"Acredito que podemos encontrar uma solução [para a fronteira], que pode ser uma solução política, porque nem tudo é baseado nos tratados internacionais. O tratado feito por Portugal e a Holanda há mais de 100 anos e o terreno que falamos, não tem o tamanho de um campo de futebol", afirmou José Ramos-Horta.

A finalização da fronteira terrestre com a Indonésia ainda não está concretizada devido a denúncias feitas pela comunidade de Naktuka, em Oescussi, que acusa os técnicos de lhes terem retirado 270 hectares de terra arável, que passou para a Indonésia, sem terem sido consultados.

Aquela comunidade admite não entregar as terras à Indonésia, explicando que aquela zona pertencia a Portugal antes da ocupação indonésia, em 1975, devido a um tratado assinado entre portugueses e holandeses em 1859 e complementado pela Convenção de Haia de 1904.

"Nesse espaço de terreno ainda por resolver quase todos são timorenses. Timorenses do lado Oecussi e timorenses que vivem do outro lado. São todos famílias, são timorenses. Podemos encontrar uma solução política, inteligente, e não ficarmos soterrados em legalismos históricos", disse o Presidente timorense.

O Presidente timorense, que falava à margem de uma visita ao Tribunal de Recurso, disse também que em "negociações de fronteira marítima e terrestre há soluções criativas para resolver um pequeno diferendo".

Recentemente, o primeiro-ministro timorense, Xanana Gusmão, em visita a Oecussi reafirmou a posição de Timor-Leste de delimitar a fronteira em Naktuka, com base no tratado assinado entre Portugal e os Países Baixos.

Em relação à fronteira marítima, o Presidente timorense recordou que a Indonésia aceitou há mais um ano iniciar negociações sobre as fronteiras marítimas sem concluídas as negociações para encerrar as "pequenas diferenças que há em relação à fronteira terrestre".

"Os contactos estão a continuar com o novo Presidente Prabowo e com o primeiro-ministro, Xanana", acrescentou o chefe de Estado.

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