
A novidade chegara de Paris: desde os finais do século XVIII, ao terminal cada ano, era comum os teatros parisienses colocarem em cena alguns dos pontos altos dos meses anteriores. A moda espalhou-se por várias cidades europeias e não só, e Lisboa não quis ficar de fora: a 11 de Janeiro de 1851 estreava-se, no teatro Gymnasio, a primeira “revista”, apropriadamente intitulada "Lisboa em 1850".
De forma ligeira, eram colocados em cena textos irónicos e acutilantes sobre os costumes, a atualidade política, o meio cultural, mundano e teatral. Não faltou muito até que o género se tornasse extremamente popular.
O século XIX é visto como o século das revoluções. Essas alterações profundas são, desde logo tecnológicas, com o avanço da industrialização, o desenvolvimento dos transportes (como o caminho de ferro) e a generalização da eletricidade, com o início da iluminação noturna, que marcou o início de uma nova vivência urbana.
Mas a revolução é sobretudo humana: um enorme êxodo rural provoca, no espaço de poucas décadas, a emergência de um operariado, dividido entre as grandes correntes de pensamento político (entre as greves, revoltas e associativismo) e mas também o tempo de lazer. Cafés, jardins e os teatros tornam-se em espaços de sociabilidade por excelência.
Entre 1850 e 1920 estrearam-se em Lisboa cerca de 250 peças de teatro musical, um género popular que inclui “revistas”, operetas, zarzuelas e outro tipo de “variedades”. Com o tempo, criaram-se empresários do ramo, vedetas, êxitos musicais e bordões, reconhecíveis por toda a gente, assim como as personagens tipificadas em palco: o político, o bêbado, a sopeira, mas também a varina, o galego ou o saloio.
Neste episódio de Histórias de Lisboa, Miguel Franco de Andrade e o investigador do Instituto de Etnomusicologia da Universidade Nova de Lisboa, Pedro Félix, conversam sobre o teatro musical em Lisboa.
Histórias de Lisboa é um podcast semanal do jornalista da SIC Miguel Franco de Andrade com sonoplastia de Salomé Rita e genérico de Nuno Rosa e Maria Antónia Mendes.
A capa é de Tiago Pereira Santos em azulejo da cozinha do Museu da Cidade - Palácio Pimenta.
Ouça aqui as ‘Histórias de Lisboa’: