
Miguel Morgado
“Eu dei 2-0, que é um resultado típico de um jogo de futebol: Paulo Raimundo não tem ataque, não tem posições políticas públicas plausíveis, tem muitas vulnerabilidades que advêm simultaneamente da sua arqueologia ideológica, do seu posicionamento internacional e do apoio que deu à geringonça. E André Ventura, que também não tem soluções políticas públicas, não sabe falar de soluções políticas públicas. Fala em coisas vagas, sobre a corrupção ou sobre o desastre iminente neste setor da sociedade ou daquele, mas também não tem um programa, não tem um programa de políticas públicas. Pode-se dizer que já teve, quando apareceu tinha um programa liberal de reforma da economia, mas nunca foi eleições com esse programa, antes de haver eleições mudou logo, e portanto agora o que temos é esta coisa vaga de um protesto contra as instituições contra os protagonistas políticos e, às vezes, contra o estado de coisas nas várias políticas públicas - habitação, saúde, educação - mas não tem propostas para apresentar. Portanto mereciam os dois um zero."
Ângela Silva
“Eu acho francamente que André Ventura esteve neste debate com aquela que é a sua arma mais poderosa e foi com essa arma poderosa chamada demagogia que ele conseguiu mais de um milhão de votos. E eu acho que neste debate ele consegue agarrar de novo essa sua característica com alguma eficácia para aquilo que é o seu eleitorado. E começa por fazê-lo relativamente ao caso Pedro Nuno Santos e Luís Montenegro. Porque ele, o que é que faz? Ele cavalga a ideia de como é que os políticos conseguem ter tantas casas e tanto dinheiro. Como é que os políticos chegam a Lisboa sem nada, não sei se é o caso, e passado muito tempo estão cheios de casas e empresas e dinheiro. Isto é o cúmulo da demagogia, eu concordo, mas é assim que ele chegou lá. E é falando assim que ele provavelmente consegue continuar a mobilizar algum do eleitorado que lhe permitiu chegar com 50 deputados à Assembleia da República."
Paulo Baldaia
“As minhas notas são 5 a 3 para o Paulo Raimundo, exatamente porque, havendo nos dois essa dificuldade, são partidos em que um deles tem muitos votos, mas não tem política nenhuma, o outro tem uma ideologia que já provou em muitos lados do mundo que não funciona e tem poucos votos. Mas na verdade, este foi um debate com muito ruído. Ventura está em todos os debates permanentemente a causar o ruído. Este foi o pior de todos os debates, na minha opinião, porque teve muito ruído, sempre muita interrupção. Não se percebia, ao contrário de outros debates em que, concorde-se ou não com o que aquilo que está a ser dito, seja à direita, seja à esquerda, nós vamos percebendo que há ideias e coisas que estão a ser ditas que permitem a quem está a ouvir, se estiver indeciso, passar a decidir de acordo com o que ouve, ou se já decidiu sentir-se confortado com o que está a ouvir do partido que apoia ou o contrário, sentir que tem razão em não apoiar determinado partido. Aqui não houve nada disso."
Maria João Marques
“Eu dei um 4 ao Paulo Raimundo. Achei que esteve francamente mal no debate. A única vez em que me parece que ele esteve... nem não foi bem, foi mais ou menos satisfaz, foi quando disse, e foi só uma frase, ‘eu vivo num bairro periférico’, porque mostrou uma experiência partilhada com o eleitorado potencial. Daria sempre a vitória a André Ventura neste debate porque há transferências de eleitorado entre o PCP e o Chega no eleitorado suburbano, no Alentejo. André Ventura aliás, até penso que estava, ao início, a mostrar alguma deferência, algum respeito por Paulo Raimundo, precisamente por isso, para não hostilizar esse eleitorado que pode já ter votado no PCP. Claramente penso que foi muito mais eficaz André Ventura neste debate, para esse eleitorado que pode estar ali indeciso entre estes dois extremos. Paulo Raimundo foi catastrófico, afundou-se logo no início.”