A agência das Nações Unidas baseia este número na proporção de crianças que chegam a solo europeu através desta rota migratória --- uma em cada seis --- face às 20.800 pessoas que morreram ou desapareceram nos últimos 10 anos.

Este número pode estar subestimado porque muitos naufrágios passam despercebidos devido à falta de sobreviventes para testemunhar.

Além disso, sete em cada 10 crianças viajam sozinhas, sem os pais, de acordo com a agência da ONU dedicada às crianças.

"Muitas crianças que tentam atravessar o Mediterrâneo Central estão a fugir da guerra, do conflito, da violência e da pobreza", refere o relatório, acrescentando que "mais de metade das crianças e jovens inquiridos relataram ter sofrido violência física e um terço denunciou ter sido detido" contra a sua vontade.

"Os governos devem proteger os direitos e os melhores interesses das crianças. Os direitos consagrados na Convenção sobre os Direitos da Criança não se limitam às fronteiras ou às praias; acompanham as crianças em toda a travessia", afirmou a coordenadora da Unicef Regina De Dominicis, citada no relatório.

A agência da ONU sublinha ainda que, embora a adoção do Pacto Europeu sobre Migração e Asilo, que deverá entrar em vigor em meados de 2026, "possa ajudar a organizar melhor a gestão da migração, deve ser implementado em total conformidade com as obrigações legais para proteger os melhores interesses das crianças".

A Unicef apela também ao reforço das operações de busca e salvamento no mar, tendo em conta as necessidades específicas das crianças.

"Ao chegar, cada criança deve receber imediatamente representação legal e medidas de proteção rigorosas. As medidas de restrição de circulação nunca devem permitir que uma criança seja detida num centro de detenção, seja durante o rastreio, a passagem da fronteira, o pedido de asilo ou os procedimentos de regresso", conclui a Unicef.

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