Morte de Odair Moniz: Ministério Público destaca "incongruências e inexatidões" em auto elaborado pela PSP

Na acusação do Ministério Público, a que a SIC teve acesso, é referido que o auto de notícia "incongruente" elaborado pela PSP vai ser investigado. Além de não haver qualquer referência a uma arma branca, há novos dados sober a atuação dos agentes da PSP naquela madrugada fatídica.

Armando Franca/ AP

Na acusação do Ministério Público lê-se que o primeiro tiro atingiu Odair Moniz no tórax e o segundo tiro atingiu-o na zona genital e perna direita e quando caiu no chão o outro agente da PSP, com recurso a um bastão ”desferiu uma pancada no corpo" que “rolou e imobilizou-se na posição de decúbito dorsal”.

“Odaír Patriky Moniz Moreno Fernandes morreu em consequência das lesões traumáticas toraco-abdominais, com atingimento do estômago e laceração aórtica, supra descritas e provocadas pelo primeiro projéctil disparado…”, lê-se na acusação a que a SIC teve acesso.

Já o arguido, o agente da PSP, “sabia que a conduta de disparar, por duas vezes, a curta distância do corpo de Odaír Patriky Moniz Moreno Fernandes era apta a atingir o corpo deste. Mais sabia que se um dos projécteis atingisse zonas vitais do corpo de Odaír Patriky Moniz Moreno Fernandes tal acção era apta a provocar a sua morte e disparou o primeiro projéctil ciente da curta distância que os separava e consciente de que esse disparo podia atingir zonas vitais do corpo de Odaír Patriky Moniz Moreno Fernandes tendo em conta que apontou para o tórax e previu que pudesse daí resultar a sua morte”.

"Admitindo a morte de Odaír Patriky Moniz Moreno Fernandes como possível, ainda assim o arguido quis desferir e desferiu disparos sobre aquele e conformou-se com a morte daquele"

Agressões antes de disparos fatais

Os dois policias tentaram prender as mãos de Odair para algemá-lo, mas conseguiu libertar-se. Foi atingido por um bastão e desferiu um pontapé nas costas de um dos polícias. Foi aí, de acordo com a acusação, que o arguido sacou da arma e efetuou dois disparos para o ar e ao tentarem imobilizar Odair envolveram-se num confronto fisico.

Odair atingiu polícia com um murro na cabeça e é aí que ocorrem os tiros fatais: "Estando os corpos do arguido e de Odair próximos, a uma distância entre 20 cm. e 50 cm., o arguido, com o intuito de o afastar de si e poder imobilizá-lo de imediato, apontou em frente para a zona
do tórax de Odair e disparou um tiro que atingiu este na zona anterior esquerda do tórax".

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