"Nós todos na Europa temos de estar cientes de que este é um objetivo que está hoje nas prioridades políticas de cada um de nós, de cada um dos Estados-membros e da Europa como um todo", disse Luís Montenegro.

Falando em Bruxelas à margem do primeiro retiro de líderes da União Europeia (UE), iniciativa criada para debates mais informais entre os chefes de Governo e de Estado europeus e dedicada à área da segurança e defesa, o primeiro-ministro português elencou: "Nós temos uma guerra em território europeu, nós temos a nossa defesa e segurança ameaçadas em vários domínios, nós próprios em Portugal, é um dos pontos que está hoje muito presente, a defesa das nossas infraestruturas coletivas".

Luís Montenegro exemplificou: "Nós, por exemplo, na área marítima, temos uma ameaça grande por quanto passam no nosso território, na nossa zona marítima e na nossa zona exclusiva, vários dos cabos marinhos que ligam, do ponto de vista das comunicações, a Europa com o continente americano e não só".

Para suportar os avultados investimentos nesta área, o chefe de Governo português defendeu, como tem vindo a fazer, "um modelo semelhante àquele que esteve em cima da mesa quando da crise da pandemia e com a recuperação, o processo de recuperação económico subsequente", referindo-se ao Plano de Recuperação e Resiliência (PRR), assente numa emissão de dívida conjunta na UE.

"O Governo português defende um PRR para a área da defesa, é isto que quer dizer. Um instrumento comum que pode passar eventualmente por dívida comum, que possa servir como o alicerce para sermos efetivamente consequentes, porque senão daqui a dois ou três anos ainda estamos a discutir as mesmas coisas", precisou.

Decorre hoje no Palácio d'Egmont (local independente e que não pertence a qualquer instituição europeia) o primeiro retiro de chefes de Governo e de Estado da UE, numa iniciativa para promover o diálogo informal entre os altos responsáveis europeus sem a pressão de chegar a conclusões ou decisões, como acontece nas cimeiras europeias regulares.

"Esta é uma reunião informal que não tem um conteúdo decisório, mas é muito importante [...] no sentido de, em primeiro lugar, sermos rápidos e, em segundo lugar, termos os instrumentos para podermos ser rápidos e consequentes, nomeadamente do ponto de vista financeiro", concluiu Luís Montenegro.

Quando existe um sentimento comum de urgência entre os Estados-membros e um consenso de que a UE necessita de reforçar as suas capacidades de defesa e segurança e investir mais nesta área, este encontro informal visa passar a mensagem de que esta aposta está agora na agenda comunitária, numa altura de tensões geopolíticas como no Médio Oriente e na Ucrânia e de uma nova era da política norte-americana.

Cálculos da Comissão Europeia divulgados em junho passado revelam que são necessários investimentos adicionais na defesa de cerca de 500 mil milhões de euros durante a próxima década.

ANE // JPS

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