
A principal astrobióloga da missão da NASA que vai explorar a maior lua de Saturno acredita que a China irá ganhar aos Estados Unidos e ser o primeiro país a trazer amostras de Marte.
"A China fez enormes progressos e até aposto que serão os primeiros a trazer amostras de Marte", disse Catherine Neish, professora na Universidade do Leste do Ontário, no Canadá.
No início de março, o responsável pelo desenho das sondas chinesas para Marte, Sun Zezhou, disse que a China continua a fazer progressos na missão Tianwen-3, que deverá trazer amostras do planeta vermelho por volta de 2030.
A recolha de amostras poderá pôr fim à especulação científica e "indicar que existe ou existiu vida em Marte", sublinhou Catherine Neish.
A Tianwen-3 terá como objetivo aterrar e recolher amostras num único ponto do planeta vermelho, dando prioridade a diversas regiões geológicas como Chryse Planitia e Utopia Planitia, de um total de 86 localizações possíveis.
Estas áreas, que incluem linhas costeiras, deltas e lagos antigos, são consideradas candidatas à procura de possíveis formas de vida preservadas nos seus sedimentos.
Neish é a líder da equipa de astrobiologia da missão Dragonfly, da NASA, que deverá partir da Terra em 2027, com destino à lua Titã, que, segundo estudos, poderá também ter condições para suportar vida.
NASA analisa 2 alternativas para trazer amostras recolhidas por robô em Marte
Em janeiro, a agência aeroespacial dos Estados Unidos anunciou que está a considerar duas opções para realizar a complicada e dispendiosa tarefa de transportar para a Terra as amostras de solo marciano recolhidas pelo robô Perseverance em 2021, algumas envolvendo parcerias com privados.
As opções iriam custar entre 5,8 e 7,7 mil milhões de dólares (entre 5,1 e 6,8 mil milhões de euros) e trazer as amostras para a Terra entre 2035 e 2039, disse o então administrador cessante da NASA, Bill Nelson.
Mas Neish admitiu que esta missão "está em terreno instável" e recordou que o Governo dos Estados Unidos pretende, na proposta de Orçamento para 2026, cortar em 47% o financiamento da NASA para investigação científica.
A canadiana falava à margem de uma sessão, dedicada ao papel do continente asiático na exploração espacial, da Cimeira das Universidades da Ásia, que decorreu na região semiautónoma chinesa de Macau.
"Marte é o planeta mais parecido com a Terra"
No início de março, Sun Zezhou, advertiu que a missão em Marte coloca desafios únicos, principalmente "devido à sua distância da Terra" e às "grandes diferenças em relação à Lua".
"Marte é o planeta mais parecido com a Terra, por isso o mundo quer explorá-lo", disse o representante da empresa estatal Corporação de Ciência e Tecnologia Aeroespacial da China (CASC)
A China tem investido fortemente no seu programa espacial nos últimos anos, tendo alcançado marcos como a aterragem da sonda Chang'e 4 no lado mais distante da Lua, a aterragem em Marte e a construção da estação espacial Tiangong.
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