
No início desta semana, a Câmara Municipal de Lisboa (CML) confirmou o abate de 25 jacarandás e a transplantação de outras 22 na sequência da construção de um parque de estacionamento subterrâneo na Avenida 5 de Outubro.
A iniciativa gerou uma onda de indignação que levou à criação de uma petição online. Até à data, mais de 50 mil pessoas já assinaram o documento contra o abate das árvores naquela zona da capital.
Nos últimos dias, Carlos Moedas veio a público dizer que o projeto fora aprovado “muito antes” da sua chegada à Câmara Municipal de Lisboa e que nada tinha a ver com este Executivo. Nas suas palavras, a luz verde para a construção do parque de estacionado teria sido garantida durante o mandato de Fernando Medina quando esteve à frente da autarquia lisboeta.
Para mitigar os efeitos da iniciativa, Carlos Moedas garantiu que chegou a acordo com o promotor do parque de estacionamento para que assegurasse a plantação de 200 jacarandás na cidade de Lisboa.
Documentos desmentem Carlos Moedas
No entanto, de acordo com o relatório de passagem de pasta dos pelouros do Planeamento e Urbanismo da autarquia, a que a SIC teve acesso, o projeto apresentado pelo promotor do parque de estacionamento não foi aceite pelo município e, por isso, não houve acordo, ao contrário do que diz Carlos Moedas.
"Haviam múltiplas soluções que passariam pelo não abate das árvores"
Na quarta-feira, durante a reunião pública da Câmara Municipal de Lisboa (CML), Pedro Anastácio do PS esclareceu que “do ponto de vista político, não havia uma única árvore em perigo” e explicou que houve “um erro na medição”, que resultou num impacto nas jacarandás.
Em entrevista à SIC Notícias, o socialista explica que, na altura, o promotor apresentou uma proposta para contornar o "erro de medição" que implicava o abate das jacarandás e que foi rejeitada pelo anterior município.
"Existindo esse erro, era positivo que o Sr. presidente Carlos Moedas ter uma perspetiva da sua resolução. Agora a solução a que chegou e encontrou final dos abate das árvores apenas responsabiliza o próprio", afirma.
"Nos termos do regulamento municipal do arvoredo, os abates acontecem apenas com autorização expresso do Sr. presidente da Câmara", acrescenta.
Segundo Pedro Anastácio, não existia qualquer árvore em perigo e a principal intenção do projeto passava pela proteção das mesmas. Diz que se trata de uma questão técnica e não política e que existiam inúmeras outras soluções que não incluíam o abate das jacarandás.
"A solução que Carlos Moedas implementou e que o responsabiliza a si próprio é o abate das árvores", refere Pedro Anastácio.