O líder dos socialistas franceses, Olivier Faure, admitiu, este domingo, a possibilidade de chegar a um acordo para não derrubar o Governo do centrista François Bayrou, colocando como condição indispensável a suspensão da reforma das pensões de 2023.

Em entrevista ao canal BFMTV, Faure confirmou que estão a decorrer "negociações genuínas" com o executivo de Bayrou, que, dentro de dois dias, terá o seu primeiro grande teste com a sua declaração de política geral perante os deputados da Assembleia Nacional.

"Neste momento em que falo convosco, ainda não está nada definido (...) Penso que há um caminho possível", acrescentou o deputado socialista, ao adiantar que foi "proposta uma série de soluções técnicas que permitem" a suspensão da reforma das pensões.

Esta lei, aprovada no inverno de 2023 sem votação no Parlamento e no meio de grandes protestos sociais, entrou em vigor em abril desse ano e prevê que a idade mínima de reforma fosse aumentada de 62 para 64 anos.

Numa entrevista publicada hoje no jornal "Le Parisien", o presidente do Senado, Gérard Larcher, alertou que não quer "nem a suspensão nem a revogação" desta reforma, que considera essencial para sanear as finanças públicas do país.

Larcher, que ocupa o segundo cargo institucional mais elevado do Estado francês, anunciou que, a partir da câmara a que preside, vai dificultar qualquer procedimento que modifique a atual lei da segurança social. "Se a revogarmos, o custo será de 3,4 mil milhões de euros em 2025 e de cerca de 16 mil milhões em 2032", alertou.

Recentemente, os socialistas franceses tinham avisado o Governo que apoiariam uma moção de censura se não recebessem "concessões significativas" na negociação do orçamento para 2025, numa altura em que o país se debate com uma dívida pública elevada.

"Se não houver concessões significativas, estamos prontos para assumir novamente a nossa responsabilidade, inclusive com uma moção de censura", disse Olivier Faure, em declarações à imprensa após uma reunião com o ministro da Economia, Éric Lombard, em 6 de janeiro.

Os ministros do novo Governo tomaram posse em 23 de dezembro, na sequência de uma moção de censura apoiada pela aliança de esquerda Nova Frente Popular (NFP) e pela extrema-direita União Nacional (RN) que derrubou o Governo de Michel Barnier em 4 de dezembro.

A mudança de Governo anulou o anterior projeto de orçamento para 2025 e o novo Governo de François Bayrou, de 73 anos, nomeado em 13 de dezembro pelo Presidente Emmanuel Macron, pretende aprovar um novo no início de março, o mais tardar.