A suspensão da ajuda militar dos Estados Unidos à Ucrânia é a "melhor contribuição possível" para alcançar a paz, defendeu esta terça-feira o Kremlin após o anúncio da Casa Branca, dias depois da altercação entre Trump e Zelensky.

"Se os Estados Unidos deixarem de ser (um fornecedor militar à Ucrânia) ou suspenderem estas entregas, esta será provavelmente a melhor contribuição para a paz", disse o porta-voz da presidência russa, Dmitry Peskov.

"Os pormenores ainda estão por ver, mas se for verdade, é uma solução que pode realmente empurrar o regime de Kiev para um processo de paz ", insistiu durante o seu 'briefing' diário, acrescentando a necessidade de saber como "evolui a situação no terreno", e sublinhando que "o principal volume" da ajuda militar à Ucrânia "tem vindo até agora dos Estados Unidos".

Peskov, que foi muito cauteloso na sua declaração, pediu que se aguardasse primeiro a confirmação oficial da decisão e depois que se conhecessem "os pormenores".

Ao mesmo tempo, no entanto, sublinhou que este anúncio "é a maior contribuição para a causa da paz" e que os EUA são o país que mais assistência militar prestou a Kiev desde o início da guerra, há três anos.

A decisão do presidente dos Estados Unidos é a primeira consequência do confronto que teve lugar na sexta-feira passada na Casa Branca entre Donald Trump e o Presidente da Ucrânia, a que o mundo inteiro assistiu em direto.

De acordo com a estação Fox News, citada pela agência Efe, esta medida interrompe a entrega de armas ou equipamentos que já se encontrem em território polaco e prontos para entrega final aos ucranianos.

Trump focado em chegar a acordo de paz?

Na segunda-feira à noite fonte da Casa Branca citada pela Associated Press (AP) referiu que Trump está focado em chegar a um acordo de paz para terminar a guerra que tem mais de três anos e que pretende ter Zelensky comprometido com esse objetivo.

A mesma fonte, que falou sob anonimato, acrescentou que os Estados Unidos estão a "suspender e a rever" a sua ajuda para "garantir que está a contribuir para uma solução".

Uma fonte da Casa Branca citada pela agência France-Presse (AFP), que também confirmou a suspensão da ajuda militar a Kiev, sublinhou que os Estados Unidos "precisam que os seus parceiros também se comprometam a atingir o objetivo" da paz.

O Presidente norte-americano tinha voltado a criticar na segunda-feira o homólogo ucraniano por não estar tão grato como deveria pela ajuda dos Estados Unidos.

"Acho que ele (Zelensky) deveria estar mais grato, porque este país (EUA) apoiou-os contra todas as probabilidades", disse Trump numa cerimónia na Casa Branca, onde na passada sexta-feira repreendeu publicamente Zelensky durante a visita a Washington do Presidente ucraniano.

Com Lusa.