoas vão ficar com problemas a longo prazo ou eventualmente [vir] a falecer".
"Está na hora de acionar medidas de crise", defendeu, considerando que "faz sentido trazer profissionais de saúde de fora por uns tempos" para trabalharem em unidades de saúde em dificuldades, bem como ir recrutar médicos que estão em Portugal, mas que não estão a exercer porque "fizeram formação noutros países".
Não obstante, a co-presidente do Volt Portugal sublinha que "há situações" em que as pessoas recorrem a serviços de urgência sem necessidade, colocando uma maior pressão sobre o sistema, pelo que vê com bons olhos a obrigatoriedade de ligar para o SNS24.
Mas faz uma salvaguarda: "se uma pessoa chegar às urgências sem ter ligado, acho que não faz sentido impedi-la de entrar sem que ela faça a chamada cá fora".
Inês Bravo Figueiredo referiu ainda que os cuidados de saúde se têm degradado "nos últimos anos", apontando que apesar de os gastos do SNS terem quintuplicado "desde 2015", isso não se traduziu numa melhor resposta em saúde: profissionais de saúde a emigrarem, vagas para internato médico por preencher e "as listas de espera a aumentar" foram alguns dos problemas apontados pela co-presidente do Volt.
O partido, que se posiciona ao centro, defende, por isso, uma aposta na melhoria das carreiras e salários dos profissionais de saúde, valorizando o mérito e admite o regresso das parcerias público-privadas (PPP) em complementaridade com o SNS, nomeadamente nos hospitais em que já existiram, como é o caso do Beatriz Angêlo, Vila Franca de Xira ou Braga.
Defendem que é necessário "reformular" os contratos com os grupos de saúde privados, de modo a que tenham em conta "critérios claros", bem como "metas e penalizações" em caso de incumprimento.
A defesa pelo regresso das PPP foi, aliás, a razão que levou o Volt a realizar esta manhã uma ação de campanha no Hospital Beatriz Ângelo, dado que foi "uma das PPP mais emblemáticas de Lisboa" e desde que o Estado decidiu terminar a concessão, em 2022, tem vindo a registar "resultados menos positivos", explica Inês Bravo Figueiredo.
O Volt vai concorrer a 20 dos 22 círculos eleitorais nas eleições de 18 de maio, sendo que nas eleições legislativas de 2024 obteve 0,18%, com 11.854 votos.