"Temos um défice de cerca de 12.000 professores e isso impõe um desafio grande", disse o porta-voz do Conselho Ministros, Inocêncio Impissa, após uma sessão do órgão, em Maputo, respondendo a perguntas de jornalistas face às novas contratações para o setor de educação para evitar que se acumulem horas extraordinárias.
O porta-voz do Governo disse que, em média, cerca de um milhão de novos ingressos são admitidos no sistema nacional para o ensino primário e secundário e reconheceu que a contratação de novos professores não vai suprir o défice em todo o país.
"Para além de admitir novos professores que eventualmente não serão nessa quantidade [cerca de 12.000] neste ano, haverá necessidade de sobrecarregar alguns professores, e é por esta razão que temos o problema das horas extras, que é para cobrir o défice que temos de professores", disse Inocêncio Impissa.
O porta-voz do Governo assegurou que estão criadas as condições para o arranque do ano letivo 2025, não obstante os desafios referentes à insuficiência de infraestruturas, com salas destruídas durante manifestações pós-eleitorais e outras pelos ciclones Chido e Dikeledi, que afetaram sobretudo a região norte de Moçambique.
O balanço do Instituto Nacional de Gestão de Risco de Desastres (INGD), com dados até 18 de janeiro, aponta para 129 escolas afetadas pelo ciclone Dikeledi, nomeadamente 371 salas de aula, e, por consequência, 807 professores, mas também 67 quilómetros de estrada, 115 embarcações danificadas e 2.278 postes de média tensão tombados, após a passagem da tempestade em 13 deste mês no norte do país.
Moçambique é considerado um dos países mais severamente afetados pelas alterações climáticas no mundo, enfrentando ciclicamente cheias e ciclones tropicais durante a época chuvosa, que decorre entre outubro e abril.
O país vive desde 21 de outubro um clima de forte agitação social, protestos, manifestações e paralisações, convocadas por Venâncio Mondlane, com confrontos violentos entre a polícia e os manifestantes, que provocaram pelo menos 315 mortos, incluindo cerca de duas dezenas de menores, e cerca de 750 pessoas baleadas, de acordo com a plataforma eleitoral Decide, organização não-governamental que monitoriza os processos eleitorais.
PYME(LN) // MLL
Lusa/Fim