O líder do PS pediu esta quinta-feira "consequências políticas" ao primeiro-ministro e à ministra da Saúde pela "incompetência e negligência graves" no caso da greve dos técnicos de emergência, considerando incompreensível se o Presidente da República ficar em silêncio. "As consequências desta incompetência e desta negligência foram graves, são conhecidas, são 11 mortes e o que se impõe agora é saber o que é que o senhor primeiro-ministro vai fazer, o que é que a senhora ministra vai fazer, que consequências retira deste relatório", questionou Pedro Nuno Santos.

O secretário-geral socialista falava em conferência de imprensa, na sede nacional do PS, Lisboa, sobre o relatório preliminar da Inspeção Geral das Atividades em Saúde (IGAS) que concluiu que o Ministério da Saúde não informou INEM que haveria uma greve dos técnicos de emergência. Para o líder do PS, Montenegro não pode continuar "a assobiar para o lado" e tem que prestar declarações e enfrentar os "portugueses e a comunicação social".

"Mas também o que é que o senhor Presidente da República vai dizer sobre este caso porque o senhor Presidente da República, durante grande parte dos seus mandatos, foi sempre, e bem, muito exigente com os ministros dos governos do PS", pediu ainda. Para Pedro Nuno Santos, "esta é uma situação de tal forma grave que não se compreenderá o silêncio também do senhor Presidente da República sobre este tema".

"Uma morte é demais. Onze mortes é uma dor que não pode passar em vão. Nós não sabemos se era possível ter evitado as 11 mortes. O que sabemos é que um político, um governante, deve fazer tudo o que está ao seu alcance para evitar mortes", lamentou. Sabendo que "infelizmente isso não foi feito", para o líder do PS a "situação é grave" e por isso espera que o Governo, a ministra da Saúde e o primeiro-ministro "retirem consequências políticas deste facto".

A inspeção que analisou o impacto da greve dos técnicos de emergência no ano passado concluiu que o INEM ficou impedido de definir os serviços mínimos por não ter recebido atempadamente do Ministério da Saúde os pré-avisos dos sindicatos.

Segundo o relatório preliminar da Inspeção Geral das Atividades em Saúde (IGAS), divulgado na véspera, o INEM "não recebeu atempadamente a comunicação de pré-avisos das greves gerais convocadas para os dias 31 de outubro e 4 de novembro".