"Neste momento, sabemos que pelo menos várias centenas de cidadãos chineses estão a combater com as forças de ocupação russas", disse Zelensky, discursando por vídeo numa reunião de líderes militares dos aliados da Ucrânia, que hoje decorreu em Bruxelas na sede da NATO.

Na sua declaração, o Presidente ucraniano acusou a Rússia de tentar "prolongar a guerra" usando vidas chinesas.

No início desta semana, Volodymyr Zelensky anunciou a captura de dois cidadãos chineses que disse estarem a combater nas fileiras russas na Ucrânia.

Mais tarde, estimou o número em pelo menos 155, mas destacou que provavelmente havia "muitos mais".

Volodymyr Zelensky acusou Pequim de saber que os seus cidadãos estavam a ser recrutados pelo Exército russo, comentários considerados "irresponsáveis" pela China, que se demarcou de qualquer envolvimento no conflito, e o Kremlin (presidência russa) respondeu que as informações do Presidente ucraniano estavam erradas.

Na sua intervenção de hoje, Zelensky lançou um novo apelo ao nível do armamento e pediu aos seus aliados dez sistemas adicionais de defesa aérea Patriot de fabrico norte-americano.

Os líderes militares reuniram-se hoje em Bruxelas no chamado Grupo de Contacto para a Defesa da Ucrânia, ou também conhecido como "formato Ramstein", que inclui os principais aliados da Ucrânia.

O Grupo de Contacto para a Defesa da Ucrânia foi criado em abril de 2022 pelos Estados Unidos, cerca de dois meses depois da invasão russa da Ucrânia, e reúne cerca de 50 países.

As reuniões deste grupo foram regularmente realizadas na base militar norte-americana de Ramstein, no sudoeste da Alemanha, mas Washington tem vindo a demarcar-se da organização desde que Donald Trump assumiu a presidência dos Estados Unidos. O encontro de hoje foi presidido pelo Reino Unido e pela Alemanha.

"Peço-lhes que se concentrem, antes de mais, na defesa aérea da Ucrânia. Precisamos muito dela", pediu o Presidente ucraniano, referindo-se ao ataque na sua cidade natal, Kryvyi Rih, no centro do país, onde um míssil russo matou 19 pessoas, incluindo nove crianças, na semana passada.

O líder ucraniano apelou ainda ao Ocidente para avançar com a criação de um contingente militar a destacar para a Ucrânia no caso de cessação das hostilidades, para impedir a Rússia de voltar a atacar o seu país.

"Precisamos de definir detalhes claros sobre o tamanho, estrutura, implantação, logística, apoio, equipamento e armamento deste contingente de segurança na Ucrânia", observou.

A Rússia afastou esta opção no início de março, dizendo que "nenhum acordo" era possível em relação ao envio de tropas europeias de manutenção da paz na Ucrânia.

O Presidente norte-americano, Donald Trump, diz que quer acabar com a guerra que se tem alastrado desde que a Rússia invadiu a Ucrânia, há três anos, e promoveu reuniões indiretas com as partes na Arábia Saudita.

Sobre as negociações tripartidas, Volodymyr Zelensky voltou a criticar hoje a Rússia por rejeitar uma proposta de Washington para um cessar-fogo incondicional e completo "há exatamente um mês".

Donald Trump, apesar da sua aproximação à Rússia, apenas conseguiu obter anuência de Vladimir Putin a uma trégua bastante limitada.

Em março, a Casa Branca anunciou que Kiev e Moscovo acordaram uma moratória sobre os ataques às infraestruturas energéticas, mas desde então ambos os países acusam-se mutuamente de a violar.

Um acordo para uma trégua no Mar Negro foi também anunciado em termos vagos e de âmbito limitado.

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