Isabel Jonet, presidente do Banco Alimentar Contra a Fome, revela que o perfil das famílias que pedem apoio tem vindo a alterar-se nos últimos anos. Atualmente, as famílias monoparentais, cujas pessoas são, em muitos casos, qualificadas, são quem mais necessita de auxílio.

Isabel Jonet, em declarações à SIC, aponta que o perfil das famílias que pedem ajuda à instituição "alterou-se bastante" nos últimos anos.

Antes, os pedidos de ajuda eram feitos, maioritariamente, por idosos com baixas pensões, algo que se mantém, mas aos quais se somam agora trabalhadores no ativo cujos salários não chegam para fazer face às despesas:

"Isso é muito preocupante porque significa que a economia não está a conseguir retribuir aos trabalhadores o valor daquilo que é o seu trabalho, e isto significa que, muitas vezes, são famílias mais novas e são famílias com crianças. Isso é realmente muito preocupante."

Especifica que "a maior parte dos pedidos" que chegam ao Banco Alimentar "são de famílias monoparentais, muitas vezes mulheres com filhos".

Acrescenta que hoje em dia muitas pessoas qualificadas necessitam de ajuda porque "não conseguem sair da pobreza conjuntural, que tem mais que ver com a economia".

Depois do pico de pedidos de auxílio durante a pandemia de covid-19, Isabel Jonet constata que ainda não houve "um abrandamento" e defende que as medidas sociais de apoio às famílias, implementadas pelo atual e anteriores Governos, "deveriam ter tido mais impacto".

"Há fatores externos que não advêm só dos baixos salários, mas advêm de todo um conjunto de circunstâncias como o aumento dos juros, ou o aumento da inflação que tivemos no ano passado e que faz com que estas famílias não consigam sair do patamar que as coloca em situações de grande fragilidade", clarifica.

O Banco Alimentar Contra a Fome fornece alimentos a cerca de 4% da população portuguesa.