
Ao sair da Casa Branca para um fim de semana na sua residência da Florida, usando o seu típico boné vermelho "Make America Great Again" ("Tornar a América Grande Novamente") o Presidente americano disse à imprensa que Zelensky tinha "sobrestimado o seu poder negocial" e criticou a alegada oposição deste a um cessar-fogo com a Rússia.
Zelensky abandonou hoje prematuramente a Casa Branca, após uma reunião com Trump na Sala Oval, perante a comunicação social, que se tornou num confronto verbal sem precedentes com o Presidente norte-americano e o vice-presidente deste.
A assinatura de um acordo sobre os minerais, hidrocarbonetos e infraestruturas ucranianas, para a qual o chefe de Estado da Ucrânia se tinha deslocado a Washington, não se realizou, nem a conferência de imprensa conjunta que estava prevista no final do encontro.
Nas últimas semanas, Trump adotou uma postura conciliatória em relação à Rússia e crítica em relação à Ucrânia e em particular ao seu Presidente, que acusou mesmo de ser um "ditador" e um "comediante de segunda".
Questionado sobre se também chamaria ao Presidente russo, Vladimir Putin, de ditador, Trump respondeu que não usa essas palavras com ligeireza.
Enquanto decorrem contactos diretos entre Washington e Moscovo sobre um acordo de paz na Ucrânia, excluindo o bloco europeu e Kiev, Trump tem defendido uma política de conciliação em relação ao Presidente russo, invertendo totalmente aquela que foi a posição do antecessor Joe Biden, que tem rotulado de "estúpida", de apoiar militarmente Kiev.
Na segunda-feira, terceiro aniversário da invasão russa da Ucrânia, os Estados Unidos votaram ao lado da Rússia e de aliados deste país como a Bielorrússia, contra uma resolução não vinculativa da Assembleia-Geral das Nações Unidas (ONU) exigindo o fim das hostilidades na Ucrânia e reafirmando a soberania, independência, unidade e integridade territorial ucraniana.
Nas declarações antes de partir para a Florida, Trump disse acreditar que Putin, que lançou a invasão da Ucrânia há três anos, está pronto para um acordo de paz, e acusou Zelensky de ser um obstáculo.
"Aquele [Zelensky] não era um homem que queria fazer a paz", disse Trump sobre o Presidente ucraniano, horas depois da reunião tensa na Sala Oval.
"Ele tem de dizer 'eu quero alcançar a paz'. Não tem de ficar ali a dizer 'Putin isto, Putin aquilo', todas as coisas negativas... Ele tem de dizer 'eu quero fazer a paz, não quero continuar a travar esta guerra porque as pessoas estão a morrer'", disse Trump.
"Eu quero um cessar-fogo agora", frisou o Presidente norte-americano.
Na Casa Branca, Zelensky exortou a administração dos EUA a ser mais cética em relação às intenções do líder russo, lembrando que diversas vezes no passado desrespeitou acordos.
O Presidente ucraniano dará ainda hoje uma entrevista à cadeia de televisão conservadora Fox News.
Na sequência da altercação na Casa Branca, os líderes da União Europeia, Canadá e numerosos países declararam publicamente apoio a Zelensky e a uma paz "justa e duradoura" com a Rússia.
Na Sala Oval, Trump, erguendo a voz, ameaçou o seu convidado de "abandonar" a Ucrânia se este não fizer concessões à Rússia.
"Ele pode voltar quando estiver pronto para a paz", disse Donald Trump numa mensagem na sua rede social, Truth Social, logo a seguir à sua partida precipitada.
Trump acusou também o homólogo ucraniano, que também ali estava em busca do apoio de Washington, após três anos de guerra com a Rússia, de ter "faltado ao respeito aos Estados Unidos" na Sala Oval, sublinhando que os Estados Unidos deram à Ucrânia muito dinheiro e que ele "devia estar mais grato".