Vasco Portugal recorda-se como se fosse hoje o dia em que um dos principais concorrentes da Sensei, nos Estados Unidos, levantou uma ronda de investimento de cinco milhões de dólares. “Naquele almoço, ficámos todos em silêncio. Cinco milhões era já uma barreira muito grande”, recorda. No final do ano passado, a portuguesa Sensei captou 15 milhões de euros numa ronda série A para criar a maior loja autónoma do mundo. À distância de várias decisões difíceis, o CEO da Sensei, Vasco Portugal, sabe que uma coisa é liderar um projeto empresarial num setor conhecido e maduro, outra é nascer, crescer e conseguir vingar num setor ainda em construção.
É um dos quatro cofundadores da Sensei e o CEO da plataforma criada com o objetivo de revolucionar o negócio do retalho mundial, através de uma tecnologia que permite automatizar por completo as lojas físicas, sem necessidade de fazer scan a produtos ou mesmo realizar pagamentos físicos.
A partir de território nacional, Vasco Portugal lidera uma empresa que concorre com a solução para lojas autónomas desenvolvida pelo gigante de comércio eletrónico, Amazon. E com a humildade de quem aprende com a concorrência reconhece mesmo que "a Sensei hoje não existiria se a Amazon Go não tivesse surgido. Porque, no fundo, a Amazon explicou mil vezes melhor do que eu estava a conseguir fazer qual era a missão da empresa".
Antes de se dedicar ao desenvolvimento da Sensei, Vasco Pedro usou, como gosta de referir, “muitos chapéus” na vida e na carreira. Formado em Design de Produto, construiu um currículo académico extenso, mas pouco tradicional, ancorado na sua visão multidisciplinar da tecnologia, intensa curiosidade e foco na ética empresarial.
Iniciou a carreira na área do design computacional, apaixonou-se pela energia e sustentabilidade, até perceber o que podia fazer com a tecnologia no MIT Media Lab. Trabalhou e fez investigação em diversos países e empresas, da Dinamarca aos EUA, em áreas como a Internet das Coisas (IoT), mobilidade elétrica e automação. Desde então tem-se dedicado a construir liderar projetos pensadas para fazer a diferença na vida das pessoas.
Depois de lançar e desenvolver a Hacker School, Productized, a Disru.pt e a Hack for Good, e construir diversos produtos tecnológicos para start-ups e empresas dentro da Meta ICG, cofundou a Sensei em 2017. Garante que é no papel de empreendedor que mais se revê, embora reconheça que "há muitas coisas que eu acho que são naturais de um líder e não me saem naturalmente".
Introvertido por natureza, confessa ter de trabalhar algumas competências relacionais que considera decisivas para cumprir a principal missão de um líder que, na sua ótica, passa tão somente por “mobilizar as pessoas”.
O CEO é o limite é o podcast de liderança e carreira do Expresso. Todas as semanas a jornalista Cátia Mateus mostra-lhe quem são, como começaram e o que fizeram para chegar ao topo os gestores portugueses que marcaram o passado, os que dirigem a atualidade e os que prometem moldar o futuro. Histórias inspiradoras, contadas na primeira pessoa, por quem ousa fazer acontecer. Ouça outros episódios: