
Aos 32 anos, Ricardo Alves cumpre a terceira época ao serviço do Tractor Club, emblema da cidade iraniana de Tabriz. O português conta ao Além Fronteiras como é a vida num país que, garante, é bem diferente do que os portugueses acreditam.
Após passagens por alguns campeonatos periféricos, como romeno, o esloveno, o russo e o cazaque, o médio luso, que passou pela formação do FC Porto, ficou pouco recetivo com a mudança para o Irão, mas, agora, afirma com certeza que tem sido uma experiência “gratificante”.
Tractor é sinónimo de Toni, já que o treinador português é visto como “uma lenda” do clube. O técnico marcou tanto o emblema de Tabriz que Ricardo Alves ainda é confundido com o conterrâneo.
"Toda a gente fala do Toni. Algumas pessoas abordam-me e chamam-me de Toni e não de Ricardo", confessa.
No campeonato iraniano encontrou uma competitividade que não esperava. O atleta diz mesmo que não se pode esperar "facilidades" porque pode acontecer "de tudo".
"Temos condições de nível europeu"
O português faz também revelações sobre o clube que representa e aponta que o Tractor proporciona todas as condições de que os jogadores necessitam:
“Temos tudo. Temos condições realmente de nível europeu com hotel dentro do centro de treino, com restaurante, com ginásio, piscina, sauna, três campos de treino.”
Os bons resultados do emblema de Tabriz e o facto de ser, desde que chegou ao Irão, dos “melhores da liga” fazem com que Ricardo Alves seja respeitado e acarinhado pelos adeptos do clube.
O português diz mesmo que essa admiração é sentida no quotidiano.
"As pessoas abordam-me muito na rua. Praticamente, tenho uma vida de treino hotel, hotel treino", revela.
O atleta destaca o fanatismo dos adeptos locais, que se comprova a cada jogo disputado em casa:
"O estádio tem capacidade para cerca de 80 mil pessoas, mas chegamos a meter cerca de 120 mil pessoas . "
A "vida tranquila" e os direitos das mulheres
O trânsito caótico que impera diariamente nas estradas da cidade iraniana é algo que aponta como menos positivo. O português afirma mesmo que “é melhor” não conduzir.
Sobre a vida no Irão, mais precisamente em Tabriz, garante que é totalmente diferente do que se pensa em Portugal. Ricardo Alves assegura que leva “uma vida tranquila” sempre num“ambiente calmo”, mesmo em alturas de maior tensão no país.
O médio-centro constata que, relativamente aos direitos das mulheres, “as coisas já estão a mudar”.
“Vejo muitas mulheres na rua, vejo-as a jantar sozinhas e com amigas. Vejo as coisas a melhorar de forma positiva”, assume.