Segundo o mais recente relatório do Grupo de Educação da RDCongo - um grupo de coordenação de organizações que prestam serviços de educação de emergência, incluindo a Save the Children - cerca de 17% das escolas em Kivu do Norte estão fechadas devido à escalada do conflito que ocorreu este ano, explicou a entidade.

Quando os combates entre o exército e o Movimento 23 de Março (M23) começaram, em janeiro, 1,3 milhões de estudantes estavam inscritos no ano letivo, em Kivu do Norte, mas a "frequência diminuiu significativamente" devido aos confrontos em curso, explicou a ONG.

"Atualmente, 775 escolas estão encerradas em todo o Kivu do Norte, tendo muitas sido convertidas em abrigos para famílias deslocadas. As províncias orientais do Kivu Norte e do Kivu Sul [províncias no leste] albergam mais de 4,6 milhões de pessoas deslocadas", explicou a ONG.

Além de perderem a educação vital, as crianças que não frequentam a escola no Kivu do Norte correm um grave risco de sofrer violência, incluindo violência sexual, e de recrutamento por grupos armados, afirmou a Save the Children. 

"Só nas duas últimas semanas de fevereiro, foram registados na região 895 casos de violação - em média, mais de 60 por dia -, incluindo contra crianças", segundo dados das Nações Unidas citados pela Save the Children.

Outro risco são os explosivos em campos perto das aldeias e das escolas, sublinhou.

De acordo com a Save the Children, o conflito na RDCongo criou uma das maiores crises humanitárias do mundo, com cerca de sete milhões de pessoas deslocadas, incluindo pelo menos 3,5 milhões de crianças, e mais de 26 milhões de pessoas a necessitar de assistência humanitária nesta nação vizinha de Angola.

"Segundo a ONU, cerca de 80.000 pessoas fugiram dos confrontos armados para os países vizinhos desde janeiro", citou. 

De acordo com o comunicado da ONG, a entidade "começou a trabalhar no leste da RDCongo em 1994, e está atualmente a trabalhar com 13 parceiros locais, bem como com parceiros internacionais e autoridades governamentais, para prestar apoio crítico à saúde, nutrição, água, saneamento e higiene, proteção infantil e educação das crianças e das suas famílias". 

A RDCongo acusa o vizinho Ruanda de apoiar o M23 para obter o controlo da parte oriental do país e, assim, ter mais acesso a recursos naturais preciosos, como o coltan, fundamentais para a indústria tecnológica mundial.

O Governo ruandês alega que as comunidades tutsis do leste da vizinha República Democrática do Congo, o mesmo grupo étnico que sofreu um genocídio no Ruanda em 1994, estão a ser constantemente atacadas pelas forças democrático-congolesas.

 

NYC (EL) // JMC

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