Depois da tomada de posse de Daniel Chapo como novo Presidente de Moçambique, na quarta-feira, o país tenta regressar à normalidade. O futuro é incerto no país com um Presidente empossado e outro autoproclamado.

No dia da tomada de posse, na periferia da capital Maputo, foram relatados confrontos entre apoiantes do candidato derrotado Venâncio Mondlane e a polícia, e registados vários disparos.

Wilker Dias, ativista político moçambicano, dá conta que estes confrontos já fizeram pelo menos 309 mortos. A vítima mortal mais recente é um adolescente de 14 anos que perdeu a vida, na quarta-feira, no mesmo dia em que outros três jovens de 17 anos também morreram.

“É extremamente preocupante para nós presenciar este tipo de situações de insegurança (...) O país não merece isto.”

Segundo as organizações no terreno, as manifestações violentas do dia anterior fizeram pelo menos oito mortos, dos quais cinco em Maputo.

Além dos mais de 300 mortos, mais de 600 pessoas ficaram feridas nos confrontos, que começaram após as eleições em outubro. Os resultados não são reconhecidos por Mondlane e os seus apoiantes, com o candidato a garantir que houve fraude eleitoral.

O ativista acusa a polícia moçambicana de estar a ter “uma postura não muito aceitável”, o que leva a “consequências negativas” não só para a população, com o aumento de mortos, mas também para o país, com questões como segurança e economia.

Questionado sobre a posição de Portugal relativamente a este conflito político, Wilker Dias defende que a população portuguesa “deveria ser um pouco mais neutral”.

“Porque se repararmos para aquele que é o histórico existencial entre os dois países... Seria de bom tom se tivesse mais uma posição de mediador à semelhança daquilo que teve, por exemplo, quando foi a questão com Cabo Delgado, que era ajudar o povo moçambicano e não diretamente o partido que está no poder. “

Futuro incerto em Moçambique com um Presidente empossado e um Presidente autoproclamado

Paulo Julião, da agência Lusa, adianta que esta quinta-feira Maputo tenta recuperar alguma normalidade e isso sente-se nas ruas, com os transportes e comércio que começam a funcionar.

"Estamos na ressaca de três dias consecutivos de uma capital praticamente deserta.”

À SIC Notícias, afirma que os próximos tempos são de “muitas dúvidas” para a população moçambicana, com um Presidente empossado em funções, Daniel Chapo, e um Presidente autoproclamado, Venâncio Mondlane.

Num vídeo publicado no no Facebook na quarta-feira, o candidato presidencial Venâncio Mondlane afirmou que é o "Presidente eleito pelo povo" e, por isso, na sexta-feira vai apresentar medidas governativas para os primeiros 100 dias.

"Os setores público e privado vão ter de cumprir", assim como Daniel Chapo.