
Estudos recentes mostram que menores entre os 4 e os 18 anos passam cerca de dois meses por ano em frente a ecrãs, comprometendo o seu desenvolvimento cerebral e físico. A Sociedade Portuguesa de Neuropediatria já alertou para os efeitos nocivos da utilização precoce de ecrãs. Em Portugal, mais de 60% das crianças recebem o primeiro telemóvel entre os 10 e 12 anos, e quase todas o têm aos 14 anos.
Dados americanos revelam que o tempo de socialização presencial caiu 20% entre 2003 e 2023. Na Europa, um em cada quatro jovens já não socializa presencialmente pelo menos uma vez por semana. A falta de interações reais potencia problemas de saúde mental, como ansiedade, depressão e baixa autoestima.
O aumento do isolamento correlaciona-se com o declínio da satisfação pessoal, alimentando ressentimentos amplificados pelos algoritmos das redes sociais, com efeitos políticos já documentados.
Há, contudo, sinais de mudança. A série Adolescência provocou um forte impacto no Reino Unido, onde quase todas as escolas já proibiram os smartphones. Em Portugal, PS e AD admitem agora aplicar medidas semelhantes para o 1.º e 2.º ciclos e regular as redes sociais para menores de 12 anos.
Neste episódio, o programa junta três convidados que lideram esta mudança: Matilde Sobral e Mariana Reis, fundadoras da associação Mirabilis, e Augusto Carreira, especialista em pedopsiquiatria. Juntos analisam o impacto dos ecrãs e discutem o que ainda pode ser feito para travar a crise silenciosa na saúde mental juvenil.
É mais que uma entrevista, é menos que um debate. É uma conversa com contraditório em que, no fim, é mesmo a opinião do convidado que interessa. Quase sempre sobre política, às vezes sobre coisas realmente interessantes. Um projeto jornalístico de Daniel Oliveira e João Martins. Imagem gráfica de Vera Tavares com Tiago Pereira Santos e música de Mário Laginha. Subscreva (no Spotify, Apple e Google) e oiça mais episódios: