O candidato presidencial moçambicano Venâncio Mondlane escreveu uma carta ao Presidente da República e a líderes partidários portugueses a confirmar que regressará ao país na quinta-feira. Chegada que está prevista acontecer pelas 8h05 (6h05 em Lisboa) no Aeroporto Internacional de Maputo.

"Não obstante os riscos associados, tomei a decisão de regressar ao meu país para continuar de perto a defender os valores democráticos e os direitos dos moçambicanos ao exercício da liberdade e participação políticas", pode ler-se na missiva enviada aos líderes partidários, a que o Expresso teve acesso.

Mondlane sublinha que o momento marca o "encerramento de uma etapa" do processo político e eleitoral no país e o "início de outra", na sequência das eleições a 9 de outubro e da contestação dos resultados oficiais. "Apesar de evidências de graves irregularidades e elementos probatórios de fraude, a Comissão Nacional de Eleições e o Conselho Constitucional de Moçambique validaram os resultados e consagraram vencedor o partido no poder e o seu candidato", critica.

O candidato derrotado explica que encetou "esforços" para reivindicar a "verdade eleitoral", mas as autoridades reagiram "violenta e desproporcionadamente" às manifestações e após "três tentatvas de assassinato" viu-se obrigado a exilar-se no dia 21 de outubro para salvaguardar a sua segurança.

Agradecendo a "solidariedade" manifestada por Portugal, Mondlane apela ainda à continuação do apoio através de "meios institucionais", "diplomáticos", entre outros, de forma a garantir a segurança durante o seu regresso ao país.

Na segunda-feira, o ministro dos Negócios Estrangeiros português, Paulo Rangel, disse esperar que Venâncio Mondlane seja um "fator de estabilização, de pacificação e de reconciliação nacional", quando o novo Presidente moçambicano, Daniel Chapo, se prepara para ser empossado no próximo dia 15.