A situação humanitária na Faixa de Gaza é "provavelmente a pior desde o início da guerra" entre Israel e o movimento islamita palestiniano Hamas, alertou hoje o Gabinete das Nações Unidas para os Assuntos Humanitários (OCHA).

"A situação humanitária é agora, provavelmente, a pior desde o início das hostilidades, há 18 meses", afirmou o OCHA num comunicado, referindo que as últimas passagens de abastecimento autorizadas datam de há um mês e meio, "a interrupção mais longa até à data" da entrega de ajuda humanitária àquele enclave palestiniano.

Israel bloqueou a 02 de março a entrada de ajuda humanitária na Faixa de Gaza, encerrando todos os postos de passagem fronteiriça para o pequeno território palestiniano, e retomou as suas operações militares a 18 de março, pondo fim a um cessar-fogo de dois meses.

A ajuda humanitária tornou-se "a principal fonte de rendimento" do Hamas em Gaza, afirmou o ministro dos Negócios Estrangeiros israelita, Gideon Saar, para justificar a medida.

"Devido ao encerramento dos postos de passagem, reforçado pelas restrições no interior de Gaza, a escassez de provisões obrigou as autoridades a racionar e a reduzir as entregas", denunciou o OCHA.

Israel declarou a 07 de outubro de 2023 uma guerra na Faixa de Gaza para "erradicar" o Hamas, horas depois de este ter realizado em território israelita um ataque de proporções sem precedentes, matando cerca de 1.200 pessoas, na maioria civis, e sequestrando 251.

A guerra naquele território palestiniano fez, até agora, mais de 50.980 mortos, na maioria civis, incluindo mais de 18.000 crianças, e mais de 111.000 feridos, além de cerca de 11.000 desaparecidos, presumivelmente soterrados nos escombros, e mais alguns milhares que morreram de doenças, infeções e fome, de acordo com números atualizados das autoridades locais, que a ONU considera fidedignos.

Há muito que a ONU declarou a Faixa de Gaza mergulhada numa grave crise humanitária, com mais de 1,1 milhões de pessoas numa "situação de fome catastrófica", a fazer "o mais elevado número de vítimas alguma vez registado" pela organização em estudos sobre segurança alimentar no mundo.

E, no final de 2024, uma comissão especial da ONU acusou Israel de genocídio naquele território palestiniano e de estar a utilizar a fome como arma de guerra - acusação logo refutada pelo Governo israelita, mas sem apresentar quaisquer argumentos.