Uma das primeiras ordens executivas assinadas por Donald Trump, quando regressou à Presidência dos Estados Unidos, foi “restabelecer a liberdade de expressão e acabar com a censura federal”. Mas esta será uma liberdade de expressão restringida àquilo que é definido pelo líder norte-americano, com as agências da administração Trump a limitar e até mesmo proibir o uso de centenas de palavras e expressões.

Mulher, incapacidade, ativismo, antirracismo, designado como homem/mulher à nascença, crise climática, discriminação, diversidade, inclusão, exclusão, feminismo, Golfo do México, discurso de ódio, imigrantes, injustiça, LGBTQ+, homens que têm sexo com homens, saúde mental, minorias, pessoas grávidas, transexual, transgénero, trauma, vítima, sexo.

Estas são algumas das centenas de palavras que estarão a ser proibidas ou limitadas pelas agências da administração Trump, de acordo com o The New York Times, que cita memorandos do Governo norte-americano, orientações oficiais e outros documentos governamentais.

Os documentos ordenam a remoção de algumas destas palavras e expressões de sites oficiais ou a eliminação total de materiais como os escolares. Noutros casos, as agências federais são aconselhadas a ter cautela no uso de certos termos, sem haver uma proibição total.

De acordo com o jornal norte-americano, a presença de algumas expressões foi também utilizada para sinalizar, automaticamente, algumas propostas de subvenções e contratos que poderiam entrar em conflito com as ordens executivas de Trump.

Em meados de fevereiro, a agência Reuters avançou com o caso da ‘Food and Drug Administration’ (Administração de Alimentos e Medicamentos, na tradução literal), que terá pedido aos trabalhadores para pararem de usar palavras como “mulher”, incapacidade” e “idosos” em comunicados externos.

Segundo duas fontes da agência federal, uma lista com o nome “Palavras proibidas” começou a circular no início do mês passado, sem os trabalhadores e chefias saberem quem tinha emitido a diretiva ou o porquê de incluir certas palavras.

Como consequência da diretiva, o CDC: Centers for Disease Control and Prevention (Centros de Controlo e Prevenção de Doenças) retirou informações de saúde disponíveis ao público, tais como dados sobre o VIH e trabalhos de investigação.

Ouvidos pela agência Reuters, especialistas em saúde pública afirmaram que a remoção de certos termos ameaça a capacidade de abordar todos os tipos de necessidades médicas, uma vez que afetam diferentes grupos, incluindo os portadores de VIH e de doenças sexualmente transmissíveis.